São Paulo, sábado, 19 de outubro de 2002

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FUTEBOL

Como Grêmio e Gama, que jogam hoje, equipes com goleadores vão mal

Rodada expõe fracasso dos times de um só artilheiro

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A artilharia do principal torneio do país. O que é um sonho para qualquer atacante é sinônimo de fracasso para os clubes no Brasileiro-2002, assim como na maior parte da história do certame.
Que o digam os torcedores de Grêmio e Gama, que se enfrentam hoje em Porto Alegre.
Essas equipes contam com os dois principais goleadores do Nacional -Rodrigo Fabri, pelos sulistas, e Dimba, pelos brasilienses.
Cada um deles marcou 13 gols, o que representa 52% do total da artilharia do Grêmio e 72% da do Gama. É aí que está o problema.
Equipes que concentram os gols em apenas um atleta, o que facilita o trabalho das defesas adversárias, fazem campanhas bem mais fracas do que as que dividem a responsabilidade por mais atletas.
O Grêmio, por exemplo, é apenas o 13º colocado da tabela, duas posições à frente do Gama.
Depois de Rodrigo Fabri, o gremista com mais gols é o lateral-direito Ânderson Lima, que marcou três vezes neste Nacional. O vice-artilheiro do Gama é o volante Rafael, autor de dois gols.
Mas os exemplos de que um artilheiro não é a solução aparecem em várias outras agremiações.
Três das quatro equipes que estão hoje na zona de rebaixamento têm candidatos ao título de maior fazedor de gols deste Brasileiro.
Com seu time no 23º lugar, Jóbson fez 11 dos 25 gols do Paysandu. No Flamengo, 24º colocado, Liédson também marcou 11 vezes. Lanterna, o Paraná tem o atacante Márcio, que já acumula dez gols.
Como quase sempre, pelo menos no discurso, os artilheiros dos clubes preferem o sucesso coletivo e relegam o individual.
"Sinceramente, não tenho nenhuma ambição de ser o artilheiro. Meu objetivo é ajudar o clube a se manter na primeira divisão", afirma o atacante Dimba, que marcara 15 gols nas quatro edições somadas que havia disputado antes do Brasileiro-2002.
Entre os oito times da zona de classificação, a distribuição da artilharia é bem diferente.
No São Paulo, líder da competição, Reinaldo e Luis Fabiano já marcaram dez vezes cada um. Essa marca, entretanto, representa apenas 26% de toda a produção ofensiva da equipe paulistana.
Um dos técnicos que mais apostam no jogo coletivo, em detrimento das individualidades, Mário Sérgio comanda o São Caetano, que é ainda mais democrático do que o São Paulo no ataque.
Vice-líder, o time do ABC tem Adhemar como principal goleador. Os seis gols que o veterano atacante fez equivalem a apenas 21% do total da sua equipe.
No Corinthians, o atacante Deivid também marcou seis gols, ou 23% do total da equipe comandada por Carlos Alberto Parreira.
Mas é no Santos, que tem o futebol mais vistoso do campeonato, que a idéia de um único artilheiro é claramente desprezada.
Os jogadores que mais marcaram pelo time, Alberto e Elano, respondem cada um por apenas 20% da artilharia da equipe.
Dos 11 titulares da equipe do técnico Emerson Leão, oito já marcaram pelo menos uma vez.


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