São Paulo, segunda-feira, 20 de março de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VÔLEI

Os caderninhos

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

O meu personagem da semana é o São Caetano, um time que não era cotado nem para ficar entre os seis primeiros da Superliga e foi bem além. Conseguiu vaga nas semifinais com uma equipe jovem (média de 20 anos) e composta por jogadoras recém-saídas das seleções infanto-juvenil e juvenil.
O time é comandado por Antônio Rizola, técnico da seleção juvenil. Por trabalhar há mais de dez anos com categorias de base, ele conhece como poucos a nova geração do vôlei. Não por acaso, campeãs mundiais juvenis, como a levantadora Fabíola e a ponteira Suelle, estão no seu time.
O São Caetano conseguiu uma vaga nas semifinais depois de uma batalha de dois jogos com o Pinheiros. No primeiro, a vitória foi por 3 sets a 2. No segundo, o placar foi um surpreendente 3 a 0, graças às mudanças feitas no time, que atrapalharam, e muito, a marcação feita pelos adversários.
Ousadia é o que não faltou. Nesse último confronto, o técnico mudou a posição de três jogadoras. Suelle, que joga na ponta, foi para a saída de rede. A oposta Ciça atuou como ponteira na rede de duas atacantes. E Dayse, dona da posição para a qual Ciça foi deslocada, jogou na rede de três atacantes.
Para as mudanças darem certo, o time apostou tudo nesse jogo e passou as últimas semanas antes do confronto testando essa formação. Rizola desenvolve com as atletas uma prática que ajuda na assimilação rápida das mudanças: todas as alterações são discutidas e decididas em grupo.
O método tem um nome: desenvolvimento da inteligência de jogo e tomada de decisão.
A idéia é que as atletas aprendam a ler taticamente uma partida. As jogadoras têm um caderno, no qual anotam como jogam os adversários, as maneiras de marcá-los e as observações sobre a própria equipe.
O técnico Rizola conta que todos os treinos são feitos a partir dessas anotações. As atletas trazem seus caderninhos e, em conjunto com a comissão técnica, decidem como vão jogar.
A prática deu certo: há 14 anos o São Caetano não conseguia avançar para as semifinais do campeonato nacional.
O próximo rival será o Rio, o único invicto da Superliga, com 18 vitórias, e o grande candidato ao título. Confiante, Rizola tem até uma frase divertida para definir o desafio: "Milagres existem". Para isso, segundo ele, seu time terá que jogar 100%, e o Rio, 60%.
O certo é que vai ser difícil tirar o título do Rio. O Osasco, que teria mais condições de realizar a façanha, está irregular. O time, com problemas de recepção, foi surpreendido pelo Minas e só passou às semifinais ao vencer ontem o terceiro jogo. Agora, vai enfrentar o Macaé nas semifinais.

 

No masculino, grandes batalhas estão reservadas para as semifinais, que começam na quinta. O Minas, que sofreu para eliminar a Ulbra, enfrenta a Unisul, do técnico Zé Roberto. O Banespa, que teve dificuldade para passar pelo Bento Gonçalves, pega o Florianópolis, do técnico Renan.

Modelo especial
A atacante Paula Pequeno tem desfilado na arquibancada dos jogos do Osasco com uniforme especial do time. Grávida de quase sete meses, ela usa um vestido vermelho com o nome da equipe no peito. O modelinho não foi presente do clube. Foi ela quem encomendou. Paula está afastada das quadras desde janeiro. A sua filhinha, Mel, deve nascer em maio.

Pelo mundo
O Sakae Blazers, dos brasileiros Rivaldo e Kalé, é o novo campeão do Japão. O time obteve o título ao bater o Suntory, do oposto Joel, por 3 sets 2. Na Itália, o Treviso, do central Gustavo, venceu o Montichiari por 3 a 0 e chegou à 19ª vitória em 24 jogos, mas está atrás do líder Macerata, do central Rodrigão, que ontem venceu o Latina por 3 a 0.

E-mail - cidasan@uol.com.br

Texto Anterior: Times protestam contra a Ferrari
Próximo Texto: Panorâmica - Futebol: Milan goleia, mas segue longe da liderança
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.