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JUCA KFOURI
E o Morumbi pode ser uma vaia só
Ou a seleção melhora muito ou será apupada em São Paulo. O time se acovardou demais no segundo tempo
O MORUMBI virá abaixo em
vaias se a seleção brasileira
jogar de maneira tão opaca
como fez ontem, em Lima.
Depois de sair na frente no primeiro tempo com um gol de "topspin" de Kaká, aquela raquetada que
faz a bola descrever um arco até
atingir seu alvo, o time brasileiro
acovardou-se no segundo tempo e
mostrou mais uma vez que depende
de seus talentos individuais.
Por mais que se soubesse da fragilidade da defesa peruana, nossos
atacantes jamais pressionaram a
saída de bola dela e, na verdade, de
positivo mesmo, só tivemos nova
exibição de gala de Juan, bem coadjuvado por Lúcio, que, no entanto,
foi infeliz no gol peruano ao desviar
uma bola que Júlio César pegaria.
E olhe que o time de Dunga ainda
teve a sorte de ver o habilidoso
Guerrero se machucar e ficar no vestiário no intervalo.
Porque, se Júlio César quase não
teve trabalho, ao contrário do goleiro Pinny (com duas excelentes defesas em bolas de Kaká e Lúcio), o fato
é que a orientação de Dunga parece
ser a de que o empate fora é bom resultado, o que impede um futebol
mais corajoso do time brasileiro.
Notável foi o desempenho do árbitro paraguaio, que apitou à européia
e deixou o jogo correr como não estamos acostumados.
Mas ou a seleção trata de ir para cima do Uruguai, muito melhor que o
time peruano, apesar de ter cedido o
empate aos chilenos em Montevidéu (o segundo gol andino foi fruto
de um pênalti inexistente), ou teremos mais uma daquelas vaias estrondosas que caracterizam o exigente torcedor paulista, ainda mais
que uma parte considerável dessa
torcida está, justamente, indignada
com a ausência de Rogério Ceni.
Gênio da raça
Era para ser um documentário
de 90 minutos. Mas um dos diretores do filme, ao quase se desesperar
diante de tanta coisa que teve de
abrir mão, teve, também, um estalo. E tomou sábia decisão: botar
num livro o que não cabia na tela.
E assim o jornalista, roteirista e
diretor de cinema André Iki Siqueira escreveu, e lançou na semana
passada, no Rio, "João Saldanha,
uma vida em jogo", pela Companhia Editora Nacional.
São 551 páginas de ouro puro sobre um dos grandes personagens
da história do Brasil no século 20.
É uma obra rara pelo que consegue conciliar, numa carinhosa, e
obrigatória, homenagem a um brasileiro ainda mais raro, que foi tantos, embora tenha sido um só.
O João Saldanha que emerge das
páginas é o João Saldanha em todas
as suas nuances, sem que Siqueira
oculte coisa alguma em torno dele,
para o bem ou para o mal.
E olhe que o João Sem Medo até
merecia uma autêntica exaltação
com qualidade literária, como também é o caso, mas, cioso de sua missão, o biógrafo também não temeu
descrever o lado menos iluminado
do biografado.
De quebra, o livro ainda traz um
inspirado prefácio de Mário Magalhães, comovente.
Em São Paulo, o livro será lançado no próximo dia 29, na livraria
Saraiva do Shopping Morumbi.
No Rio, foram três horas de fila.
Porque João Saldanha vive, viva
João Saldanha!
blogdojuca@uol.com.br
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