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VÔLEI
Os caderninhos
CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA
O meu personagem da semana é o São Caetano, um time
que não era cotado nem para ficar entre os seis primeiros da Superliga e foi bem além. Conseguiu
vaga nas semifinais com uma
equipe jovem (média de 20 anos)
e composta por jogadoras recém-saídas das seleções infanto-juvenil e juvenil.
O time é comandado por Antônio Rizola, técnico da seleção juvenil. Por trabalhar há mais de
dez anos com categorias de base,
ele conhece como poucos a nova
geração do vôlei. Não por acaso,
campeãs mundiais juvenis, como
a levantadora Fabíola e a ponteira Suelle, estão no seu time.
O São Caetano conseguiu uma
vaga nas semifinais depois de
uma batalha de dois jogos com o
Pinheiros. No primeiro, a vitória
foi por 3 sets a 2. No segundo, o
placar foi um surpreendente 3 a 0,
graças às mudanças feitas no time, que atrapalharam, e muito, a
marcação feita pelos adversários.
Ousadia é o que não faltou.
Nesse último confronto, o técnico
mudou a posição de três jogadoras. Suelle, que joga na ponta, foi
para a saída de rede. A oposta Ciça atuou como ponteira na rede
de duas atacantes. E Dayse, dona
da posição para a qual Ciça foi
deslocada, jogou na rede de três
atacantes.
Para as mudanças darem certo,
o time apostou tudo nesse jogo e
passou as últimas semanas antes
do confronto testando essa formação. Rizola desenvolve com as
atletas uma prática que ajuda na
assimilação rápida das mudanças: todas as alterações são discutidas e decididas em grupo.
O método tem um nome: desenvolvimento da inteligência de jogo e tomada de decisão.
A idéia é que as atletas aprendam a ler taticamente uma partida. As jogadoras têm um caderno, no qual anotam como jogam
os adversários, as maneiras de
marcá-los e as observações sobre
a própria equipe.
O técnico Rizola conta que todos os treinos são feitos a partir
dessas anotações. As atletas trazem seus caderninhos e, em conjunto com a comissão técnica, decidem como vão jogar.
A prática deu certo: há 14 anos o
São Caetano não conseguia
avançar para as semifinais do
campeonato nacional.
O próximo rival será o Rio, o
único invicto da Superliga, com
18 vitórias, e o grande candidato
ao título. Confiante, Rizola tem
até uma frase divertida para definir o desafio: "Milagres existem".
Para isso, segundo ele, seu time
terá que jogar 100%, e o Rio, 60%.
O certo é que vai ser difícil tirar
o título do Rio. O Osasco, que teria mais condições de realizar a
façanha, está irregular. O time,
com problemas de recepção, foi
surpreendido pelo Minas e só passou às semifinais ao vencer ontem
o terceiro jogo. Agora, vai enfrentar o Macaé nas semifinais.
No masculino, grandes batalhas estão reservadas para as semifinais, que começam na quinta. O Minas, que sofreu para eliminar a Ulbra, enfrenta a Unisul,
do técnico Zé Roberto. O Banespa,
que teve dificuldade para passar
pelo Bento Gonçalves, pega o Florianópolis, do técnico Renan.
Modelo especial
A atacante Paula Pequeno tem desfilado na arquibancada dos jogos
do Osasco com uniforme especial do time. Grávida de quase sete meses, ela usa um vestido vermelho com o nome da equipe no peito. O
modelinho não foi presente do clube. Foi ela quem encomendou.
Paula está afastada das quadras desde janeiro. A sua filhinha, Mel,
deve nascer em maio.
Pelo mundo
O Sakae Blazers, dos brasileiros Rivaldo e Kalé, é o novo campeão do
Japão. O time obteve o título ao bater o Suntory, do oposto Joel, por 3
sets 2. Na Itália, o Treviso, do central Gustavo, venceu o Montichiari
por 3 a 0 e chegou à 19ª vitória em 24 jogos, mas está atrás do líder
Macerata, do central Rodrigão, que ontem venceu o Latina por 3 a 0.
E-mail - cidasan@uol.com.br
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