São Paulo, sexta-feira, 20 de janeiro de 2006

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BOXE

Valdemir Pereira, o Sertão, encara tailandês por cinturão vago e pode fazer Bahia alcançar SP em número de campeões

Nos EUA, baiano tenta título e "igualdade"

EDUARDO OHATA
ENVIADO ESPECIAL A MASHANTUCKET

Valdemir Pereira, o Sertão, 31, fará a Bahia igualar São Paulo em número de campeões e de cinturões caso conquiste o título vago dos penas da Federação Internacional de Boxe. A luta contra o tailandês Fahproakob Rakkiatgym será na madrugada de sábado em Mashantucket (EUA), sem transmissão da TV para o Brasil.
Com o cinturão, Sertão e Popó, outro baiano, somariam quatro títulos e igualariam os paulistas em número de campeões. Eder Jofre e Miguel de Oliveira, de SP, dividem quatro cinturões entre si.
"Trago a força baiana que é o axé", disse Sertão, na pesagem de ontem, exaltando seu Estado.
No amadorismo, a Bahia vem dominando desde 2001, com quatro títulos nacionais conquistados -perdeu só em 2002. "O que a Bahia tem de interessante é material humano. Na seleção e nos maiores clubes de São Paulo tem muito baiano", comenta Popó.
Sertão, por sua vez, tem uma teoria para isso. "A situação financeira na Bahia não está tão boa quanto em São Paulo, por isso o baiano tem mais raça do que o paulista. Ele quer dar algo de bom para suas famílias", diz ele, que acredita em seu conterrâneo.
"O Popó pode ganhar outro título. É possível que tenhamos dois campeões baianos ao mesmo tempo", analisa Sertão, que ganhou o apelido por ir "filar" aos domingos carne de sertão na casa de um amigo, quando ainda morava em Cruz das Almas (BA).
O manager de Sertão, Servílio de Oliveira, crê que São Paulo ainda é o principal pólo do país. "A carreira do Sertão ocorreu em São Paulo, e o Popó passou muito tempo no amadorismo por lá. É lá que está o dinheiro", justifica.
"Se não fosse uma proposta do Servílio para ficar em São Paulo, voltaria para a Bahia para capinar a roça com enxada, vender farinha ou picolé na rua", diz Sertão.
Eder Jofre, reconhecido como um dos melhores lutadores da história, festeja o fato de um brasileiro disputar um título em uma categoria na qual já foi campeão.
"Não conheço o Sertão. Mas é surpresa boa ter mais um brasileiro no ranking, como campeão. Acho que, depois do Popó, todos dizem lá "oxente, bichinho, também vou ser campeão'", brinca.
Desde que Popó ganhou um título, Sertão é o brasileiro com melhores chances de envergar um cinturão. Ele busca comenda retirada de Juan Manuel Márquez, um dos melhores pugilistas da atualidade. Para Sertão, pegar o tailandês em vez do mexicano é vantajoso por dois motivos.
Primeiro, evita favorecimento ao campeão, que muitos crêem existir, da parte dos jurados. Em segundo, porque o currículo do tailandês não tem a mesma qualidade do ostentado por Márquez.
Em sua única disputa de cinturão -entre os supergalos, uma categoria abaixo-, o tailandês foi fulminado em um assalto pelo filipino Manny Pacquiao. "Não me importo de não enfrentar um campeão. Depois que ganhar o título, outros campeões, e até ele mesmo [Márquez], vão querer me enfrentar", explica Sertão.
O evento está a cargo do promotor de Sertão, Arthur Pelullo, que tem Popó sob contrato. Acredita-se que o lutador "da casa" sempre tem a vantagem. "Isso é benéfico, me dá confiança de que seremos campeões", concorda Servílio.
A pesagem aconteceria ontem, após o fechamento desta edição.


O jornalista Eduardo Ohata viaja a convite da Banner Promotions

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