|
Texto Anterior | Índice
FUTEBOL
O duelo
JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA
Imaginativo leitor, sonhadora leitora, pensemos numa
arena romana. Ela está lotada. O
público grita e bate palmas, esperando pelo início do espetáculo.
Então, vestindo túnicas brancas, entra o primeiro grupo de
gladiadores. São homens ferozes e
acostumados ao fragor da batalha. Entre eles há Léos, o pequeno
gigante, Renatius, o homem que
não baixa a cabeça, e Alexius e
André Luísius, os porteiros do inferno.
Do outro lado, porém, há guerreiros não menos terríveis. Usando túnicas celestes, surgem homens destemidos como Maldonadus e Recifius, famosos por sua
valentia. E isso sem falar de Aristizábalo e Maurinhus, combatentes que, inclusive, já lutaram no
exército inimigo.
As duas hostes se aproximam
lentamente do centro da arena,
levantam suas espadas e...
Não, não, a comparação não ficou boa. É melhor tentar outra
coisa.
Pensemos numa cena de faroeste: A cidade está em silêncio. Todas as janelas estão fechadas. Um
rolo de palha seca cruza a poeirenta rua central.
De repente, surgem 11 homens
vestidos de azul dos pés à cabeça.
Ou melhor, das botas aos chapéus. Eles vêm liderados por
um careca canhoto. Ele é Alex,
The Kid, conhecido por seu tiro
certeiro.
Do outro lado da rua, um grupo
de pistoleiros vestidos de branco
chega lentamente. Eles descem de
seus cavalos, também brancos, e,
sem nenhuma pressa, vão ocupando seus lugares. Lá estão Dom
Diego e Robinho Robin, conhecidos por serem rápidos no gatilho e
cruéis com os inimigos.
Então os dois bandos chegam
até o centro da rua, sacam seus
revólveres e...
Não, também não ficou bom.
Acho que o melhor é deixar tudo
apenas como futebol mesmo. Afinal, o jogo entre Santos e Cruzeiro
não precisa de metáforas.
É verdade que depois dessa partida ainda faltarão 15 rodadas
para o final do campeonato.
Quinze rodadas são uma eternidade, e até o Goiás, lanterna do
primeiro turno, pode acabar com
a faixa no peito. De todo modo,
esses dois times têm ponteado a
disputa e são hoje os principais
favoritos ao título.
O Cruzeiro vem mantendo um
bom rendimento, embora sem encantar como no primeiro turno,
quando passeava em campo e
atropelava os mais difíceis adversários. O time é equilibrado e tem
o melhor jogador do campeonato.
Se bem que, quando ele está muito marcado, as coisas complicam.
Já o Santos vem subindo de produção e parece ter resolvido seu
principal problema nos últimos
tempos: a camisa 9.
Desde a partida de Alberto, o time andava capenga na posição.
Ricardo Oliveira fez gols, mas
nunca foi um jogador solidário. E
a improvisação de Fabiano foi
um arranjo forçado. Se William
continuar marcando gols, talvez
o time santista consiga o mesmo
arranque que o levou ao título do
ano passado.
Enfim, o certo é que a arena do
Mineirão verá um grande duelo.
Z
Zumba era o mais varonil de todos os jogadores da cidade de
Cururupu, Maranhão. Tanto
que, nos dias em que não dormia com uma mulher, sentia
tonturas e até desmaiava. Para
seu azar, o Cururupu F.C. contratou um técnico disciplinador, desses que não permitem
bordéis em véspera de jogo.
Antes da final do campeonato,
o severo treinador decidiu que
todos ficariam concentrados
no mosteiro da cidade. Os outros jogadores ficaram aflitos,
pois sabiam que aquela abstinência significava derrota certa. Foi então que Dé, o franzino
lateral-direito, decidiu fazer um
sacrifício pelo time. No dia seguinte, Zumba fez cinco gols e o
time conquistou a taça (que hoje ocupa um lugar de destaque
na cristaleira da casa de Zumba
e Dé).
E-mail torero@uol.com.br
Texto Anterior: Boxe - Eduardo Ohata: Precursor do vale-tudo Índice
|