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Gigante
Rebeca Gusmão remodela o corpo e, com 16 kg a mais do que no Pan-03, arrebata nos 50 m livre
um ouro inédito
Lalo de Almeida/Folha Imagem
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Rebeca Gusmão, ouro nos 50 m livre
FABIO GRIJÓ
DA SUCURSAL DO RIO
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Para a cabeça, um grande
amor. Para o corpo, muitos
músculos. Essa foi a receita de
Rebeca Gusmão para uma nadadora do Brasil obter, pela primeira vez nos Jogos Pan-Americanos, a medalha de ouro.
O feito foi conquistado nos
50 m livre, com o tempo de
25s05, novo recorde pan-americano e a melhor marca da carreira da atleta de 22 anos, que
até a manhã de ontem vinha de
três anos de declínio técnico.
"Esse dia 18 vai ficar para a
história", comemorou Rebeca,
que atribuiu o resultado ao coração e seu novo corpo -graças
a ele, é apelidada de "Gigante".
"O maior doping que existe é
estar apaixonada. Quando você
fica assim, pode até treinar mal,
mas vai bem na competição",
suspirou a nadadora, ao falar de
seu casamento com Gutenberg
do Amaral, um cantor de ópera
que foi seu professor de artes
em um colégio de Brasília,
quando ela ainda era adolescente. "Era uma paixão platônica. Aí eu o encontrei no ano
passado e pensei que era agora
ou nunca." Acabaram se casando. Ele a chama de "paçoca"
-doce que Rebeca adora.
O trabalho do marido também ajuda. "Relaxa."
Só que o sucesso de Rebeca
não acontece só pelo amor.
Nenhuma nadadora brasileira mudou tanto seu corpo em
relação ao Pan de Santo Domingo, em 2003, como ela. Hoje ela tem 82 kg distribuídos em
1,78 m. Há quatro anos, com só
um centímetro a menos do que
hoje, pesava, segundo o Comitê
Olímpico Brasileiro, 66 kg.
No mesmo período, Flávia
Delaroli, 23, outra velocista
brasileira (que ontem ficou em
quarto lugar nos 50 m livre), ganhou apenas um quilo.
A nadadora gosta tanto do
seu novo corpo que até tatuou
em seu braço: "Gigante pela
própria natureza". Segundo ela,
fez isso para entrar no clima do
Pan, por causa do Hino Nacional e para marcar seu apelido.
Rebeca treinou forte para ganhar tanta massa. Após o Pan
da República Dominicana, passou a ter um preparador físico.
Faz musculação de segunda a
sábado. A cada dia, três sessões,
num total de três horas.
A nadadora levanta, por
exemplo, 160 kg no supino,
aparelho para reforçar a musculatura do peitoral. "Abri mão
da vaidade para ter resultado.
Após o Pan de 2003, meu planejamento foi voltado para a
parte física e para os treinos de
saída e chegada na piscina, que
ainda precisam ser corrigidas."
"Na Vila, tenho encontrado
atletas do judô e do levantamento de peso. As meninas
brincam, dizendo que eu poderia ganhar medalha fácil nesses
esportes, que queriam ter meu
corpo. Estou satisfeita."
Na preparação para a Olimpíada de Pequim-2008, competição para qual conseguiu índice durante a disputa do Pan,
Rebeca diz que reforçará a flexibilidade e alguns grupos musculares. "Principalmente tríceps e peito", disse a nadadora,
que não malha as pernas.
Que, aliás, são motivo de orgulho. "Minha mãe me disse
que, quando era pequena, todos
diziam que eu tinha pernas bonitas. Disseram que ela deveria
me colocar na natação para elas
ficarem lindas", falou Rebeca,
que ainda pretende ir ao pódio
no 4 x 100 m livre.
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