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São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2003

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BOXE

Precursor do vale-tudo

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Ela foi uma das precursoras dos eventos de vale-tudo, tão populares hoje em dia: a luta entre Muhammad Ali e Antonio Inoki, em 25 de junho de 1976.
Tal afirmação foi feita por um dos protagonistas do duelo, o japonês Inoki, 60, que esteve no Brasil durante a semana passada.
Nem adianta buscar o resultado nos "records books", livros nos quais os cartéis dos boxeadores profissionais ficam registrados.
É que o encontro entre Ali e Inoki reuniu duas modalidades. O primeiro, é lógico, utilizou o boxe. O segundo, um tipo de vale-tudo.
O evento foi recebido com incredulidade, principalmente porque Inoki praticava o telecatch (a popular "marmelada"). Isso fez com que muita gente duvidasse da autenticidade dessa apresentação.
"Se a luta não tivesse sido de verdade, Ali teria ido para o hospital [com dores nas pernas], como aconteceu depois?", perguntou Inoki, quando o questionei.
Inoki conta que a mesma pergunta que fiz agora, se a luta era para valer, havia sido feita antes da luta pelos promotores de Ali.
Apesar de ter trabalhado nos cafezais do Brasil durante alguns anos, Inoki foi levado ainda adolescente de volta para o Japão.
Por isso foi necessária uma intérprete para fazer a entrevista -do português, ele lembra apenas o básico, como "obrigado".
Mesmo com a dificuldade de comunicação, deu para perceber o quão carismático é Inoki, que esteve no Brasil para promover o evento Jungle Fight (em exibição no canal Premiere). E porque, ainda hoje, o ex-senador japonês (por seis anos) é figurinha fácil até em publicações americanas.
Um motivo de sua popularidade é o fato de estar sempre às voltas com diversos eventos. Além de seu envolvimento no vale-tudo e no telecatch, Inoki visitou cenários conturbados, como foi o caso da Coréia do Norte e do Iraque.
E agora voltou seus olhos à Amazônia, com o "Jungle Fight".
"Meu objetivo não era dinheiro, mas chamar a atenção para o desmatamento da Amazônia. Minha estratégia é casar eventos com coisas que são relevantes."
O evento foi exibido no Japão, e o teipe deve seguir para os EUA.
Mas, voltando a Ali x Inoki, a luta surgiu meio que por acaso.
"Ali viajava para um de seus combates, mas, durante o trajeto, deu uma parada no Japão. Ele começou a dizer que o boxe era a forma de combate mais eficiente, e não concordei", lembra Inoki, que contatou os promotores de Ali na América, com quem negociou durante cerca de seis meses.
O japonês conta que foi obrigado a ceder em vários momentos da negociação para possibilitar a luta. Por isso, alguns golpes, como o "double leg", foram banidos.
"Minha luta ficou menos eficiente por causa das restrições. Ali era campeão mundial, acho que ele queria provar alguma coisa."
O combate, contam, foi bastante chato. O grandalhão Inoki, 1,89 m e 93 kg ("hoje estou com 1,85 m, encolhi com a idade"), permanecia deitado na lona chutando as pernas de Ali. O americano, por sua vez, meio de pé, tentava, em vão, acertar socos em Inoki.
O resultado, após 15 assaltos, no estádio Budokan? Empate.

Aqui
A OMB informa que Don King prometeu encaminhar parecer médico indicando que o campeão dos meio-médios-ligeiros Zab Judah, contundido, terá condições de luta até dezembro. Se isso acontecer, ficará inviabilizado o combate que está sendo negociado com o brasileiro Kelson Pinto, que tentaria o título interino até o fim do ano.


A revanche entre Oscar de la Hoya e Shane Mosley foi uma das lutas mais chatas dos últimos tempos, excessivamente "tática", truncada, com golpes sem precisão e marcada pelo exagerado respeito mútuo. Alguém contou quantas vezes ambos tocaram as luvas durante o combate? A marcação de pontos foi difícil. Para mim, Mosley venceu por só um ponto, mas, se De la Hoya tivesse vencido, não reclamaria.

E-mail eohata@folhasp.com.br


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