São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 2008

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Brasil se redime na prancheta

Assistente no San Diego, Walter Roese ajuda time a ir à fase final do basquete universitário dos EUA

Enquanto treinadores do país vêm sendo criticados e seleção é dirigida pela 1ª vez por estrangeiro, brasileiro está no "March Madness"


ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em uma época em que o trabalho dos técnicos brasileiros vem sendo bastante criticado -pela primeira vez a seleção nacional será dirigida por um estrangeiro-, um representante do país se destaca no basquete universitário dos EUA.
Em seu ano de estréia como assistente do técnico Bill Grier na Universidade de San Diego, Walter Roese ajudou a levar o time ao "March Madness" ("Loucuras de Março", como é chamada a fase final do universitário norte-americano).
Pioneiro do país na função na pátria do basquete, Roese acredita que outros brasileiros podem obter sucesso nos EUA.
"Não sei se há preconceito contra técnicos brasileiros. Isso é muito da cabeça de cada um. Se você mostrar seriedade em seu trabalho, as coisas boas acabam vindo", comenta o treinador, que apóia a contratação do espanhol Moncho Monsalve para a seleção brasileira.
"Acho que é uma tentativa. Se ele será a pessoa encarregada [de classificar o Brasil para a Olimpíada], tomara que seu trabalho dê certo. Mas também há muitos técnicos brasileiros competentes", completa Roese, que já viajou para Tampa (Flórida), para a próxima fase da NCAA (liga universitária).
"A classificação foi surpreendente até para nós. O time foi muito bem-sucedido, já que é nosso primeiro ano aqui. Foi a melhor campanha em anos", conta o brasileiro, que como atleta foi campeão nacional pelo Monte Líbano, em 1987, mas não teve destaque na seleção.
A partir de hoje, as 64 melhores universidades dos EUA iniciam a fase decisiva do torneio, que será disputada em oito cidades -276 instituições já foram eliminadas da disputa.
Amanhã, San Diego pega Connecticut. Se vencer, tem novo mata-mata no domingo, quando sobram 32 equipes.
Se superar esse obstáculo, o time da Califórnia passa à fase seguinte, em Phoenix -mais três cidades sediam os outros mata-matas. Os vencedores de cada seletiva disputam o Final Four, que neste ano será em San Antonio, de 5 a 7 de abril.
No caminho até o torneio nacional, San Diego venceu a difícil Conferência da Costa Oeste, na qual havia ficado em terceiro lugar na fase classificatória.
Nas finais, porém, derrotou Saint Mary's, vice-líder da primeira fase. Na decisão, fora de casa, bateu Gonzaga, campeã da temporada regular e 24ª do ranking universitário dos EUA, por 69 a 62. Foi o primeiro triunfo de San Diego sobre a instituição do Estado de Washington após 13 derrotas.
"Foi uma festa ainda maior pelo fato de nossa equipe ser jovem e ainda com pouca experiência", afirma o brasileiro, que anteriormente desempenhou a mesma função na Brigham Young University.
Na universidade de Salt Lake (Utah), levou para os EUA o pivô Baby, que chegou à seleção brasileira, teve passagens por Toronto e Utah na NBA e neste ano se transferiu para a Rússia.
"Quero dar oportunidade para mais brasileiros virem para cá", diz ele, de olho em duas revelações que já estão nos EUA, o ala Luciano e o pivô Roberto.


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