São Paulo, quarta-feira, 19 de setembro de 2007

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Brasil recebe 1º Mundial em canal para piracema

Competição de canoagem slalom acontece em "rio" criado para usina de Itaipu

Trecho de 10 km liga o Paraná ao reservatório, serve de caminho para os peixes e tem corredeira ideal para prática do esporte

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Até o ano passado, o Canal da Piracema era tomado apenas por peixes que cumpriam seus 10 km para superar o desnível de 120 m entre o rio Paraná e o reservatório da hidrelétrica de Itaipu e desovar.
Quando um trecho de 430 m de corredeiras foi liberado, o local entrou para o calendário mundial do esporte.
Itaipu tem hoje a melhor pista de canoagem slalom da América Latina. A modalidade ainda é pouco divulgada no país, mas o circuito já chama a atenção dos melhores do mundo.
E, a partir de hoje, boa parte deles estará nas águas do canal para disputar o Campeonato Mundial, o primeiro realizado no Brasil, que distribuirá 60% das vagas em Pequim-2008.
O torneio receberá 292 atletas de 62 países na busca por 46 postos na Olimpíada.
"Para nós, a pista é fundamental. E, no campeonato, poderemos estar em contato com os melhores do mundo", afirmou Argos Rodrigues, superintendente da Confederação Brasileira de Canoagem.
Segundo o dirigente, a organização do Mundial está sendo bancada por Itaipu e pelo Ministério do Esporte e foi despendido R$ 1,2 milhão.
O canal da prova tem 430 m de extensão e desnível de 7,2 m. Foi projetado para criar um regime turbulento nas águas, quando necessário, e tem obstáculos naturais e artificiais.
No período da piracema, de outubro a fevereiro, porém, não pode ser usado, para evitar impacto sobre o processo.
"A pista é bem técnica, e a concentração é fundamental para não cometer nenhum erro", afirmou o duas vezes campeão mundial (1999 e 2002) David Ford, do Canadá.
O destaque do torneio é o bicampeão olímpico (Sydney-2000 e Atenas-2004) Tony Estaguet, no C1. Gustavo Selbach, do K1, é a principal esperança brasileira. Os atletas entram na água a partir das 9h.
Antes, porém, terão de limpar seus barcos e remos com um banho de água clorada.
A bacia do rio Paraná abriga o "mexilhão dourado", um molusco de duas conchas originário da Ásia, que se tornou uma praga e pode causar danos ambientais e às usinas. Ele se fixa em qualquer superfície dura, agrega-se e cobre vastas áreas.
Nas usinas, por exemplo, pode prejudicar equipamentos submersos e obstruir tubulações. O "banho" evitará que os animais sejam levados para outros lugares e para fora do país.


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