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Sem a camisa 10, clássico sai em busca de heróis
Após saídas de Valdivia do Palmeiras e de Adriano do
do São Paulo, equipes seguem sem um grande destaque
Numeração fixa dos clubes
ajudou a ofuscar o brilho da
camisa ilustre, mas técnicos
apontam a falta de craques
como problema mais grave
RENAN CACIOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Parque Antarctica assistirá, hoje, a um clássico diferente. Independentemente de
quem for o seu herói, ele não
trará o número 10 às costas.
Na prática, a explicação por
essa ausência é a numeração fixa. É graças a ela que as camisas
pertencentes anteriormente a
Valdivia, de um lado, e Adriano,
do outro, não sairão dos cabides dos vestiários. Antes de o
Brasileiro começar, os clubes
interessados em adotar a numeração padrão enviaram à
CBF a lista dos atletas inscritos
com seus respectivos números.
Por outro lado, o sumiço dos
camisas 10 no duelo desta tarde
remete à falta de craques. "As
equipes estão dependendo
muito do conjunto. Não há um
melhor do que o outro", analisa
o técnico Muricy Ramalho.
O caso do time do Morumbi
ilustra bem o fato. Sem um
grande camisa 10 desde 2000,
quando Raí parou, a diretoria
aproveitou a visibilidade trazida pelo contrato com Adriano,
e deu ao atacante o número
que, historicamente, é utilizado
pelos meias cerebrais.
A estratégia deu certo. Em
cinco meses, o Imperador
"vendeu", segundo o clube, cerca de 44 mil camisas tricolores,
uma média de 280 unidades
por dia.
"No mundo todo, o camisa 10
geralmente representa um expoente técnico do time. Com
certeza pode ser um atacante,
mas nunca será um volante. O
Pelé era um meia-atacante",
opina Raí, o antigo dono do
meio-campo são-paulino.
O retorno de Adriano à Inter
de Milão "aposentou" o místico
número no São Paulo. A exceção foi Sérgio Mota, que o adotou na Copa Sul-Americana.
O Palmeiras ainda experimentou o sucesso recente de
Valdivia, que resgatou um pouco do encanto do autêntico camisa 10 -número herdado por
Denílson na Sul-Americana, já
que no Nacional ele é o 19.
Sem o chileno, a esperança
da torcida palmeirense, hoje,
está nos pés de um camisa 7.
"As duas equipes têm jogadores
que atuam nessa função. Se não
fosse pela numeração fixa, jogariam outros [com a 10]", afirma o meia Diego Souza.
Na opinião de quem já vestiu
a tradicional camisa, é justamente o ex-gremista quem deverá assumir o papel de principal organizador do time.
"O Diego tem feito bons jogos
desde a saída do Valdivia. Vendo de longe, acho que ele pode
ser esse jogador", diz Alex, ex-camisa 10 do Palmeiras, que jogou no clube entre 1997 e 2000.
Desde 2004 no Fenerbahce,
da Turquia, Alex acredita que
as equipes brasileiras sofrem
pela falta de jogadores com essas características. "O camisa
10 que eu gosto no Brasil está
na segunda divisão: é o Douglas
[meia do Corinthians]", disse.
À sombra de Ademir da Guia,
Pedro Rocha, Raí e Alex, o clássico de hoje está órfão. Caberá a
outro atleta, "disfarçado" com
outro número, fazer história.
"O talento ainda faz a diferença. Está tudo muito equilibrado porque não existem mais
os grandes times. Mas o grande
jogador ainda aparece", disse
Vanderlei Luxemburgo.
"Não é porque os times não
têm, hoje, os camisas 10, que
não contam com grandes jogadores. Acho que será um belo
jogo porque são duas ótimas
equipes", disse Hugo, um "falso
10" no São Paulo que veste a 18.
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