São Paulo, sexta-feira, 20 de janeiro de 2006

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FUTEBOL

Prazer, Maria-Chuteira

XICO SÁ
COLUNISTA DA FOLHA

Amigos torcedores, amigos secadores, com vocês Sheylla Regina, uma bela de uma Maria-Chuteira. Mesmo para quem bate uma bolinha mixuruca, terá todo prazer do mundo em conhecê-la.
Assumidíssima, assumidérrima, como ela diz e repete, gastando o gloss das hipérboles nos seus lábios de Iracema. O cabelo era também da cor da asa da graúna, como atesta o amigo alencarino Lira Neto, mas, infelizmente, teve que tingi-los. De loiro, claro.
Uma Maria-Chuteira legítima, autêntica, nunca é burra, Mas, como manda o regulamento, é obrigatoriamente loira.
Livre arbítrio do desejo, livre pensar, o que importa não é a cor do pêlo, o que vale é o cocuruto, a caixinha de surpresas de neurônios. Maria-Chuteira, sim senhor. E daí? Que mal há nisso.
"Feio é roubar", defende-se, na classe de uma Maria que sabe sair jogando, após amaciar no peito as calúnias, descer na coxa as injúrias e lançar para o homem-gol penetrar com bola e tudo.
Sheylla chuta a canela: "Maria-Chuteira sim, jamais uma celebridade fajuta que corre atrás de craques estrelas para faturar na mídia". A moça tem história. É Maria-Chuteira desde a várzea, quando apaixonou-se perdidamente e o coração fez overlapping com um lateral do torneio "Desafio ao Galo".
A nossa amiga é do tipo de Maria que prefere Sócrates a Raí, só para ficar no mesmo lar-doce-lar de Ribeirão. Embora reconheça que o galã do Morumbi, mesmo muito menos talentoso em campo, também entendia do riscado.
David Beckham? Ela detesta, claro, assim como todos os metrossexuais com ou sem bola nos pés. Ela prefere a vitória por pontos, tática dos feios, aos nocautes dos bonitões e metidos.
Sheylla Regina sabe tudo.
Ela sabe tanto que até entendeu a ótima coluna do Tostão, aqui nesta Folha, sobre Lacan, Freud, vida real, Romário e os seus símbolos. Uma danada, essa mulher quase honesta.
Esperta, já começou a escrever um livro sobre o assunto, aproveitando dos seus pendores árabes: "O baixinho -mil gols, mil e uma noites".
"Tenho que fazer meu futuro, minha vida, já que não vivo de pensões picaretas", reflete, com uma fina ironia de raspão para o fundo das redes inimigas. "Poderia ter engravidado de um time inteiro, mas sempre achei que o amor não pode durar apenas 90 minutos, seguidos de cobranças de pênaltis".
Muito sábia, essa mulher quase honesta.
E Sheylla já emenda: "Sabe o Vagner Love?" Sim, claro. Faz de conta que foi o primeiro. Ela é quase inventora desse sobrenome que nasceu de uma fuga do craque numa já distante Copa São Paulo de juniores.
O seu mantra sempre foi a lição do velho Gentil Cardoso: "Quem se desloca recebe, quem pede tem preferência". E o seu lema eterno é o de todas da mesma classe: Maria-Chuteira que é Maria-Chuteira está acima do bem e do mal, não tem fase ruim nem time do coração!

Fêmea ideal
"É assim que ela é/ metade futebol/ metade mulher" (Versos do disco da banda Eddie. Isso é que é rock na linha do gol).

Direito de resposta
Diante das queixas dos boleiros do Rio, a bola laranja do atual campeonato, mais leve e mignon, procura o cronista, quicando aqui no quintal de casa, para reclamar de maus tratos generalizados. Pior do que isso, só nas delegacias de tortura espalhadas por ai, diz, serelepe, a lolita redonda.

Milésimo já
Não se fala em outra coisa no Recife: o Íbis já procurou o Vasco para marcar o jogo do gol mil de Romário, como proposto aqui nesta várzea de coluna. A propósito, Pelé também fez uma baciada nos Íbis da época.

E-mail xico.folha@uol.com.br


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