Performance quase perfeita precede busca por inédito ouro

Brasil domina totalmente segunda metade do jogo e, com gols de Formiga, Marta e Cristiane, assegura um lugar na final, na quinta

EDUARDO OHATA
ENVIADO ESPECIAL A XANGAI

De uma maneira quase impecável, a seleção brasileira feminina de futebol se classificou ontem para sua segunda final de Olimpíada, justamente sobre um adversário que jamais havia superado: a Alemanha.
Mais do que a satisfação por derrotar o time que evitou que as brasileiras conquistassem o Mundial-07, a vitória por 4 a 1 -de virada- pôs o Brasil na decisão dos Jogos, feito que a seleção de Dunga ainda procura.
Na quinta, a partir das 10h, disputa o ouro com os EUA.
""Nosso objetivo é ganhar esse ouro. É uma caminhada que já vem de muitos anos, de muita luta e esperança", comemorou Marta, que já foi eleita a melhor jogadora do mundo duas vezes pela Fifa.
O início do primeiro tempo não trouxe um bom prenúncio para as brasileiras, que haviam deixado de impressionar em quatro partidas nesta Olimpíada: um empate com a Alemanha, a virada sobre a Nigéria, e vitórias, ambas por 2 a 1, sobre Coréia do Norte e Noruega.
Em Pequim, o Brasil havia anotado só 1,75 gol por partida.
Logo aos 10min, em uma falha da zagueira Erika, saiu um gol da alemã Birgit Prinz, que chegava à marca inédita de dez gols em Jogos Olímpicos.
Parecia que iria aumentar a vantagem alemã sobre o Brasil. Em sete jogos, as brasileiras haviam perdido quatro e empatado três, com 16 gols das alemãs e seis das brasileiras. Pior, contra os mesmos adversários enfrentados pelo Brasil na China, mais a Suécia, a Alemanha não havia sofrido um único gol.
A seleção brasileira assistiu pelos próximos minutos à Alemanha chegar por diversas vezes em lances perigosos, e à goleira adversária, Nadine Angerer, realizar boas defesas. Até Formiga acertar um chute de dentro da área, empatar aos 43min e alterar tal cenário.
""O primeiro gol do Brasil aconteceu em uma péssima hora, foi pouco antes do intervalo", lamentou a treinadora da equipe alemã, Silvia Neid.
O período de descanso foi também vital para a performance da seleção brasileira.
""O Brasil não pode entrar no jogo da forma que entrou, sonolento, com falta de atenção. O gol que tomamos foi por falta de atenção. Dei uma boa chacoalhada no intervalo", explicou o técnico Jorge Barcellos.
As brasileiras retornaram renovadas e dominaram totalmente o segundo tempo. Logo aos 4min, Cristiane, totalmente livre na área, aproveitou um bom passe de Marta, que estava marcada por duas zagueiras, e fez o segundo gol do Brasil.
Quatro minutos depois, Marta avançou com velocidade pela direita, passou pelas rivais e chutou quase sem ângulo: 3 a 1.
Muito à vontade, com um sorriso no rosto, a atacante aproveitou para comemorar dando sambadinha no campo.
As brasileiras anularam qualquer chance de reação que as alemãs pudessem ter e, aos 31min, Cristiane marcou o quarto e último gol do Brasil para fechar o placar.
""Você sai bem motivado para sua próxima partida depois de vencer uma equipe como a Alemanha", comemorou Marta ao deixar o gramado em Xangai.
Formiga declarou que, além de ser trajetória obrigatória para conquistar uma medalha de ouro, a lista de adversários do Brasil também representa uma oportunidade de corrigir alguns erros do passado.
""Estou acertando as contas com o passado [nesses Jogos]", afirmou Formiga, remanescente, ao lado de Maycon e Simone, do grupo que vê o sonho olímpico ser frustrado desde Atlanta-96, quando as brasileiras perderam a medalha de bronze para a Noruega. Posteriormente, sofreram reveses em Sydney-00 (para a Alemanha) e Atenas-04 (para os EUA).

10 GOLS
têm a alemã Birgit Prinz e a brasileira Cristiane na história dos Jogos. Prinz precisou de três edições para somar dez gols, o último ontem. Com duas apresentações em Jogos, Cristiane, que ontem fez dois, já igualou a alemã. A brasileira anotou cinco gols em Atenas e tem cinco nesta edição. ""Hoje [ontem] foi umas das melhores partidas que fiz, pois os gols que marquei ajudaram muito a equipe", disse Cristiane.


Texto Anterior: PEQUIM 2008
Sexo frágil?
Próximo Texto: EUA vão à final para a alegria das brasileiras
Índice