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Família de goleiro morto cobra gratidão do clube
Pai de Weverson diz que apenas elenco ofereceu auxílio após morte do atleta
Inconformados por terem
recebido R$ 2.000 pela rescisão do contrato com multa de US$ 10 milhões, familiares querem FGTS
DA REPORTAGEM LOCAL
Especial e diferenciado é o
elenco do São Paulo; o clube é
tão insensível como qualquer
outro do futebol brasileiro.
A análise é de Marcos Cícero
Saffiotti, 41. Ele é o pai de Weverson, goleiro do São Paulo
morto aos 19 anos em um acidente de carro às vésperas da final da Libertadores e que será
lembrado pelos atletas caso o
título seja conquistado hoje.
Dos atletas, a família recebeu
dinheiro e cartas de solidariedade. Do clube, o financiamento do enterro, uma cesta básica
e ajuda de R$ 500.
"No dia do enterro, o São
Paulo mandou do presidente à
cozinheira que serviu a última
refeição do Weverson no CT.
Mas, depois, eles nos esqueceram. Podiam ter feito como o
São Caetano fez com o Serginho, por exemplo, honrando o
contrato dele até o fim."
Desempregado há anos, se
queixa de não ter recebido auxílio jurídico do clube para
transferir para si os compromissos financeiros de Weverson, única fonte de renda perene da família. "Corri atrás da
papelada sozinho. Nem cópias
dos documentos o clube fez",
narra, aos prantos.
"O problema maior nem é o
dinheiro, mas a falta de gratidão. Eles pagaram só os dias
que ele trabalhou em agosto. O
FGTS nós nunca recebemos",
diz ele, que mantém o armário
de Weverson intacto, com camisas, luvas e até cuecas.
Na hora de falar dos atletas,
principalmente de Rogério,
ídolo de Weverson, porém, o
semblante fica menos tenso.
"Eles fizeram uma vaquinha.
Muitos mandaram cheques.
Meu filho era muito querido,
principalmente pelo Rogério,
uma espécie de tutor dele. Acho
que a falha na final da Libertadores foi influenciada pela
morte do Weverson."
O diretor de futebol do São
Paulo, João Paulo Jesus Lopes,
ficou surpreso com as declarações. "Foi oferecido um emprego ao pai do jogador, mas ele recusou. Disse que o interesse dele seria um táxi. Os jogadores se
cotizaram para dar um Santana, mas então ele preferiu o dinheiro, que depois recebeu."
Lopes disse entender a dor
dos pais pela perda, mas falou
que o clube não deixou ninguém abandonado. "Fizemos
supermercado para eles. E não
foi só uma vez. Com o Bruno
-o outro goleiro que segue
hospitalizado vítima do acidente- o clube já gastou R$ 400
mil em despesas médicas e hospitalares. E não nos queixamos", concluiu.
(LUÍS FERRARI E TONI ASSIS)
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