São Paulo, quinta-feira, 20 de maio de 2004

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Por 45 minutos, seleção reedita cor do fracasso

FERNANDO MELLO
ENVIADO ESPECIAL A PARIS

O Brasil pisará hoje no Stade de France com aquele que foi o símbolo do maior revés dos 90 anos da história da seleção.
A seleção de Carlos Alberto Parreira vestirá o mesmo branco que foi aposentado por causa da derrota para o Uruguai, na final da Copa do Mundo de 1950.
A pedido da Fifa, que comemora seu centenário, Brasil e França disputarão os 45 minutos iniciais vestindo modelos inspirados em suas primeiras camisas.
Rivais no mercado internacional de material esportivo, Nike e Adidas, parceiras de Brasil e França, respectivamente, aceitaram o pedido e reeditaram os modelos.
A camisa do Brasil terá bordado em feltro o logotipo da CBD (Confederação Brasileira de Desportos), entidade que comandou o esporte no país de 1916 até 1979, quando nasceu a CBF. De 1914 a 1916, o futebol foi dirigido pela Federação Brasileira de Sports.
Com detalhes em azul e gola pólo com cordões, o uniforme terá a marca da Nike em uma das mangas. Na outra manga estará o logotipo da aniversariante. Os calções e as meias serão brancos.
O Brasil utilizou um uniforme branco em sua partida de estréia, contra o Exeter City (Inglaterra) -vitória por 2 a 0, nas Laranjeiras (Rio), em 21 de julho de 1914.
Depois da derrota para o Uruguai em 50, a cor ficou marcada como o símbolo do fracasso -o Brasil adotou na Copa de 1954 o amarelo, que permanece até hoje.
A França também entra em Saint-Denis com uma cor diferente -a Adidas fez segredo, mas deve predominar o azul mais claro.
As duas camisas "antigas" devem ser colocadas à venda no mercado -uma branca do Brasil deve ser vendida hoje no estádio por 100 (cerca de R$ 360). No Brasil o preço ainda não está definido, de acordo com a assessoria de comunicação da Nike.
No segundo tempo, para simbolizar a passagem dos cem anos, as duas seleções voltarão a campo com uniformes atuais, já com as estrelas de campeões do mundo.
Para ressaltar o clima festivo da partida de hoje, a Fifa fugiu à visão mercantilista que marca a entidade desde a posse do brasileiro João Havelange (que comandou a federação de 1974 a 1998).
Os milionários patrocinadores perderam a vez. Ao contrário do que acontece em qualquer jogo organizado pela Fifa, França x Brasil não terá nenhum anunciante nas placas publicitárias.
No lugar das cativas Coca-Cola, Mastercard, Adidas e JVC estarão mensagens politicamente corretas, como o incentivo ao "fair play" e o combate ao racismo.
Também diferentemente do que costuma acontecer, nenhuma das seleções receberá cota. Tiveram seus gastos pagos pela Fifa -no caso do Brasil, transporte e hospedagem da delegação e de seus mais de 200 convidados.


Colaborou Paulo Cobos, enviado especial a Paris

O jornalista Fernando Mello viaja a convite da Fifa


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