JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

Existem coisas que não merecem explicação, pelo simples fato de não haver nenhuma.
O que vai acontecer amanhã, por exemplo, só pode ser considerado obra do acaso. Por causa da guerra de audiência, Silvio Santos jogou a Indy para as 23h.
E, justamente amanhã, quando a categoria norte-americana inaugura o esdrúxulo formato do VT, no canal concorrente, acontece a cerimônia de entrega do Oscar. Pior, o evento acontece pela primeira vez em um domingo -na história, já foi realizado em todos os dias da semana, menos nesse.
E, para completar, a edição deste ano tem uma atriz e um filme brasileiros indicados, algo também inédito, que transformará a noite de domingo em dia de final de Copa do Mundo.
Só azar explica isso? Talvez a coincidência do Oscar, mas não o tratamento leviano que a categoria mereceu nos últimos anos no país.
A Indy e o público de automobilismo no Brasil pagam por anos de descaso, de gente faturando alto com moedas podres do esporte nacional.
Sejam pilotos sem talento, sejam empresários sem um projeto sério de patrocínio.
É notável o esforço que Emerson faz neste momento para reerguer a categoria.
O contrato com a Sportv, mesmo para um número limitado de corridas e em canal alternativo, já é um paliativo.
Porém, para sair do buraco, só resultados. E, enquanto o dinheiro ficar pulverizado em um monte de coadjuvantes, eles não acontecerão, serão eventuais, esparsos.
Apenas para ilustrar, a agência noticiosa "Reuters" listou seus favoritos para a temporada, ontem, sem citar nenhum dos pilotos brasileiros. E a Racer norte-americana, especializada na categoria, deixa os primeiros membros do grupo para lá do segundo pelotão.
De novo, só resultados farão o sujeito ligar a TV para ver videoteipe. Mesmo sem Oscar.

NOTAS

Aposta
Tony Kanaan promete ser o melhor palpite para a temporada da Indy, desde que a Tasman passou a ser controlada pela Forsythe. O resto dos brasileiros terá que rebolar.

Honda
Os executivos japoneses ficaram assustados com o tamanho da conta que o departamento de pesquisa e desenvolvimento da empresa apresentou para montar uma equipe própria de F-1 para o ano que vem: US$ 215 milhões. A decisão deve sair em maio, e não está descartado a Honda voltar à categoria apenas como fornecedora de motores.

Inovação
Um novo tipo de asfalto, que minimiza os efeitos de spray e aquaplanagem sob chuva, foi testado recentemente em 600 metros do antigo oval de Monza, sob a supervisão da FIA. Irvine e Badoer, que participaram da experiência, ficaram impressionados.


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