São Paulo, quarta-feira, 20 de junho de 2007

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imortal?

Pelo tri, Grêmio coloca à prova a escola gaúcha

Contra o Boca, que bateu SP, RJ, MG e PR na Libertadores, equipe tenta façanha

Para impor goleada inédita na final e sagrar-se campeão continental, time de Mano Menezes aposta as fichas no seu retrospecto de viradas


PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

O jeito mineiro, com times técnicos. A força das multidões corintianas e flamenguistas. Surpresas, como Paysandu e São Caetano. O estilo moleque do Santos de Robinho e Diego. A astúcia de Luiz Felipe Scolari com o seu Palmeiras.
Nada disso resolveu, e o Grêmio tem hoje, às 21h45, a missão de evitar que mais uma fórmula brasileira para bater o Boca Juniors em um mata-mata de Libertadores fracasse.
Para ganhar por quatro gols de diferença, ou três (nesse caso com direito a prorrogação) e depois vencer nos pênaltis, o time de Porto Alegre evoca o estilo gaúcho, que prioriza a raça.
Essa é a única grande escola do futebol brasileiro que não foi batida pelo Boca, que busca seu sexto título continental -o Grêmio tenta o terceiro.
Foram dez séries eliminatórias entre o time portenho e equipes brasileiras. Só na primeira delas, em 1963, os argentinos saíram derrotados -pelo Santos de Pelé. Cinco triunfos do Boca ocorreram contra paulistas, dois diante de cariocas e um ante mineiros e paraenses. O time nunca testou um gaúcho na Libertadores, e os gremistas apostam nisso.
"Não tem que ter só tática. Tem que ter raça, coração", declarou o meia Tcheco.
"A gente também é bom em mata-mata", desdenhou Mano Menezes, o técnico gremista, que atribuiu aos erros dos bandeirinhas os 3 a 0 sofridos na última semana na Bombonera.
"Já revertemos outras situações adversas nos últimos meses", disse o atacante Amoroso, campeão da Libertadores com o São Paulo, há dois anos.
E o mito de "quem peleia não está morto" contaminou os torcedores gremistas. Todos os ingressos para a decisão foram vendidos, isso depois de verdadeiras batalhas nas bilheterias.
Bandeiras estão nas fachadas dos prédios de Porto Alegre. Torcedores dizem que o fato de o gol fora de casa não valer o dobro (para critérios de desempate) na final será decisivo. A pressão da torcida gremista fez até o Boca tentar se esconder. A delegação argentina inicialmente pensava em ficar hospedada em Porto Alegre, mas, temendo fogos e barulhos na frente do hotel, fez um jogo de esconde sobre onde iria ficar.
A lembrança recente de resultados épicos, como o acesso na Série B em 2005 contra o Náutico na "Batalha dos Aflitos", com sete jogadores em campo, é outro motivo de esperança para os gremistas.
"A história do clube e sua camisa pesam. Mas é a trajetória do time nos últimos tempos que é mais importante. A torcida somente acredita em grupos que adquirem sua confiança", afirmou Mano, que faz mistério sobre a escalação da sua equipe, mas disse ser de "100% a chance" de escalar um trio de atacantes durante o jogo, com a entrada de Amoroso ao lado de Carlos Eduardo e Tuta.
O Boca terá o mesmo time que começou o jogo da ida.
O retrospecto recente do time argentino contra brasileiros no Brasil torna a missão gremista mais complicada.
Sem contar o jogo de ida contra o Grêmio na semana passada, o Boca fez desde a temporada 2000 seis duelos contra brasileiros no período em casa, com aproveitamento de 50%. Como visitante, em igual números de partidas, a performance sobe para 67%.
A favor dos argentinos também está o fato de nunca na história da Libertadores um time ter revertido na decisão tamanha desvantagem como a do time gaúcho. "O Grêmio está acostumado a esse tipo de enfrentamento", declarou Mano, que falou sobre uma de suas preocupações para o jogo.
"Temos que ser inteligentes. Não podemos fazer faltas, para que eles não parem o jogo", disse o técnico, que, sem citar o nome de Riquelme, mostrou temor pelo futebol do meia.
Para Tcheco, é impossível evitar o risco de sofrer contra-ataques, mas ele lembrou do fato de sua equipe não ter sofrido gol em casa nesta Libertadores.


NA TV - Grêmio x Boca Juniors
Globo e Sportv, ao vivo, às 21h45



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