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FUTEBOL
Superesquema de proteção montado para o Brasil não impede assédio dos torcedores no local de treinos da equipe
Tietes atormentam segurança da seleção
FÁBIO VICTOR
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A CALI
A cena se repete no final de todos os treinos da seleção do Brasil
no CT do América de Cali.
Basta que os jogadores sejam liberados para que estoure a boiada: adolescentes perfumadas,
crianças, famílias inteiras invadem a pista ao lado do gramado e
se põem a pedir autógrafos, tirar
fotos, apalpar e conversar com os
atletas brasileiros.
Tudo normal, em se tratando de
seleção brasileira, não fosse um
detalhe. A tietagem passou a ser
uma dor de cabeça para a segurança da delegação em Cali.
Traçado para isolar o time brasileiro, o superesquema de proteção, que envolve 80 policiais colombianos e cinco agentes da Polícia Federal brasileira, foi gradativamente cedendo espaço ao assédio da torcida.
E o CT do América é o único local onde esse contato acontece,
principalmente pela permissividade com que a direção do clube
colombiano encara a questão.
A maior parte dos fãs é composta por parentes e amigos de dirigentes do América.
""Eu comunico à polícia que é
um familiar de um dirigente, um
amigo, um ex-jogador, e aí eles
deixam entrar", disse o administrador do centro de treinamento,
Víctor Manuel Gómez, 53.
Na última segunda, quando havia cerca de 80 torcedores dentro
do CT, o próprio administrador
levou as três filhas e uma neta para ver a seleção. ""As pessoas que
entram aqui são boas, não há riscos", comentou Gómez.
Aparentemente, os torcedores
que têm conseguido entrar no local são de fato inofensivos, mas os
agentes da PF avaliam que a aglomeração é um entrave ao esquema de segurança.
A Copa América chegou a ser
cancelada por causa da série de
atentados terroristas ocorridos no
país nos últimos meses.
O número de torcedores aumentou bastante desde que a seleção brasileira passou a treinar no
CT do América.
Para PF, quanto mais gente consegue entrar, maior o risco de entrar alguém mal-intencionado.
Anteontem, um dos chefes de
Polícia Nacional da Colômbia em
Cali levou seus filhos e sobrinhos
para acompanhar o treino.
""Os meus filhos vieram especialmente de Bogotá para assistir
ao treino da seleção. Não podia
deixá-los de fora", disse o coronel
Leonel Molina, que tirou várias
fotos dos seus parentes com os jogadores da seleção.
Apesar de ocupar o alto escalação da polícia, o coronel disse desconhecer o motivo da proibição
da entrada dos torcedores no CT
do América de Cali.
""Não sabia que a entrada era
restrita", disse o coronel.
A permissão para ultrapassar o
portão do CT e encontrar os jogadores da seleção é dada pela polícia colombiana, mas há torcedores que disseram ter entrado com
a ajuda de integrantes da delegação brasileira.
Foi o caso de Diego Fernando
Mosquera, 31, motorista da Prefeitura de Cali. Na segunda-feira,
ele levou o filho Diego Fernando
Mosquera Patiño, 5, para ver o
Brasil. Foi barrado no portão, mas
insistiu e, de acordo com ele, foi
colocado para dentro por um
roupeiro da seleção.
""Não é justo que uma criaturinha dessas não possa entrar",
afirmou Mosquera.
O garoto achava que encontraria Ronaldo e Rivaldo, mas no final se contentou com Denílson, o
preferido dos fãs que vão ao CT.
Anteontem, Mosquera conseguiu entrar de novo, com a filha
Stefania. ""Só deixam entrar um de
cada vez", justificou.
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