São Paulo, sexta-feira, 19 de agosto de 2011

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XICO SÁ

Globo x Teixeira


Reza a lenda que brigam. Poxa! Deus, tomara. Eles que são sócios que se desentendam


Amigo torcedor, amigo secador, por que brigamos, como cantaria Diana, a brava intérprete do amor dito brega, como se existisse outro estilo.
Assim é se lhe parece. Reza a lenda que brigam o departamento de esportes da Rede Globo e o faraó da CBF, Ricardo Teixeira. Com ameaça daquela coisa no ventilador e tudo. Poxa! Deus, tomara.
O mar é das gaivotas, o futebol é da massa, eles que são sócios que se desentendam. Brigam, aspas, Globo e Teixeira pelos direitos sagrados dos outros. Que se infernizem. Como repórter, aprendi que só fede quando os grandes se engalfinham.
Melhor ainda quando vão à Justiça, como me ensinou o Chaer do Consultor Jurídico. Por isso que eu vivia nos fóruns enquanto jovem.
Já foi um marco da emissora a primeira notícia em mais de 40 anos de vida sobre o capo. Aquela história meio Brasília meio portuguesa. Ora, se for levar ao pé da letra o manual de procedimentos jornalísticos da casa, não tem mais como esconder a bagaça. Dr. Roberto Marinho que o diga, aqui e agora na minha mesa branca.
Por que brigamos, indago de novo, aqui neste ônibus que me conduz de João Pessoa ao Recife.
Ah, os homens só brigam por três coisas, vejo nos olhos castanhos de Kelly, jovem estudante de medicina em trânsito: dinheiro, mulher e comida. Comida em casos de semi-áridas guerras, como nas nossas terras.
Kelly é cearense de Penaforte. Como é linda na sua camiseta amarela escrita "Glam Rock".
Não queria que essa viagem acabasse nunca. Fico tentando mandar essa coluna. Cadê o sinal do celula, cadê a vida depois dessa moça, cadê, tudo é acostamento cardíaco.
Fraco, até esqueço a briga dos fortes. Esqueço tudo. Leio um trechinho de "Caçando Carneiros", livraço do Murakami para ela. Capítulo III: o pênis da baleia e a mulher das três profissões. Ela ri tão bonito, quase no meu ombro, embora tão longe quanto a lua na lataria do ônibus da viação Progresso. "Escreve, besta", ela diz. Não adianta.
Sim, sou Santa, Santa Cruz de Pernambuco, ela pensa no time, com um olharzinho de quem se lembra de um bom homem. Fiquei tão triste domingo, só botamos 35 mil pessoas no Arruda.
E ainda tem gente que acha que Flamengo ou Corinthians são massa. Até que são, mas massa sofazeira, caseira, soltadores de pipa. Também é bonito, para os meninos. Salto do ônibus no Derby, já no Recife, morrendo de saudade de Kelly, e daqui, atrasado, vai esta humilde coluna.

xico.folha@uol.com.br

@xicosa


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