|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Diretoria convoca atleta com o pretexto de questionar as recentes críticas e negocia, à surdina, novas bases salariais
Corinthians abafa rebeldia de Marcelinho
MARÍLIA RUIZ
ENVIADA ESPECIAL A BRAGANÇA PAULISTA
Mesmo ausente do jogo-treino
entre Corinthians e Bragantino, o
meia-atacante Marcelinho se tornou o assunto mais debatido ontem em Bragança Paulista.
O jogador viajou a São Paulo,
chamado pelo vice-presidente de
futebol do clube, Antonio Roque
Citadini, para se explicar. A versão oficial do clube é que o dirigente não gostou das críticas que
o atleta fez, acusando a diretoria
de ser lenta nas contratações.
Mas a Folha apurou que a reunião marcada às pressas não era
só por isso. Citadini chamou o jogador para acertar novas bases salariais. Desde que o Cruzeiro
anunciou a contratação de Rincón por US$ 100 mil por mês, o jogador tem reivindicado que seus
R$ 120 mil mensais sejam engordados. Se possível, em dólar. Mas
isso está fora de questão.
"Precisa chegar gente para dividir a responsabilidade. Todos os
clubes estão se reforçando. O Cruzeiro está com um baita time. Se o
HMTF [fundo dos EUA, parceiro
do clube mineiro e do Corinthians" tem dinheiro para lá, tem
que ter para cá também", disse
Marcelinho na segunda-feira.
O reajuste, que não teve suas
bases reveladas, não chega a ser
grande coisa, mas já resolve uma
parte do incêndio. Agora, os dirigentes vão tratar de não deixar a
onda de "rebeldia" se alastrar: o
Corinthians não poderia bancar,
e o HMTF não aceita pagar.
Citadini, então, resolveu chamar Marcelinho para uma reunião antes que o clima em Extrema (MG) -onde a delegação faz
pré-temporada- piorasse. Além
de Marcelinho, Ricardinho, outro
líder da equipe, também já reclamou da falta de reforços.
"Os jogadores tem que se preocupar em treinar e não em contratar. Cada um faz o seu trabalho", disse o dirigente, em referência à reclamação de Marcelinho, motivo oficial do encontro.
Citadini também afirmou ter
deixado claro que o contrato do
HMTF com o Corinthians não
tem nenhuma relação com o contrato do parceiro com o Cruzeiro.
"Cada um tem o seu contrato.
Além disso, o Cruzeiro é um time
que se desfaz de seus jogadores
com frequência. Por exemplo,
acabou de vender o Geovanni [ao
Barcelona" por US$ 18 milhões",
disse o vice-presidente do clube.
Sobre a segunda declaração de
Marcelinho, considerada "imprópria", o dirigente não se manifestou -o jogador reclamou por ter
sido informado pela imprensa
que estava suspenso e não poderia jogar a partida de estréia da
Copa Mercosul, dia 26, contra o
Colo Colo, no Chile.
"Eu sou sempre o último a saber
de tudo. Isso é muita falta de organização", declarou o meia-atacante na ocasião.
Mas, se o dirigente não comentou o problema, o técnico Wanderley Luxemburgo endossou as
palavras do jogador. "Eu também
só soube ontem [anteontem".
Prejudica um pouco, pois eu estava contando com ele e com o Rodrigo Pontes", disse o treinador.
Os dois atletas estão suspensos
por terem sido expulsos na última
partida da primeira fase da edição
2000 da Mercosul.
Luxemburgo ainda se eximiu de
qualquer responsabilidade no
atrito entre Marcelinho e a diretoria. "Não tenho nada a ver com isso. Não sei de nada", afirmou.
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Inconformado com a reserva, Gléguer reclama Índice
|