São Paulo, segunda-feira, 19 de outubro de 2009

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Disposto, Button faz "melhor GP da vida"

Inglês se livra das confusões e diz que teve o controle durante todo o tempo

Após o 14º lugar no grid e ver o principal adversário na pole, piloto toma drinques com mecânicos e avisa o pai que corrida seria especial

DA REPORTAGEM LOCAL

Jenson Button saiu de Interlagos arrasado no sábado.
Carregava nos ombros a 14ª posição no grid, a pole position do companheiro de equipe e maior concorrente ao título, as críticas da imprensa inglesa sobre a atitude cautelosa nas últimas corridas e um autódromo todo torcendo contra ele.
Foi para o bar do hotel, tomou "alguns drinques" com os mecânicos. Acordou disposto. "Ele me disse: "Presta atenção no que vou fazer. Esta vai ser especial".", contou o pai, John.
Foi. E Button, o filho, descarregou todo o peso ao cruzar a linha de chegada em Interlagos. "Foi a melhor corrida da minha vida. Não venci, mas tive a prova sob controle o tempo todo."
Seu grande mérito, que ontem valeu a conquista da taça de campeão, foi se livrar das confusões. A chuva esperada não apareceu, mas não faltou agitação no começo da corrida.
Na primeira volta, Mark Webber e Kimi Raikkonen se tocaram no S do Senna, Giancarlo Fisichella fez Heikki Kovalainen rodar, Jarno Trulli acertou Adrian Sutil, que ainda foi abalroado por Fernando Alonso na Descida do Lago.
O safety car foi acionado, mas o caos continuou: nos boxes, Kovalainen arrancou antes do tempo, arrastou a mangueira de abastecimento e derramou combustível pelo pit lane. Em contato com as partes quentes do carro de Raikkonen, que vinha logo atrás, o resultado foram altas labaredas no pit lane.
Button driblou tudo isso. Quando o safety car deixou a pista e o GP foi reiniciado, na quinta volta, estava em nono.
Deixou de lado, então, o conservadorismo das últimas provas e partiu para ultrapassagens. Logo após a relargada, deixou Romain Grosjean para trás. Na volta seguinte, superou Kazuki Nakajima. Chegou, então, em Kamui Kobayashi. Tentou o bote algumas vezes e só conseguiu na 24ª volta, um pouco antes do primeiro pit stop, sua próxima esperança.
Ironia, momento que marcou o declínio de Rubens Barrichello. Pole position, o brasileiro pagou pela estratégia de pouco combustível no treino oficial quando teve de ir para os boxes na 21ª volta -foi o primeiro entre os líderes a parar.
Robert Kubica, que havia pulado de oitavo para terceiro no início da prova, parou na 23ª. Mark Webber entrou cinco voltas depois. Ambos saíram dos boxes à frente do brasileiro.
Para Button, o primeiro pit foi mais proveitoso. Ganhou uma posição, tornou-se sexto.
"A partir daí, com Rubens em terceiro, sabia que poderia levar o título", declarou Button.
Após a segunda janela de pits, as posições foram mantidas: Barrichello em terceiro, Button em sexto. E seguiria assim até o fim, não fosse um furo no pneu traseiro direito do Brawn do brasileiro, provavelmente causado por detritos na pista.
Poderia ter acontecido um acidente feio. Chamado para os boxes, Barrichello viu o pneu explodir nos pits, a 100 km/h.
Button, que já seria campeão na condição anterior, ganhou mais uma posição. Oito voltas depois, ganharia o mundo.
(FÁBIO SEIXAS E TATIANA CUNHA)


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