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Dualib fala em retificar depoimento
Presidente corintiano agora nega presença de Boris Berezovski na parceria e aventa hipótese de mal-entendido na PF
Cartola afirma não temer queda do Corinthians para
a segunda divisão do Brasileiro e revalida carta-branca dada a Emerson Leão
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
Uma conversa de quase uma
hora com Alberto Dualib, 85, é
capaz de deixar em seu interlocutor a sensação de que ele preside outro clube. Não o Corinthians, instalado na zona de rebaixamento do Nacional a nove
rodadas do fim. E envolvido numa investigação sob suspeita
de lavagem de dinheiro. "Já vivi
situações piores", diz.
Ele negou que o russo Boris
Berezovski, condenado por lavagem de dinheiro, e o israelense Pini Zahavi sejam investidores, contrariando seu depoimento à PF. Zahavi ameaçou,
por meio de sua assessoria de
imprensa, processar o cartola.
FOLHA - O que o senhor falou aos
jogadores em Jarinu?
ALBERTO DUALIB - Disse que eles
vão escrever uma história linda
tirando o time dessa situação.
FOLHA - O senhor assumiu o controle do futebol, contratou o Leão,
atletas, e o time segue ameaçado.
DUALIB - Assumi porque o Kia
[Joorabchian] viajou havia
quatro meses e não voltou. E eu
estava levando pau. Fiz o que
tinha que fazer, mas consultei
o Kia antes de contratar o Leão.
É muito difícil explicar, o time
é bom. Estamos sofrendo muito com a arbitragem.
FOLHA - Em um mês na Europa o
senhor não resolveu o caso Nilmar.
DUALIB - Devo ter de ir para a
França para terminar isso. A
parte do jogador, o Kia tem que
resolver. Por isso que ele ainda
não saiu da MSI, só ele conhece
o acordo com o Nilmar.
FOLHA - E o que mais o senhor fez?
DUALIB - Discuti a parte financeira. Quando cheguei ao Brasil
paguei quatro milhões de direitos de imagem atrasados.
FOLHA - Trouxe na mala?
DUALIB - Não sou louco. O dinheiro passou pelo Banco Central. Aí paguei R$ 4 milhões.
FOLHA - Resolveu mais problemas?
DUALIB - Acertei que a MSI vai
mandar mais US$ 1,5 milhão
[cerca de R$ 3,2 milhões] por
mês para cobrir o déficit mensal da folha de pagamento. E
mais US$ 7,5 milhões [cerca de
R$ 16 milhões] para cobrir uma
diferença entre o câmbio que
nós achávamos correto e o que
eles queriam pagar. Acertamos
um valor intermediário. Esse
dinheiro é referente aos US$ 20
milhões que eles tinham que
dar, de acordo com o contrato.
Vão mandar mais uns R$ 7 milhões para algumas pendências.
FOLHA - Para dívidas?
DUALIB - Pendências, o Corinthians não tem dívidas, tem
compromissos para honrar.
FOLHA - Como foi o depoimento?
DUALIB - Bom. Essencialmente, o foco dessa lambança é saber como foi a compra dos argentinos. Respondi que que
quem fez foi o Kia e nós assinamos com o aval do Veirano, o
escritório de advocacia da MSI.
FOLHA - Perguntaram por que a cópia de seu passaporte estava com
Boris Berezovski.
DUALIB - Li na Folha que eles
perguntariam e me antecipei.
Você escreveu que eles queriam saber se o Boris abriu uma
conta no exterior em meu nome. Tentou induzir a polícia.
FOLHA - É uma das linhas de investigação da PF. O que o senhor disse?
DUALIB - Ele precisava do passaporte para tirar o visto para
Israel. Para a gente não ficar
sem nada, ele fez uma cópia. ele
trouxe ao Brasil para devolver.
FOLHA - Mas ele estava voltando
para a Londres com a cópia.
DUALIB - Fez a cópia e acabou.
FOLHA - O senhor disse à PF que o
Berezovski e o Pini Zahavi são investidores da MSI.
DUALIB - Não. Disse só que o
Badri [Patarksivilli] é investidor. Falei o Boris não quis investir e apresentou o Badri. O
Pini é agente, só negocia jogadores. Está dando trabalho explicar o que disse. Se eles não
entenderam, volto lá e corrijo.
FOLHA - O Badri também é acusado de lavagem de dinheiro.
DUALIB - Isso quem tem que ver
é o Banco Central.
FOLHA - O senhor tem medo...
DUALIB - Não tenho nada. O investigado não é o Corinthians.
É a MSI. Fui convidado a depor.
FOLHA - Tem medo de ser preso?
DUALIB - Não. Nem põe uma
besteira dessas no jornal.
FOLHA - E de ser rebaixado?
DUALIB - Não. Vamos sair dessa. Vivi situações piores. Os corintianos terão uma surpresa.
FOLHA - Decepcionado com Leão?
DUALIB - De forma nenhuma.
Ele continua com carta-branca.
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