São Paulo, segunda-feira, 19 de dezembro de 2005

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SÃO PAULO TRICAMPEÃO

Elenco diz que polêmicas sobre bichos e invasão de torcedor rival viraram motivação para bater Liverpool

Time busca força em crise e Corinthians

Kimimasa Mayama/Reuters
O atacante Amoroso, que não definiu se continuará no São Paulo, beija o troféu em Yokohama


DO ENVIADO A YOKOHAMA

O São Paulo conseguiu ontem na cidade de Yokohama unir o útil -superar uma crise no grupo para ganhar o tricampeonato mundial- ao agradável -tirar uma casquinha de seu maior rival doméstico, o Corinthians.
Após uma semana conturbada, tomada por problemas com a premiação (acertada, afinal, em torno de R$ 120 mil pela taça) e até atritos entre Amoroso e o presidente do clube, Marcelo Portugal Gouvêa, o time do Morumbi deu a volta por cima ao melhor estilo.
A guinada, diriam os jogadores após a partida, ganhou força quando viram um torcedor corintiano invadir o gramado, logo com três minutos de jogo.
"Quando vi o torcedor entrar no gramado, fui na direção dele. A gente nunca sabe o que uma pessoa dessas vai fazer. Depois, vi as provocações. Ele estava com bichos de pelúcia. Isso deu mais vontade para a gente de vencer", afirmou o atacante Amoroso.
O corintiano que invadiu o campo é o espanhol Albert Monte, 27. Com um Bambi de pelúcia nas mãos, enroscou-se nas redes do gol de Rogério, interrompendo o jogo por quatro minutos. Ele já invadira a semifinal da Copa das Confederações, na Alemanha, em junho -lá, atirou uma bandeira corintiana em Robinho.
Após o título, Amoroso provocou o rival. "Agora que o jogo acabou e fomos campeões, o choro é livre. Para ser campeão, é preciso atravessar o oceano e ganhar a Libertadores, o que não é o caso do Corinthians", alfinetou.
Mas o que estava saindo em tom de ironia ganhou contornos de desabafo. "Falaram muita besteira. Devia ser coisa de corintiano [disse referindo-se aos jornalistas] ou de anti-são-paulino mesmo."
O zagueiro Edcarlos, considerado irregular contra o Al Ittihad, também reclamou. "Fomos criticados injustamente por muitas coisas. Mas, no futebol, você tem de provar jogo a jogo", afirmou.
Para Josué, a crise foi um fato que uniu o grupo ainda mais na busca pelo título. "Entramos determinados a ganhar e mostramos que podíamos vencer os ingleses", declarou o camisa 8.
Mas, se o time tentava dar o ar de que a crise alardeada pela imprensa não tinha fundamento, o presidente Marcelo Portugal Gouvêa colocou lenha na briga. Proibiu os jornalistas de entrarem na festa pelo título ontem à noite.
O meia Souza contrastava com a festa grupo. Magoado por não ter atuado em nenhum dos dois jogos, anunciou que está saindo.
"Meu ciclo no São Paulo está encerrado. Vim aqui para jogar, me preparei, as pessoas foram até o meu quarto dizer que eu entraria no jogo, e nada", falou o meia, que ganhara espaço com a chegada de Autuori ao Morumbi. Surpreso, o vice de futebol, Juvenal Juvêncio, prometeu demovê-lo.
Quem também pode defender uma outra camisa em 2006 é Amoroso. Ele disse que a renovação de seu contrato só deve ser definida em janeiro. "Sou jogador do São Paulo até o dia 31 de dezembro. Meu procurador vai cuidar disso. Agora quero descansar", disse ele, que tem pré-contrato com o FC Tokyo, mas afirma dar prioridade é são-paulina.
"A questão é sentar e conversar." Ele deseja três anos de contrato, mas o São Paulo quer dois.
O time entrou em campo de luto pelo conselheiro José da Rocha Ferreira Filho, 84, morto ontem por causas naturais. Ele viajou com a delegação. O Liverpool também homenageou o pai de Rafael Benítez, que morreu na Espanha. (TONI ASSIS)


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