Mesmo frustrado com resultado em Interlagos, brasileiro "ergue as mãos ao céu" por ter disputado o Mundial de 2009

Piloto reconhece que houve demora para usar o mesmo material dos freios com que Button venceu seis das sete primeiras provas do ano

DA REPORTAGEM LOCAL

Eram 15h26 em Interlagos quando alguns torcedores começaram a levantar das arquibancadas e a deixar o circuito.
Naquele exato momento, Rubens Barrichello, 37, entrava nos boxes e dava adeus a qualquer chance de levar a definição do Mundial a Abu Dhabi. Mais, perdia ainda a vice-liderança do campeonato para Sebastian Vettel, da Red Bull.
Com o pneu traseiro direito de seu Brawn furado, o piloto acabava de perder a terceira posição para Lewis Hamilton e tinha de voltar aos boxes para não ficar no meio do caminho.
Era o fim dos dois sonhos de Barrichello, que ontem disputou seu 17º GP Brasil, corrida que nunca venceu e cujo melhor resultado foi o terceiro lugar com a Ferrari, em 2004.
"Lógico que agora tenho um buraco dentro do estômago porque é uma luta muito grande tentar ganhar uma corrida em casa", falou o piloto da Brawn, que evitou a imprensa logo que desceu do carro e foi direto para a garagem de sua equipe, onde ficou pelo menos dez minutos com sua família.
"Foi com eles que passei esses minutos difíceis, para me recompor. Abracei meu filho [Eduardo] porque na vida tem coisas importantes. Independentemente do resultado, vou voltar para casa como o mesmo pai, o mesmo marido. Só eles e Deus sabem o quanto luto por isso, o quanto sou guerreiro."
Apesar de frustrado com o desfecho da corrida de ontem, Barrichello fez questão de dizer que já se dava por satisfeito por ter tido a chance de disputar, de maneira competitiva, o campeonato após ficar quatro meses sem saber se teria uma vaga na F-1 com a saída da Honda, em dezembro passado.
"Sem lamentação, este foi um grande campeonato para mim", disse o brasileiro, que já tem contrato assinado com a Williams para 2010, com opção de renovar por outro ano. "Esta é uma temporada de erguer as mãos para o céu e agradecer pelo campeonato que tive."
Após ficar atrás de Jenson Button nas sete primeiras etapas do ano -o inglês venceu seis delas-, Barrichello trocou o material de seus freios e passou a bater o companheiro constantemente. A diferença, porém, foi que o brasileiro não descontou muitos pontos.
"A verdade é que a gente acordou um pouco tarde na temporada, e o Jenson ganhou o campeonato aí", falou Barrichello, que explicou que a demora para fazer a troca que o ajudou aconteceu porque nos anos anteriores o material usado por Button não tinha dado bons resultados para ele.
O fato de seu companheiro de equipe ter sido o campeão não desagradou a Barrichello, que afirmou preferir ele a outro piloto e fez questão de cumprimentá-lo logo depois de sair do carro. "Quando fui falar parabéns, ele disse que eu tinha pressionado-o o campeonato inteiro e disse que eu era um grande campeão", contou.
"Não acredito em azar, mas hoje [ontem] não era para ser. Sou um bom ganhador e também um bom perdedor."
(FÁBIO SEIXAS E TATIANA CUNHA)

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