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São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2003

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FUTEBOL

O duelo

JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA

Imaginativo leitor, sonhadora leitora, pensemos numa arena romana. Ela está lotada. O público grita e bate palmas, esperando pelo início do espetáculo.
Então, vestindo túnicas brancas, entra o primeiro grupo de gladiadores. São homens ferozes e acostumados ao fragor da batalha. Entre eles há Léos, o pequeno gigante, Renatius, o homem que não baixa a cabeça, e Alexius e André Luísius, os porteiros do inferno.
Do outro lado, porém, há guerreiros não menos terríveis. Usando túnicas celestes, surgem homens destemidos como Maldonadus e Recifius, famosos por sua valentia. E isso sem falar de Aristizábalo e Maurinhus, combatentes que, inclusive, já lutaram no exército inimigo.
As duas hostes se aproximam lentamente do centro da arena, levantam suas espadas e...
Não, não, a comparação não ficou boa. É melhor tentar outra coisa.
Pensemos numa cena de faroeste: A cidade está em silêncio. Todas as janelas estão fechadas. Um rolo de palha seca cruza a poeirenta rua central.
De repente, surgem 11 homens vestidos de azul dos pés à cabeça. Ou melhor, das botas aos chapéus. Eles vêm liderados por um careca canhoto. Ele é Alex, The Kid, conhecido por seu tiro certeiro.
Do outro lado da rua, um grupo de pistoleiros vestidos de branco chega lentamente. Eles descem de seus cavalos, também brancos, e, sem nenhuma pressa, vão ocupando seus lugares. Lá estão Dom Diego e Robinho Robin, conhecidos por serem rápidos no gatilho e cruéis com os inimigos.
Então os dois bandos chegam até o centro da rua, sacam seus revólveres e...
Não, também não ficou bom. Acho que o melhor é deixar tudo apenas como futebol mesmo. Afinal, o jogo entre Santos e Cruzeiro não precisa de metáforas.
É verdade que depois dessa partida ainda faltarão 15 rodadas para o final do campeonato. Quinze rodadas são uma eternidade, e até o Goiás, lanterna do primeiro turno, pode acabar com a faixa no peito. De todo modo, esses dois times têm ponteado a disputa e são hoje os principais favoritos ao título.
O Cruzeiro vem mantendo um bom rendimento, embora sem encantar como no primeiro turno, quando passeava em campo e atropelava os mais difíceis adversários. O time é equilibrado e tem o melhor jogador do campeonato. Se bem que, quando ele está muito marcado, as coisas complicam.
Já o Santos vem subindo de produção e parece ter resolvido seu principal problema nos últimos tempos: a camisa 9.
Desde a partida de Alberto, o time andava capenga na posição. Ricardo Oliveira fez gols, mas nunca foi um jogador solidário. E a improvisação de Fabiano foi um arranjo forçado. Se William continuar marcando gols, talvez o time santista consiga o mesmo arranque que o levou ao título do ano passado.
Enfim, o certo é que a arena do Mineirão verá um grande duelo.

Z
Zumba era o mais varonil de todos os jogadores da cidade de Cururupu, Maranhão. Tanto que, nos dias em que não dormia com uma mulher, sentia tonturas e até desmaiava. Para seu azar, o Cururupu F.C. contratou um técnico disciplinador, desses que não permitem bordéis em véspera de jogo. Antes da final do campeonato, o severo treinador decidiu que todos ficariam concentrados no mosteiro da cidade. Os outros jogadores ficaram aflitos, pois sabiam que aquela abstinência significava derrota certa. Foi então que Dé, o franzino lateral-direito, decidiu fazer um sacrifício pelo time. No dia seguinte, Zumba fez cinco gols e o time conquistou a taça (que hoje ocupa um lugar de destaque na cristaleira da casa de Zumba e Dé).

E-mail torero@uol.com.br


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