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São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 2003

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Decisão vem após Comitê Executivo da FPF ratificar discurso de Farah, ignorar regulamento e beneficiar o São Paulo na decisão do Paulista

Corinthians apela à Justiça por vantagem

MARÍLIA RUIZ
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL

Pouco depois de a FPF definir que o São Paulo deveria ter vantagem nas finais do Paulista-2003, o Corinthians protocolou no Tribunal de Justiça Desportiva da federação recurso para fazer valer o que está escrito no regulamento.
O clube não concordou com a decisão do Comitê Executivo da entidade, que ontem ratificou a intenção do seu presidente licenciado, Eduardo José Farah, de ignorar o que estava estabelecido pelas regras do Estadual e dar ao São Paulo o benefício do empate na soma dos resultados das finais contra o rival -o Corinthians venceu o primeiro jogo por 3 a 2.
Tão logo a decisão do comitê saiu, os advogados do clube agiram e não tardaram em entrar com a reclamação. O recurso ao TJD após o revés no comitê foi o primeiro passo da cúpula corintiana, que não descarta chegar, se preciso for, à Justiça comum.
Os corintianos disseram que não se surpreenderam com a decisão, mas que "precisavam" da derrota para discutir o assunto em outras instâncias.
"Foi o primeiro passo. Nos defendemos. [A decisão] abriu espaço para o Corinthians continuar brigando. Espero que saia uma decisão até sábado. Se não sair, os jogadores saberão o que fazer", disse o vice de futebol do clube, Antonio Roque Citadini.
Mas o advogado do clube, João Zanforlim, não acredita que o tribunal seja rápido. "Deve demorar uns 15 dias, mas estou estudando a possibilidade de levar o caso também para o STJD [Superior Tribunal de Justiça Desportiva]."
O direito de vantagem do clube, bastante claro pelo regulamento, foi defendido no Comitê Executivo apenas pelo gerente de futebol corintiano, Edvar Simões.
O dirigente argumentou que os corintianos receberam menos cartões vermelhos (2 a 3) e amarelos (21 a 30), critério de desempate estabelecido no regulamento pela FPF, do que o adversário.
Mas os outros seis membros resolveram que o melhor saldo de gols na somatória das fases do Paulista (que privilegia os são-paulinos, mas não está no regulamento) devia prevalecer sobre o ranking de cartões, que seria decisivo em caso de igualdade dos times no saldo de gols das finais e no total de pontos ganhos.
José Maria Marin, ex-presidente da FPF, Juvenal Juvêncio, conselheiro do São Paulo, os palmeirenses Carlos Facchina Nunes e Salvador Mezarane, Samir Abdul-Hak, ex-presidente do Santos, e o jornalista Orlando Duarte basearam as suas posições no "critério técnico", apesar de os times não terem enfrentado os mesmo rivais no torneio -21 clubes, divididos em três chaves, jogaram apenas dentro do próprio grupo para chegarem aos mata-matas.
O porta-voz do grupo, Orlando Duarte, disse que o grupo "corrigiu uma falha". "O comitê, por 6 a 1, decidiu que a parte técnica é mais importante do que os cartões. Se você observar friamente o que diz o regulamento, achará uma falha. Nós corrigimos porque o espírito do regulamento é dar mais valor à técnica."
O jornalista, entretanto, não foi taxativo quando questionado sobre os resultados que dariam o título ao São Paulo e admitiu a brecha aberta para que o Corinthians fosse à Justiça. "Se o São Paulo ganhar por um gol de diferença, será o campeão. Se ganhar por dois, mais ainda e sem discussão."


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