São Paulo, segunda-feira, 19 de outubro de 2009

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Análise

Campeão, Button precisa agradecer ao gênio Brawn

FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

Interlagos assistiu ontem à coroação de um piloto medíocre. Button nunca foi um virtuose. Estava fadado a passar a carreira fazendo número, preenchendo espaço, posando bonitão para patrocinadores.
Conquistou o título porque sentou num carro sensacional, que pegou a categoria de surpresa. E porque se entendeu melhor com ele, principalmente com o sistema de freios, no começo da temporada. Foram seis vitórias nas sete primeiras corridas, início mais arrasador de um piloto na história dos 60 Mundiais de F-1.
Por toda a temporada, com a recuperação de Barrichello a partir de Silverstone, estava claro que o título ficaria com um dos pilotos da Brawn GP.
Brawn GP?
É, é esta a chave do sucesso.
O nome soava estranho no começo do ano. Brawn GP?
O layout do carro, mais estranho ainda. Branco, preto e amarelo, sem patrocinadores, sem nenhum conglomerado multinacional por trás.
O time só alinhou na Austrália graças a um catadão promovido por Ecclestone, que achava temerário um grid com apenas nove equipes. A antiga dona, a Honda, ajudou daqui. A Mercedes deu um motor ali.
E, então, fez-se a mágica.
Parceiro de Schumacher em seus sete títulos mundiais, o engenheiro Brawn mostrou à F-1 que ainda é possível inovar, inventar, subverter, revolucionar mesmo com um regulamento técnico tão restritivo.
O difusor duplo foi um tapa na cara dos seus colegas. Que espernearam, clamaram irregularidade, levaram o caso à FIA. Para ouvirem que tudo estava certo e começarem, então, a correr para copiar o sistema.
Tapa na cara também, tanto ou mais quanto o difusor, foi a postura franciscana da equipe. Sem dinheiro, a Brawn mostrou que é possível vencer na F-1 sem motorhomes luxuosos, sem pirotecnia, sem festas.
Um desavisado não diria nunca que aqueles boxes no fim do pit lane de Interlagos, despojados de qualquer luxo, sem o brilho dos outros, guardavam o carro do campeão.
Para o bem do esporte, guardavam. Porque, por pouco, esses carros não passam o ano acumulando poeira numa fábrica falida do interior da Inglaterra. Brawn é gênio.


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