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PINGUE-PONGUE
Magnata russo, exceção, estima retorno "ótimo"
DA REPORTAGEM LOCAL
Considerado o segundo homem mais rico da Rússia, Roman Abramovich, 37, gerou
polêmica ao comprar o Chelsea, clube inglês no qual investiu cerca de US$ 355 milhões.
A negociação dividiu o povo
russo -segundo as pesquisas,
34% da população foi contra o
negócio, 25%, a favor, e 41%,
indiferente- e gerou a desconfiança do governo de Vladimir Putin. A suspeita é que o
negócio foi uma forma de
Abramovich enviar dinheiro
ao exterior e, com o futebol, lavar parte de seus rendimentos.
Na Rússia, o magnata começou a fazer fortuna nos anos 90,
investindo em petróleo. Aliou-se a Boris Berezovsky, empresário de mídia e que, como
Abramovich, foi próximo do
Kremlin na década passada.
Rompido com o governo Putin, no entanto, Berezovsky
acabou exilado, porém Abramovich ainda tenta se aproximar do atual presidente.
Mas vive a maior parte do
tempo no Reino Unido, onde
criou uma empresa para administrar suas finanças. Por intermédio de sua assessoria, Abramovich, que diz não dominar o
inglês, concedeu entrevista à
Folha, com a condição de não
discutir temas políticos.
(JCA)
Folha - Por que o senhor decidiu investir no futebol inglês?
Roman Abramovich - Porque
gosto de esporte, queria ter um
time de futebol, acho um investimento que pode ter um ótimo
retorno. A valorização de jogadores pode ser muito grande, e
não sou um outsider. Em
Omsk, eu tinha um time de hóquei, então por que não ter
uma equipe de futebol?
Folha - O sr. tentou contratar o
Ronaldo, do Real Madrid?
Abramovich - Não. Como
qualquer grande atleta interessa, quem sabe um dia, mas não
cheguei a fazer proposta. Quero formar um time de ponta, e
qualquer jogador de ponta pode entrar na mira. Se o [David]
Beckham quiser jogar aqui,
não sou eu que vou dizer não,
as portas estão escancaradas...
Folha - Sua fortuna é estimada
em mais de US$ 7 bilhões. Muitos russos acham que o dinheiro
deveria ser investido dentro da
Rússia, não na Inglaterra...
Abramovich - No mundo globalizado, não se coloca todos os
ovos no mesmo cesto. Além do
mais, invisto muito na Rússia
[anteontem anunciou parceria
com o CSKA, de Moscou].
Construo escolas, patrocino
orfanatos, luto para que o processo de adoção de crianças
russas por estrangeiros seja facilitado e invisto também no
futebol. Vou construir três estádios em Moscou e arredores.
Folha - E sobre a suspeita de
que a compra do Chelsea teria sido para lavar dinheiro?
Abramovich - Todo dinheiro
foi ganho legitimamente com
petróleo, mídia e aviação, e
uma parte dele remetida legalmente ao exterior. Com o fim
do comunismo, houve um vácuo econômico no país, e muita gente acha que todo dinheiro
ganho é ilegal, quando não é. É
fruto de muito trabalho.
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