São Paulo, quinta-feira, 19 de julho de 2001

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FUTEBOL

Diretoria do clube, apoiada em declarações do goleiro, pode multá-lo, suspendê-lo, negociá-lo e processá-lo

São Paulo aponta arsenal jurídico contra Rogério

EDUARDO ARRUDA
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Rogério Ceni deve receber nos próximos dias o maior bombardeio de sua carreira como goleiro. O São Paulo tem um arsenal jurídico pronto para atacar o jogador, que pode não atuar mais no clube.
O time do Morumbi tem engatilhados processos administrativo, trabalhista, cível e criminal contra Rogério. O goleiro anunciou anteontem que permaneceria no São Paulo, mas queria retratação do presidente do clube, Paulo Amaral. Não haverá retratação, mas a retaliação está pronta.
O dirigente são-paulino, tratado como mentiroso por Rogério em entrevista à rádio Jovem Pan, estuda processar o goleiro pessoalmente por calúnia e difamação.
O São Paulo, cuja diretoria foi chamada de inerte pelo goleiro, pode processar, multar, suspender o contrato ou negociar o atleta, que, tentando explicar suposto interesse do Arsenal em seu futebol, entrou em contradição.
A diretoria está de posse de fitas e textos com declarações de Rogério ofensivas ao clube e a Amaral.
Após a partida em que o São Paulo goleou o Coritiba por 4 a 1, o goleiro teve discussão ríspida com José Dias, diretor de futebol, no ônibus do time e esteve a ponto de agredi-lo fisicamente.
A disputa entre Rogério e São Paulo revoltou grande parte da torcida são-paulina, mas uniu forças políticas em torno de Paulo Amaral. Mesmo líderes da oposição concordam que o goleiro teria exagerado na insubordinação.
Sem proposta para sair do São Paulo, Rogério, na entrevista que deu anteontem para anunciar seu futuro, não conseguiu provar que o Arsenal lhe fez uma oferta em abril, como havia alardeado para ter aumento de salário.
O goleiro disse que cumprirá seu contrato com o São Paulo, até 2004, pela torcida. Mas a diretoria pode abortar esse plano.
Segundo a Folha apurou, já na quinta-feira passada Rogério estava decidido a permanecer no clube, pois percebeu que o clima estava desfavorável a ele -o São Paulo tem fax em que o Arsenal nega o interesse por Rogério.
A diretoria não aumentou o salário de Rogério, de R$ 130 mil, porque não teve proposta oficial pelo atleta -o jogador queria R$ 600 mil a mais por ano.
Segundo Rogério, o conselheiro Pérsio Rainho, que não aparecia em sua primeira versão para o caso, foi quem o procurou para falar do interesse do Arsenal. Rainho diz que nunca viu a suposta proposta dos ingleses, pois essa teria sido apenas uma sondagem.
A diretoria teria preferência em negociar Rogério para lucrar R$ 13 milhões -na coletiva, o goleiro disse que, "se o São Paulo não quiser o Rogério, o São Paulo é que tem que resolver a questão".
O goleiro disse ontem, no CT, que não falaria mais no assunto. Paulo Amaral era esperado ontem na apresentação do ex-goleiro Zetti, novo técnico do time júnior, mas não compareceu.
Gislaine Nunes, advogada de Rogério que calcula em R$ 1,48 milhão a multa rescisória do goleiro com o clube, também poderia ser processada pelo São Paulo.
"Vão nos processar? Que bom. Mas eles [dirigentes são-paulinos] não demonstraram nada ainda", disse a advogada ontem à Folha.
Gislaine não disse se irá em frente com a ameaça de acionar Paulo Amaral judicialmente, uma vez que o dirigente não se retratará publicamente. "Estou aguardando um pronunciamento oficial do presidente. Quero ver também como o Rogério será tratado no clube daqui para a frente."


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