São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 2008

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GUERRA FRIA

EUA >> SÉRGIO DÁVILA

American Superfish

ASSISTI À VITÓRIA de uma das milhares de medalhas de ouro de Michael Phelps num bar de esportes, essa famigerada instituição norte-americana em que homens e (poucas) mulheres se unem para tomar cerveja (mais ou menos) quente, comer amendoim (mais ou menos) borrachudo e gritar alto com as telas de dezenas de televisões de tela plana espalhadas entre as prateleiras de bebidas.
Sem som, apenas com "closed caption", as legendas com transcrição simultânea do que as pessoas estão falando. Primeira impressão: o gigante com orelhas de abano, que lembra um pouco o ator-dançarino de "Billy Elliot", é o único capaz de desviar a atenção dos beberrões dos resultados da rodada do fim de semana de beisebol.
Segunda impressão: o uso do inglês pelos torcedores chineses dá uma nova dimensão à língua. Phelps foi apelidado pelos locais de "American superfish", superpeixe americano, que lembra o título da série trash que o SBT exibia nos anos 80, "Super-Herói Americano" (The Greatest American Hero), aquela da trilha "Believe it or not, i'm walking on air".
A empolgação da torcida chinesa é o tema do Raul, aqui do lado. Estou mais interessado na atualização interessante que os chineses dão ao inglês. No fim de semana passado, eu havia comprado um livro, "Chinglish", que compila traduções encontradas por americanos em placas, avisos e sinais em viagens pelo país. Pouco depois, uma colega de Washington mandou e-mail com outras.
São hilariantes, traduções literais de expressões ou confusão com palavras de duplo sentido. Uma delas: "Morrer aqui é estritamente proibido" (morrer - die; tingir - dye; imagina-se que a intenção original era dizer "É proibido pichar").
Mas são mais que hilariantes. Quando 1,3 bilhão de pessoas falam inglês de certa maneira, é mais fácil que elas afetem a língua do que o contrário. O American Superfish veio para ficar.


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