São Paulo, quinta-feira, 19 de julho de 2001

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AÇÃO

Hora do show

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Havia 13 anos, dois brasileiros passavam a acompanhar regularmente o WCT (World Championship Tour), a principal divisão do surfe mundial. Garotos, Fábio Gouveia e Teco Padaratz não chegavam nem à condição de coadjuvantes. Estavam mais para figurantes, numa cena dominada por australianos e norte-americanos.
Dificuldades com a língua, vôos, traslados, hospedagens, alimentação se somavam à dificuldade natural em competir com aqueles que, até outro dia, eram vistos como ídolos, conhecidos apenas pelas revistas e filmes. Tá certo que Fabinho estreava no WCT na condição de campeão mundial amador, título conquistado em Porto Rico em 1988, e Teco, desde a infância, vinha sendo preparado para o momento que acabava de alcançar.
Não passou muito tempo para a dupla começar a obter bons resultados, frutos do talento individual, da capacidade de adaptação e do investimento que a Hang Loose, patrocinadora de ambos, fez. Em 1990, aqui no Brasil, Gouveia venceu pela primeira vez uma etapa do tour. No ano seguinte foram duas, na França e no Havaí, enquanto Teco vencia, aqui no Brasil, a sua primeira etapa. Hoje eles só perdem em tempo de WCT, para os atuais campeão e vice do tour, Sunny Garcia e Luke Egan, e para o campeão de 99, Mark Occhilupo.
A contribuição de ambos é incontestável. Aos colegas do país permitiu constatar a viabilidade de disputar um título mundial, aos patrocinadores, o retorno de mídia e àqueles que dominavam o circuito até então, a inevitável chegada de novos protagonistas.
O Brasil ocupa uma sólida posição entre as três nações que dominam o surfe mundial. O crescente número de competidores no tour, o volume de campeonatos e prêmios distribuídos no país e até mesmo o tamanho da indústria nacional do esporte são evidências. Mas, apesar disso, continua faltando algo, que, acredito, está mais para o psicológico do que para o técnico.
Há dois anos não vencemos uma etapa do WCT. Obtivemos vários pódios e bons resultados, no ano passado, que contribuíram para alcançarmos o número recorde de 11 atletas entre os 45 da elite. Mas nenhum título.
Já no WQS, a divisão de acesso, seguimos absolutos. O Brasil conquistou cinco entre os nove circuitos disputados e, no atual ranking, temos oito atletas, incluindo o líder Paulo Moura, entre os 15 primeiros. Desses oito, seis estão ou já estiveram no WCT, o que compromete a tese de que o trabalho de base vem funcionando e novos nomes poderão em breve assumir o papel principal.
O resultado de uma das principais provas de WQS disputadas em Durban (África do Sul) ajuda a atrapalhar a avaliação. Com 35 atletas entre os 45 que disputam o WCT competindo na prova da divisão de acesso, Peterson Rosa foi o vencedor, após uma bateria final com três norte-americanos.
Se podemos vencer os mesmos competidores na "segunda" divisão, por que não temos conseguido fazê-lo na principal? Para chegarmos ao título mundial profissional, temos que superar essa barreira. Se vai ser com os mais experientes ou com os novatos, pouco importa. Durante anos, os EUA assistiram ao espetáculo protagonizado pelos australianos até Tom Curren roubar a cena. Já passa da hora o nosso show.

África do Sul
Jacqueline Silva fez dobradinha com Peterson Rosa e venceu o seis estrelas disputado em Durban na categoria feminina. E a quarta etapa do WCT, em Jeffrey's Bay, segue no período de espera.

Sub-20
Em boas ondas na praia de Maresias (SP), Bruno Moreira venceu o Billabong Pro Jr. e deu um passo importante para a disputa do Mundial, na Austrália. O brasileiro Pedro Henrique, campeão em 2000, tem vaga garantida.

Snowboard
O brasileiro André Cywinski conquistou o primeiro título oficial FIS da história na categoria Big Air. A prova disputada em Chapelco valeu o título argentino e como seletiva para os Jogos de Inverno. Na próxima semana, em Valle Nevado, no Chile, acontece a sétima edição do Brasileiro.

E-mail: sarli@revistatrip.com.br


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