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BOXE
Valdemir Pereira, o Sertão, encara tailandês por cinturão vago e pode fazer Bahia alcançar SP em número de campeões
Nos EUA, baiano tenta título e "igualdade"
EDUARDO OHATA
ENVIADO ESPECIAL A MASHANTUCKET
Valdemir Pereira, o Sertão, 31,
fará a Bahia igualar São Paulo em
número de campeões e de cinturões caso conquiste o título vago
dos penas da Federação Internacional de Boxe. A luta contra o tailandês Fahproakob Rakkiatgym
será na madrugada de sábado em
Mashantucket (EUA), sem transmissão da TV para o Brasil.
Com o cinturão, Sertão e Popó,
outro baiano, somariam quatro
títulos e igualariam os paulistas
em número de campeões. Eder
Jofre e Miguel de Oliveira, de SP,
dividem quatro cinturões entre si.
"Trago a força baiana que é o
axé", disse Sertão, na pesagem de
ontem, exaltando seu Estado.
No amadorismo, a Bahia vem
dominando desde 2001, com quatro títulos nacionais conquistados
-perdeu só em 2002. "O que a
Bahia tem de interessante é material humano. Na seleção e nos
maiores clubes de São Paulo tem
muito baiano", comenta Popó.
Sertão, por sua vez, tem uma
teoria para isso. "A situação financeira na Bahia não está tão
boa quanto em São Paulo, por isso o baiano tem mais raça do que
o paulista. Ele quer dar algo de
bom para suas famílias", diz ele,
que acredita em seu conterrâneo.
"O Popó pode ganhar outro título. É possível que tenhamos
dois campeões baianos ao mesmo
tempo", analisa Sertão, que ganhou o apelido por ir "filar" aos
domingos carne de sertão na casa
de um amigo, quando ainda morava em Cruz das Almas (BA).
O manager de Sertão, Servílio
de Oliveira, crê que São Paulo ainda é o principal pólo do país. "A
carreira do Sertão ocorreu em São
Paulo, e o Popó passou muito
tempo no amadorismo por lá. É lá
que está o dinheiro", justifica.
"Se não fosse uma proposta do
Servílio para ficar em São Paulo,
voltaria para a Bahia para capinar
a roça com enxada, vender farinha ou picolé na rua", diz Sertão.
Eder Jofre, reconhecido como
um dos melhores lutadores da
história, festeja o fato de um brasileiro disputar um título em uma
categoria na qual já foi campeão.
"Não conheço o Sertão. Mas é
surpresa boa ter mais um brasileiro no ranking, como campeão.
Acho que, depois do Popó, todos
dizem lá "oxente, bichinho, também vou ser campeão'", brinca.
Desde que Popó ganhou um título, Sertão é o brasileiro com melhores chances de envergar um
cinturão. Ele busca comenda retirada de Juan Manuel Márquez,
um dos melhores pugilistas da
atualidade. Para Sertão, pegar o
tailandês em vez do mexicano é
vantajoso por dois motivos.
Primeiro, evita favorecimento
ao campeão, que muitos crêem
existir, da parte dos jurados. Em
segundo, porque o currículo do
tailandês não tem a mesma qualidade do ostentado por Márquez.
Em sua única disputa de cinturão -entre os supergalos, uma
categoria abaixo-, o tailandês foi
fulminado em um assalto pelo filipino Manny Pacquiao. "Não me
importo de não enfrentar um
campeão. Depois que ganhar o título, outros campeões, e até ele
mesmo [Márquez], vão querer
me enfrentar", explica Sertão.
O evento está a cargo do promotor de Sertão, Arthur Pelullo, que
tem Popó sob contrato. Acredita-se que o lutador "da casa" sempre
tem a vantagem. "Isso é benéfico,
me dá confiança de que seremos
campeões", concorda Servílio.
A pesagem aconteceria ontem,
após o fechamento desta edição.
O jornalista Eduardo Ohata viaja a convite da Banner Promotions
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