São Paulo, quinta-feira, 19 de julho de 2001

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FUTEBOL

Diretoria convoca atleta com o pretexto de questionar as recentes críticas e negocia, à surdina, novas bases salariais

Corinthians abafa rebeldia de Marcelinho

MARÍLIA RUIZ
ENVIADA ESPECIAL A BRAGANÇA PAULISTA

Mesmo ausente do jogo-treino entre Corinthians e Bragantino, o meia-atacante Marcelinho se tornou o assunto mais debatido ontem em Bragança Paulista.
O jogador viajou a São Paulo, chamado pelo vice-presidente de futebol do clube, Antonio Roque Citadini, para se explicar. A versão oficial do clube é que o dirigente não gostou das críticas que o atleta fez, acusando a diretoria de ser lenta nas contratações.
Mas a Folha apurou que a reunião marcada às pressas não era só por isso. Citadini chamou o jogador para acertar novas bases salariais. Desde que o Cruzeiro anunciou a contratação de Rincón por US$ 100 mil por mês, o jogador tem reivindicado que seus R$ 120 mil mensais sejam engordados. Se possível, em dólar. Mas isso está fora de questão.
"Precisa chegar gente para dividir a responsabilidade. Todos os clubes estão se reforçando. O Cruzeiro está com um baita time. Se o HMTF [fundo dos EUA, parceiro do clube mineiro e do Corinthians" tem dinheiro para lá, tem que ter para cá também", disse Marcelinho na segunda-feira.
O reajuste, que não teve suas bases reveladas, não chega a ser grande coisa, mas já resolve uma parte do incêndio. Agora, os dirigentes vão tratar de não deixar a onda de "rebeldia" se alastrar: o Corinthians não poderia bancar, e o HMTF não aceita pagar.
Citadini, então, resolveu chamar Marcelinho para uma reunião antes que o clima em Extrema (MG) -onde a delegação faz pré-temporada- piorasse. Além de Marcelinho, Ricardinho, outro líder da equipe, também já reclamou da falta de reforços.
"Os jogadores tem que se preocupar em treinar e não em contratar. Cada um faz o seu trabalho", disse o dirigente, em referência à reclamação de Marcelinho, motivo oficial do encontro.
Citadini também afirmou ter deixado claro que o contrato do HMTF com o Corinthians não tem nenhuma relação com o contrato do parceiro com o Cruzeiro.
"Cada um tem o seu contrato. Além disso, o Cruzeiro é um time que se desfaz de seus jogadores com frequência. Por exemplo, acabou de vender o Geovanni [ao Barcelona" por US$ 18 milhões", disse o vice-presidente do clube.
Sobre a segunda declaração de Marcelinho, considerada "imprópria", o dirigente não se manifestou -o jogador reclamou por ter sido informado pela imprensa que estava suspenso e não poderia jogar a partida de estréia da Copa Mercosul, dia 26, contra o Colo Colo, no Chile.
"Eu sou sempre o último a saber de tudo. Isso é muita falta de organização", declarou o meia-atacante na ocasião.
Mas, se o dirigente não comentou o problema, o técnico Wanderley Luxemburgo endossou as palavras do jogador. "Eu também só soube ontem [anteontem". Prejudica um pouco, pois eu estava contando com ele e com o Rodrigo Pontes", disse o treinador.
Os dois atletas estão suspensos por terem sido expulsos na última partida da primeira fase da edição 2000 da Mercosul.
Luxemburgo ainda se eximiu de qualquer responsabilidade no atrito entre Marcelinho e a diretoria. "Não tenho nada a ver com isso. Não sei de nada", afirmou.



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