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Não joga 10
Puxados por Ronaldinho, o mais badalado deles, camisas 10 se tornam coadjuvantes na Copa que inicia hoje segunda metade
EDUARDO ARRUDA
PAULO COBOS
RICARDO PERRONE
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A BERGISCH GLADBACH
Ela já era objeto de desejo de
qualquer aspirante a craque.
Agora é exaltada até em campanhas de marketing da Nike e da
Adidas. Mas, com raras exceções, quem a usa na Copa da
Alemanha decepciona.
Puxados pelo brasileiro Ronaldinho, o mais famoso deles,
os camisas 10 das seleções que
disputam o Mundial se transformaram em coadjuvantes.
A começar pela artilharia. Ao
final da primeira metade da Copa, só 5 dos 75 gols marcados
(ou menos de 7%) foram de jogadores que vestem o número
que consagrou Pelé.
Ronaldinho, que disse à Folha querer fazer mais gols, só finalizou três vezes até agora. E
quase não tem driblado. A bola
passa muito por seus pés, mas
isso é pouco para quem é protagonista de campanha mundial
exaltando a 10 e que já fez declarações de amor à camisa.
"Sempre sonhei em seguir os
passos dos gigantes do futebol.
Vestir a 10 é algo especial para
mim, porque a maioria de meus
ídolos a vestiam", disse o atleta
do Barcelona, que tem ilustres
companhias na apatia dos 10.
Em seu adeus ao futebol, o
francês Zidane é uma caricatura do craque de outrora. Em
dois jogos contra adversários
medianos, o meia não fez gols
nem assistências decisivas para
companheiros de equipe.
O mesmo aconteceu até agora com o inglês Michael Owen,
o sueco Ibrahimovic, o sérvio
Stankovic e o holandês Van der
Vaart. Alguns tiveram brilhos
fugazes, como o italiano Totti,
responsável pela assistência de
um gol da sua equipe, e o japonês Nakamura, autor do único
gol da sua seleção na Copa.
Alguns dos 32 "sortudos" que
receberam a 10 nem titulares
absolutos são (caso do australiano Kewell) ou nem o gosto de
entrar em campo tiveram (como o espanhol Reyes).
Todos esses jogadores são
badalados, seja em seus países
ou em escala mundial.
Tanto que muitos deles são
astros de campanhas publicitárias. A Nike criou o "Joga bonito" para reverenciar o futebol
de Ronaldinho. A Adidas lançou uma edição de chuteiras
com a inscrição "Zinedine Zidane 10" para celebrar a despedida do francês dos gramados.
A má fase dos 10 é um replay
do que ocorreu em 2002. Nas
duas primeiras rodadas dos
grupos na Ásia, os que usavam
esse número marcaram seis vezes -só uma a mais do que agora. Ao final daquele Mundial, o
único dono da camisa mais famosa do futebol que brilhou de
forma consistente foi Rivaldo,
vice-artilheiro do Brasil.
Essas duas edições vão destoar de boa parte das histórias
das Copas, que só adotou a numeração fixa em 1954, na Suíça.
O mesmo Zidane que agora
decepciona foi o craque de
1998. Maradona brilhou em
1986. Pelé ganhou três Copas
do Mundo, fato inédito como
atleta, usando a 10 que agora é
maltratada na Alemanha.
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