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Campeão cogitou deixar categoria no fim de 2008
Após ganhar kart do pai e alçar voo, inglês cumpre 10 anos até conquistar título
Triatleta nas horas vagas,
piloto da Brawn entrou na
F-1 após vencer disputa com um brasileiro em vestibular
promovido pela Williams
DA REPORTAGEM LOCAL
Triatleta nas horas vagas,
Jenson Button estava ofegante.
Após descer do carro, abraçar o
pai, os amigos e o preparador físico, correu o paddock inteiro
até a garagem da Brawn.
Depois, mais um pique para
voltar à sala de entrevistas. Já
sem o macacão, mas com o
mesmo sorriso no rosto, contou que chegou a pensar em
deixar a F-1 no fim do ano passado, quando não sabia qual o
destino de seu time.
Mas voltou atrás quando
soube por telefone que Ross
Brawn havia comprado o que
até então era a Honda e que o
queria como piloto em 2009.
Não era a primeira vez que
uma ligação inesperada mudaria seu destino na categoria.
Como faz sempre que tem
uma folga, o inglês estava numa
praia do México com a namorada quando o telefone tocou. Era
dezembro de 1999 e ele tinha
acabado de disputar seu primeiro campeonato de F-3.
Do outro lado da linha, seu
empresário avisou-o de que
Alain Prost ofereceria um teste
com um F-1 em Barcelona.
No mês anterior, ele havia
dado 14 voltas num McLaren
em Silverstone, como prêmio
por ter sido eleito o melhor jovem piloto inglês de 1998.
Mas era o primeiro convite
real que recebia. Sem pensar
duas vezes, interrompeu as férias e partiu rumo à Espanha.
"Cheguei à pista quando o
Jean Alesi e o Nick Heidfeld tinham acabado de testar. Dei
uma estudada na telemetria e,
na manhã seguinte, sentei-me
no carro", conta Button. Foram
36 voltas na pista catalã até que
o motor do carro estourou. Mas
foi o suficiente para que o piloto fizesse um tempo melhor
que o de Alesi no dia anterior e
deixasse seu cartão de visitas.
De volta a Frome para passar
o Natal com a família, Button
estava num pub com amigos
quando outra vez o celular colocou-o em contato com a F-1.
A voz do outro lado da linha
dizia que era Frank Williams.
Mas o piloto demorou a acreditar que aquilo fosse possível.
Achou que era algum de seus
companheiros tentando lhe
pregar uma peça. "Quando me
dei conta de que era ele mesmo,
corri para fora do pub para podermos conversar com calma."
O dono da Williams lhe perguntou como o teste com a
Prost havia sido e se o piloto se
achava pronto para chegar à
F-1. Mas foi só depois do Natal
que o dirigente disse a Button
que havia uma possibilidade de
ele testar com o brasileiro Bruno Junqueira no mês seguinte.
No início de janeiro, o piloto
foi mais uma vez para a Espanha, desta vez para o "vestibular" com Junqueira. O que era
para durar três dias se prolongou porque o carro teve problemas durante os testes. O suspense durou até o dia da apresentação do carro da Williams.
"Eu e o Bruno fizemos uma
sessão de fotos com o carro e fomos chamados para falar com o
Frank individualmente", relembra. "Quando ele me contou que o lugar era meu, eu só
disse: "Obrigado, Frank"."
Era o início de sua história na
F-1, que ontem chegou ao ápice
com a conquista do Mundial. E,
apesar de o título ter tardado
dez temporadas, nem sempre
foi assim em sua carreira.
Carreira que começou há 20
anos, quando Button ganhou
de seu pai, John, um kart. Não
demorou muito para que ele
começasse a incentivar o filho a
competir. Quando Jenson tinha nove anos, ele o inscreveu
numa corrida, e o filho venceu.
Depois de dois títulos seguidos, em 1991 Button venceu as
34 corridas que disputou no
Campeonato Britânico de kart.
Mais títulos vieram na sequência e, em 1994, ele resolveu disputar o Italiano de kart, cuja estrutura era mais profissional.
O título veio em sua primeira
temporada, com o dobro de
pontos do segundo colocado.
No ano seguinte, foi novamente campeão do Italiano.
Em 1997, venceu o Europeu de
kart. A transição para os monopostos veio na temporada de
1998. De cara, Button foi campeão do Inglês de F-Ford, com
nove vitórias. Um ano depois,
transferiu-se para a F-3, na
qual venceu três corridas e terminou o ano no terceiro posto.
O bom desempenho nas categorias menores rendeu ao inglês o prêmio da revista "Auto-
sport" de melhor piloto jovem
de 1998. A premiação lhe valeu
o teste na McLaren, o que seria
o início do caminho para o título de ontem.0
(TATIANA CUNHA)
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