São Paulo, sábado, 19 de julho de 2008

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Pequim restringe carros e obras

Para atenuar os níveis de poluição, cidade implementa rodízio radical e paralisa 3.000 construções

Medida entrará em vigor amanhã, e autoridades esperam que a população utilize metrô e ônibus, que já estão sobrecarregados


RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

A partir de amanhã, os 3,3 milhões de carros de Pequim só poderão circular em dias alternados. O rodízio radical, entre as placas pares e ímpares, pretende retirar 50% da frota para reduzir os congestionamentos e diminuir a poluição a menos de 20 dias da Olimpíada.
Também amanhã começa a paralisação de 3.000 obras em construção na capital chinesa, de shoppings a arranha-céus. Milhares de operários, que ficarão temporariamente desempregados, foram mandados de volta às suas Províncias de origem por não ter permissão de residência em Pequim.
Espera-se que 4 milhões de pessoas, proibidas de circular metade da semana com seus carros particulares, passem a utilizar os já sobrecarregados sistemas de metrô e ônibus da capital chinesa.
Ônibus, táxis, ambulâncias e carros credenciados e do corpo diplomático estão isentos do rodízio em Pequim.
Desde o dia 1º de julho, 300 mil caminhões estão proibidos de transitar pela cidade. Hoje é o último dia para toda a administração nacional se adaptar à retirada de 70% dos carros oficiais de circulação.
Caminhões, carros e veículos oficiais voltarão ao congestionamento de sempre somente no final de setembro.
A poluição é considerada o maior problema pela organização às vésperas dos Jogos. Dezenas de atletas já manifestaram preocupação em competir sob o ar contaminado da cidade, uma das cinco mais poluídas do mundo.
Várias seleções estão treinando no Japão e só irão para Pequim no último minuto.
Um atleta em competição inala até dez vezes mais que uma pessoa normal. O presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), Jacques Rogge, disse no ano passado que algumas provas poderiam ser adiadas se a poluição persistisse na cidade-sede dos Jogos.
As autoridades chinesas não querem correr o risco.
"O governo municipal reconhece a inconveniência causada pelas medidas de controle de tráfego", declarou o porta-voz do Departamento de Transportes da Prefeitura de Pequim, Zhou Zhengyu.
Os motoristas afetados pelo rodízio serão compensados com a isenção de taxas e impostos veiculares por três meses, o que vai custar aos cofres municipais cerca de 1,3 bilhão de yuans (R$ 350 milhões).
Quem usar o carro em um dia proibido perde a isenção e pagará os três meses.
A capital chinesa inaugura também amanhã três linhas de metrô -a linha 10, de 24,5 km de extensão, um metrô de superfície que liga o aeroporto internacional ao centro da cidade e uma linha que vai até a Vila Olímpica, mas que só será usada por quem tiver credenciais do evento esportivo.
A capital chinesa chegará a 200 km de rede de metrô (São Paulo tem apenas 63 km).


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