São Paulo, segunda-feira, 20 de março de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AUTOMOBILISMO

Renault faz dobradinha no GP da Malásia em dia de consagração para segundos pilotos; Massa é quinto

Com Fisichella, coadjuvantes vão à forra

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A SEPANG (MALÁSIA)

Giancarlo Fisichella à frente, os segundos pilotos das equipes que devem protagonizar a luta pelo Mundial de F-1 tiveram seu dia de glória ontem em Sepang. Pressionados, criticados, ameaçados de sucumbir à subserviência no caso de mais um GP ruim, vingaram-se, cada um a seu modo, da derrota engolida uma semana antes.
Hoje respiram aliviados, enfim.
A exceção foi Rubens Barrichel-lo. Do quarteto Renault, Ferrari, McLaren e Honda, só a última viu seu principal piloto, Jenson Button, mais uma vez na dianteira.
Saindo na pole, Fisichella conquistou na Malásia a terceira vitória da carreira. Foi seguido pelo parceiro de Renault, Fernando Alonso. Button fechou o pódio.
Juan Pablo Montoya foi o quarto. Seu companheiro de McLaren, Kimi Raikkonen, abandonou logo na primeira volta. Felipe Massa foi o quinto e, pelo espelho retrovisor, assistiu ao outro ferrarista, Michael Schumacher, receber a bandeirada 0s600 atrás.
Já Barrichello ficou em décimo. Enquanto Button comemorava com champanhe sua vice-liderança no Mundial, o brasileiro caminhava pelo paddock, decepcionado, cabisbaixo, dizendo não entender o que se passa com ele.
Fisichella estava sujeito ao mesmo risco em caso de novo fracasso -no Bahrein, uma semana antes, não havia pontuado. Até por isso, acelerou como um alucinado ontem: mesmo com a F-1 usando motores V8, cerca de 10% menos potentes que os V10, ele bateu o recorde de velocidade da corrida. Fez a prova à média de 205,397 km/h, batendo os 204,384 km/h de Schumacher em 2004.
"Foi uma prova perfeita para mim, mas muito dura fisicamente e mentalmente", disse o italiano. Durante o GP, a temperatura girou na casa dos 35C.
Na largada, o pole aproveitou-se do bom controle de tração da Renault e manteve-se à frente. Alonso, sétimo no grid, fez o mesmo e contornou a primeira curva já na terceira colocação, só atrás do parceiro e de Button.
Enquanto isso, Raikkonen tinha um problema. O nome dele, Christian Klien. Abalroado na traseira pelo austríaco, deixou o GP com a suspensão quebrada.
Largando respectivamente em 20º e 21º, punidos por trocas de motores, Barrichello e Massa tentavam se livrar de carros mais lentos. Os brasileiros foram os únicos a fazer apenas um pit stop.
Ao fim da primeira volta, o ferrarista já estava em 14º, seguido imediatamente pelo compatriota. Começou a desgarrar. Na 17ª volta, Massa entrou na zona de pontos -oitava posição-, enquanto Barrichello estancou em 11º.
Lá na frente, Fisichella seguia sem sustos. Só perdeu a liderança nos intervalos entre seus pits e os dos adversários. Alonso, o único em condições de atacá-lo, não conseguia se livrar de Button.
O espanhol só teve o caminho aberto após a última passagem pelos boxes, na 43ª volta, quando superou o inglês. Tinha, então, 11s784 de desvantagem. Ao seu estilo, resolveu partir para cima.
Faltavam, porém, apenas 13 voltas para o fim. O campeão tentou, reduziu a folga do italiano para oito segundos, mas nem ele pôde fazer mais. Cruzou em segundo, contrariado, reclamando do problema que teve no treino oficial -mais gasolina que o necessário. "Não fosse isso, as coisas seriam diferentes", afirmou.
Massa superou Schumacher quando o alemão fez seu último pit e segurou-o atrás por 11 voltas. "Na minha cabeça, ele era um piloto como qualquer outro", disse o brasileiro, sorriso aberto.
O mesmo sorriso que exibiam Fisichella e Montoya. Sorrisos de coadjuvantes que, por um dia, cutucaram os astros principais.


Texto Anterior: Leão pede calma com perseguidos
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.