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AÇÃO
Hora do show
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Havia 13 anos, dois brasileiros passavam a acompanhar regularmente o WCT
(World Championship Tour), a
principal divisão do surfe mundial. Garotos, Fábio Gouveia e
Teco Padaratz não chegavam
nem à condição de coadjuvantes.
Estavam mais para figurantes,
numa cena dominada por australianos e norte-americanos.
Dificuldades com a língua,
vôos, traslados, hospedagens, alimentação se somavam à dificuldade natural em competir com
aqueles que, até outro dia, eram
vistos como ídolos, conhecidos
apenas pelas revistas e filmes. Tá
certo que Fabinho estreava no
WCT na condição de campeão
mundial amador, título conquistado em Porto Rico em 1988, e Teco, desde a infância, vinha sendo
preparado para o momento que
acabava de alcançar.
Não passou muito tempo para a
dupla começar a obter bons resultados, frutos do talento individual, da capacidade de adaptação e do investimento que a Hang
Loose, patrocinadora de ambos,
fez. Em 1990, aqui no Brasil, Gouveia venceu pela primeira vez
uma etapa do tour. No ano seguinte foram duas, na França e
no Havaí, enquanto Teco vencia,
aqui no Brasil, a sua primeira
etapa. Hoje eles só perdem em
tempo de WCT, para os atuais
campeão e vice do tour, Sunny
Garcia e Luke Egan, e para o
campeão de 99, Mark Occhilupo.
A contribuição de ambos é incontestável. Aos colegas do país
permitiu constatar a viabilidade
de disputar um título mundial,
aos patrocinadores, o retorno de
mídia e àqueles que dominavam
o circuito até então, a inevitável
chegada de novos protagonistas.
O Brasil ocupa uma sólida posição entre as três nações que dominam o surfe mundial. O crescente
número de competidores no tour,
o volume de campeonatos e prêmios distribuídos no país e até
mesmo o tamanho da indústria
nacional do esporte são evidências. Mas, apesar disso, continua
faltando algo, que, acredito, está
mais para o psicológico do que
para o técnico.
Há dois anos não vencemos
uma etapa do WCT. Obtivemos
vários pódios e bons resultados,
no ano passado, que contribuíram para alcançarmos o número
recorde de 11 atletas entre os 45 da
elite. Mas nenhum título.
Já no WQS, a divisão de acesso,
seguimos absolutos. O Brasil conquistou cinco entre os nove circuitos disputados e, no atual ranking, temos oito atletas, incluindo
o líder Paulo Moura, entre os 15
primeiros. Desses oito, seis estão
ou já estiveram no WCT, o que
compromete a tese de que o trabalho de base vem funcionando e
novos nomes poderão em breve
assumir o papel principal.
O resultado de uma das principais provas de WQS disputadas
em Durban (África do Sul) ajuda
a atrapalhar a avaliação. Com 35
atletas entre os 45 que disputam o
WCT competindo na prova da divisão de acesso, Peterson Rosa foi
o vencedor, após uma bateria final com três norte-americanos.
Se podemos vencer os mesmos
competidores na "segunda" divisão, por que não temos conseguido fazê-lo na principal? Para chegarmos ao título mundial profissional, temos que superar essa
barreira. Se vai ser com os mais
experientes ou com os novatos,
pouco importa. Durante anos, os
EUA assistiram ao espetáculo
protagonizado pelos australianos
até Tom Curren roubar a cena. Já
passa da hora o nosso show.
África do Sul
Jacqueline Silva fez dobradinha com Peterson Rosa e venceu o seis
estrelas disputado em Durban na categoria feminina. E a quarta
etapa do WCT, em Jeffrey's Bay, segue no período de espera.
Sub-20
Em boas ondas na praia de Maresias (SP), Bruno Moreira venceu o
Billabong Pro Jr. e deu um passo importante para a disputa do
Mundial, na Austrália. O brasileiro Pedro Henrique, campeão em
2000, tem vaga garantida.
Snowboard
O brasileiro André Cywinski conquistou o primeiro título oficial
FIS da história na categoria Big Air. A prova disputada em Chapelco valeu o título argentino e como seletiva para os Jogos de Inverno. Na próxima semana, em Valle Nevado, no Chile, acontece a sétima edição do Brasileiro.
E-mail: sarli@revistatrip.com.br
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