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FUTEBOL
Prazer, Maria-Chuteira
XICO SÁ
COLUNISTA DA FOLHA
Amigos torcedores, amigos
secadores, com vocês Sheylla
Regina, uma bela de uma Maria-Chuteira. Mesmo para quem bate
uma bolinha mixuruca, terá todo
prazer do mundo em conhecê-la.
Assumidíssima, assumidérrima, como ela diz e repete, gastando o gloss das hipérboles nos seus
lábios de Iracema. O cabelo era
também da cor da asa da graúna,
como atesta o amigo alencarino
Lira Neto, mas, infelizmente, teve
que tingi-los. De loiro, claro.
Uma Maria-Chuteira legítima,
autêntica, nunca é burra, Mas,
como manda o regulamento, é
obrigatoriamente loira.
Livre arbítrio do desejo, livre
pensar, o que importa não é a cor
do pêlo, o que vale é o cocuruto, a
caixinha de surpresas de neurônios. Maria-Chuteira, sim senhor.
E daí? Que mal há nisso.
"Feio é roubar", defende-se, na
classe de uma Maria que sabe sair
jogando, após amaciar no peito
as calúnias, descer na coxa as injúrias e lançar para o homem-gol
penetrar com bola e tudo.
Sheylla chuta a canela: "Maria-Chuteira sim, jamais uma celebridade fajuta que corre atrás de
craques estrelas para faturar na
mídia". A moça tem história. É
Maria-Chuteira desde a várzea,
quando apaixonou-se perdidamente e o coração fez overlapping
com um lateral do torneio "Desafio ao Galo".
A nossa amiga é do tipo de Maria que prefere Sócrates a Raí, só
para ficar no mesmo lar-doce-lar
de Ribeirão. Embora reconheça
que o galã do Morumbi, mesmo
muito menos talentoso em campo, também entendia do riscado.
David Beckham? Ela detesta,
claro, assim como todos os metrossexuais com ou sem bola nos
pés. Ela prefere a vitória por pontos, tática dos feios, aos nocautes
dos bonitões e metidos.
Sheylla Regina sabe tudo.
Ela sabe tanto que até entendeu
a ótima coluna do Tostão, aqui
nesta Folha, sobre Lacan, Freud,
vida real, Romário e os seus símbolos. Uma danada, essa mulher
quase honesta.
Esperta, já começou a escrever
um livro sobre o assunto, aproveitando dos seus pendores árabes:
"O baixinho -mil gols, mil e
uma noites".
"Tenho que fazer meu futuro,
minha vida, já que não vivo de
pensões picaretas", reflete, com
uma fina ironia de raspão para o
fundo das redes inimigas. "Poderia ter engravidado de um time
inteiro, mas sempre achei que o
amor não pode durar apenas 90
minutos, seguidos de cobranças
de pênaltis".
Muito sábia, essa mulher quase
honesta.
E Sheylla já emenda: "Sabe o
Vagner Love?" Sim, claro. Faz de
conta que foi o primeiro. Ela é
quase inventora desse sobrenome
que nasceu de uma fuga do craque numa já distante Copa São
Paulo de juniores.
O seu mantra sempre foi a lição
do velho Gentil Cardoso: "Quem
se desloca recebe, quem pede tem
preferência". E o seu lema eterno
é o de todas da mesma classe: Maria-Chuteira que é Maria-Chuteira está acima do bem e do mal,
não tem fase ruim nem time do
coração!
Fêmea ideal
"É assim que ela é/ metade futebol/ metade mulher" (Versos
do disco da banda Eddie. Isso é
que é rock na linha do gol).
Direito de resposta
Diante das queixas dos boleiros
do Rio, a bola laranja do atual
campeonato, mais leve e mignon, procura o cronista, quicando aqui no quintal de casa,
para reclamar de maus tratos
generalizados. Pior do que isso,
só nas delegacias de tortura espalhadas por ai, diz, serelepe, a
lolita redonda.
Milésimo já
Não se fala em outra coisa no
Recife: o Íbis já procurou o Vasco para marcar o jogo do gol
mil de Romário, como proposto aqui nesta várzea de coluna.
A propósito, Pelé também fez
uma baciada nos Íbis da época.
E-mail xico.folha@uol.com.br
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