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FUTEBOL
Diretoria do clube, apoiada em declarações do goleiro, pode multá-lo, suspendê-lo, negociá-lo e processá-lo
São Paulo aponta arsenal jurídico contra Rogério
EDUARDO ARRUDA
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Rogério Ceni deve receber nos
próximos dias o maior bombardeio de sua carreira como goleiro.
O São Paulo tem um arsenal jurídico pronto para atacar o jogador,
que pode não atuar mais no clube.
O time do Morumbi tem engatilhados processos administrativo,
trabalhista, cível e criminal contra
Rogério. O goleiro anunciou anteontem que permaneceria no
São Paulo, mas queria retratação
do presidente do clube, Paulo
Amaral. Não haverá retratação,
mas a retaliação está pronta.
O dirigente são-paulino, tratado
como mentiroso por Rogério em
entrevista à rádio Jovem Pan, estuda processar o goleiro pessoalmente por calúnia e difamação.
O São Paulo, cuja diretoria foi
chamada de inerte pelo goleiro,
pode processar, multar, suspender o contrato ou negociar o atleta, que, tentando explicar suposto
interesse do Arsenal em seu futebol, entrou em contradição.
A diretoria está de posse de fitas
e textos com declarações de Rogério ofensivas ao clube e a Amaral.
Após a partida em que o São
Paulo goleou o Coritiba por 4 a 1,
o goleiro teve discussão ríspida
com José Dias, diretor de futebol,
no ônibus do time e esteve a ponto de agredi-lo fisicamente.
A disputa entre Rogério e São
Paulo revoltou grande parte da
torcida são-paulina, mas uniu
forças políticas em torno de Paulo
Amaral. Mesmo líderes da oposição concordam que o goleiro teria
exagerado na insubordinação.
Sem proposta para sair do São
Paulo, Rogério, na entrevista que
deu anteontem para anunciar seu
futuro, não conseguiu provar que
o Arsenal lhe fez uma oferta em
abril, como havia alardeado para
ter aumento de salário.
O goleiro disse que cumprirá
seu contrato com o São Paulo, até
2004, pela torcida. Mas a diretoria
pode abortar esse plano.
Segundo a Folha apurou, já na
quinta-feira passada Rogério estava decidido a permanecer no
clube, pois percebeu que o clima
estava desfavorável a ele -o São
Paulo tem fax em que o Arsenal
nega o interesse por Rogério.
A diretoria não aumentou o salário de Rogério, de R$ 130 mil,
porque não teve proposta oficial
pelo atleta -o jogador queria R$
600 mil a mais por ano.
Segundo Rogério, o conselheiro
Pérsio Rainho, que não aparecia
em sua primeira versão para o caso, foi quem o procurou para falar
do interesse do Arsenal. Rainho
diz que nunca viu a suposta proposta dos ingleses, pois essa teria
sido apenas uma sondagem.
A diretoria teria preferência em
negociar Rogério para lucrar R$
13 milhões -na coletiva, o goleiro disse que, "se o São Paulo não
quiser o Rogério, o São Paulo é
que tem que resolver a questão".
O goleiro disse ontem, no CT,
que não falaria mais no assunto.
Paulo Amaral era esperado ontem na apresentação do ex-goleiro Zetti, novo técnico do time júnior, mas não compareceu.
Gislaine Nunes, advogada de
Rogério que calcula em R$ 1,48
milhão a multa rescisória do goleiro com o clube, também poderia ser processada pelo São Paulo.
"Vão nos processar? Que bom.
Mas eles [dirigentes são-paulinos]
não demonstraram nada ainda",
disse a advogada ontem à Folha.
Gislaine não disse se irá em
frente com a ameaça de acionar
Paulo Amaral judicialmente, uma
vez que o dirigente não se retratará publicamente. "Estou aguardando um pronunciamento oficial do presidente. Quero ver também como o Rogério será tratado
no clube daqui para a frente."
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