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Análise
Campeão, Button precisa agradecer ao gênio Brawn
FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
Interlagos assistiu ontem à
coroação de um piloto medíocre. Button nunca foi um virtuose. Estava fadado a passar a
carreira fazendo número,
preenchendo espaço, posando
bonitão para patrocinadores.
Conquistou o título porque
sentou num carro sensacional,
que pegou a categoria de surpresa. E porque se entendeu
melhor com ele, principalmente com o sistema de freios, no
começo da temporada. Foram
seis vitórias nas sete primeiras
corridas, início mais arrasador
de um piloto na história dos 60
Mundiais de F-1.
Por toda a temporada, com a
recuperação de Barrichello a
partir de Silverstone, estava
claro que o título ficaria com
um dos pilotos da Brawn GP.
Brawn GP?
É, é esta a chave do sucesso.
O nome soava estranho no
começo do ano. Brawn GP?
O layout do carro, mais estranho ainda. Branco, preto e
amarelo, sem patrocinadores,
sem nenhum conglomerado
multinacional por trás.
O time só alinhou na Austrália graças a um catadão promovido por Ecclestone, que achava temerário um grid com apenas nove equipes. A antiga dona, a Honda, ajudou daqui. A
Mercedes deu um motor ali.
E, então, fez-se a mágica.
Parceiro de Schumacher em
seus sete títulos mundiais, o
engenheiro Brawn mostrou à
F-1 que ainda é possível inovar,
inventar, subverter, revolucionar mesmo com um regulamento técnico tão restritivo.
O difusor duplo foi um tapa
na cara dos seus colegas. Que
espernearam, clamaram irregularidade, levaram o caso à
FIA. Para ouvirem que tudo estava certo e começarem, então,
a correr para copiar o sistema.
Tapa na cara também, tanto
ou mais quanto o difusor, foi a
postura franciscana da equipe.
Sem dinheiro, a Brawn mostrou que é possível vencer na
F-1 sem motorhomes luxuosos,
sem pirotecnia, sem festas.
Um desavisado não diria
nunca que aqueles boxes no fim
do pit lane de Interlagos, despojados de qualquer luxo, sem
o brilho dos outros, guardavam
o carro do campeão.
Para o bem do esporte, guardavam. Porque, por pouco, esses carros não passam o ano
acumulando poeira numa fábrica falida do interior da Inglaterra. Brawn é gênio.
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