São Paulo, segunda-feira, 19 de outubro de 2009

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Campeão cogitou deixar categoria no fim de 2008

Após ganhar kart do pai e alçar voo, inglês cumpre 10 anos até conquistar título

Triatleta nas horas vagas, piloto da Brawn entrou na F-1 após vencer disputa com um brasileiro em vestibular promovido pela Williams

DA REPORTAGEM LOCAL

Triatleta nas horas vagas, Jenson Button estava ofegante. Após descer do carro, abraçar o pai, os amigos e o preparador físico, correu o paddock inteiro até a garagem da Brawn.
Depois, mais um pique para voltar à sala de entrevistas. Já sem o macacão, mas com o mesmo sorriso no rosto, contou que chegou a pensar em deixar a F-1 no fim do ano passado, quando não sabia qual o destino de seu time.
Mas voltou atrás quando soube por telefone que Ross Brawn havia comprado o que até então era a Honda e que o queria como piloto em 2009.
Não era a primeira vez que uma ligação inesperada mudaria seu destino na categoria.
Como faz sempre que tem uma folga, o inglês estava numa praia do México com a namorada quando o telefone tocou. Era dezembro de 1999 e ele tinha acabado de disputar seu primeiro campeonato de F-3.
Do outro lado da linha, seu empresário avisou-o de que Alain Prost ofereceria um teste com um F-1 em Barcelona.
No mês anterior, ele havia dado 14 voltas num McLaren em Silverstone, como prêmio por ter sido eleito o melhor jovem piloto inglês de 1998.
Mas era o primeiro convite real que recebia. Sem pensar duas vezes, interrompeu as férias e partiu rumo à Espanha.
"Cheguei à pista quando o Jean Alesi e o Nick Heidfeld tinham acabado de testar. Dei uma estudada na telemetria e, na manhã seguinte, sentei-me no carro", conta Button. Foram 36 voltas na pista catalã até que o motor do carro estourou. Mas foi o suficiente para que o piloto fizesse um tempo melhor que o de Alesi no dia anterior e deixasse seu cartão de visitas.
De volta a Frome para passar o Natal com a família, Button estava num pub com amigos quando outra vez o celular colocou-o em contato com a F-1.
A voz do outro lado da linha dizia que era Frank Williams. Mas o piloto demorou a acreditar que aquilo fosse possível. Achou que era algum de seus companheiros tentando lhe pregar uma peça. "Quando me dei conta de que era ele mesmo, corri para fora do pub para podermos conversar com calma."
O dono da Williams lhe perguntou como o teste com a Prost havia sido e se o piloto se achava pronto para chegar à F-1. Mas foi só depois do Natal que o dirigente disse a Button que havia uma possibilidade de ele testar com o brasileiro Bruno Junqueira no mês seguinte.
No início de janeiro, o piloto foi mais uma vez para a Espanha, desta vez para o "vestibular" com Junqueira. O que era para durar três dias se prolongou porque o carro teve problemas durante os testes. O suspense durou até o dia da apresentação do carro da Williams.
"Eu e o Bruno fizemos uma sessão de fotos com o carro e fomos chamados para falar com o Frank individualmente", relembra. "Quando ele me contou que o lugar era meu, eu só disse: "Obrigado, Frank"."
Era o início de sua história na F-1, que ontem chegou ao ápice com a conquista do Mundial. E, apesar de o título ter tardado dez temporadas, nem sempre foi assim em sua carreira.
Carreira que começou há 20 anos, quando Button ganhou de seu pai, John, um kart. Não demorou muito para que ele começasse a incentivar o filho a competir. Quando Jenson tinha nove anos, ele o inscreveu numa corrida, e o filho venceu.
Depois de dois títulos seguidos, em 1991 Button venceu as 34 corridas que disputou no Campeonato Britânico de kart. Mais títulos vieram na sequência e, em 1994, ele resolveu disputar o Italiano de kart, cuja estrutura era mais profissional.
O título veio em sua primeira temporada, com o dobro de pontos do segundo colocado.
No ano seguinte, foi novamente campeão do Italiano. Em 1997, venceu o Europeu de kart. A transição para os monopostos veio na temporada de 1998. De cara, Button foi campeão do Inglês de F-Ford, com nove vitórias. Um ano depois, transferiu-se para a F-3, na qual venceu três corridas e terminou o ano no terceiro posto.
O bom desempenho nas categorias menores rendeu ao inglês o prêmio da revista "Auto- sport" de melhor piloto jovem de 1998. A premiação lhe valeu o teste na McLaren, o que seria o início do caminho para o título de ontem.0 (TATIANA CUNHA)

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