São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 2008

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Correr fica mais caro, e pilotos cogitam greve

Manifestação contra aumento na superlicença da F-1 pode ocorrer na Inglaterra

Alonso afirma que adoraria aderir à paralisação se todos a seguissem; Massa não concorda e diz que é preciso agir com profissionalismo

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A MAGNY-COURS

Os ingressos já foram totalmente vendidos e os ingleses aguardam com ansiedade. Mas o GP da Inglaterra de F-1, em exatos 16 dias, está ameaçado.
Protagonistas da corrida, os pilotos cogitam fazer uma greve. O motivo, o aumento no valor da superlicença, permissão que eles precisam para disputar o Mundial da categoria.
No começo da temporada, a FIA, entidade que comanda o automobilismo, anunciou a mudança nos valores. Até o ano passado, os pilotos pagavam 1.690, mais 447 por ponto conquistado no campeonato anterior. A partir deste ano, o valor subiu para 10 mil, mais 2.000 por ponto.
Para Kimi Raikkonen, campeão em 2007, por exemplo, a superlicença saiu 352% mais cara em relação à tabela antiga.
"Acabei de saber da história de greve", afirmou Fernando Alonso, um dos primeiros a tocar no assunto em Magny-Cours, que domingo, às 9h (de Brasília), recebe o GP da França. Os treinos começam hoje.
"Disseram que vai haver uma greve na Inglaterra, mas não sei ao certo o que vai acontecer. Vamos ver o que será conversado amanhã [hoje] na reunião da GPDA", falou o espanhol, que até 2007 era um dos diretores da associação dos pilotos e que continua com papel bem ativo.
"Adoraria aderir à greve, mas se todos participarem. Senão teríamos de chegar a um acordo", completou Alonso.
Outro membro da GPDA, Rubens Barrichello afirmou que já foi convidado por outros integrantes do comitê para ir a Mônaco falar com Max Mosley, presidente da FIA, sobre o assunto, mas não aceitou. A intenção dos pilotos é se reunirem com o dirigente antes da corrida de Silverstone para tentar resolver o caso.
"Não conversamos direito sobre greve, mas é fato que os pilotos estão insatisfeitos com o aumento no valor, principalmente porque não houve explicação para isso", disse o piloto da Honda, que, sem pontuar em 2007, teve de pagar "só" 10 mil, ou cerca de R$ 24.800, para poder correr. "Mas estamos há mais de dois meses conversando sobre isso."
Para o polonês Robert Kubica, líder do Mundial, a possibilidade de haver mesmo greve ainda é pequena, pois seria difícil fazer com que todos os pilotos aderissem. "Nem todos pensam do mesmo jeito, porque há pilotos experientes que não têm carros competitivos e não estão marcando pontos, então simplesmente não se importam, porque eles não terão de pagar grande coisa", disse.
"A FIA diz que parte disso vai para segurança, então é justo pagar, mas não é certo alguns pagarem mais e outros menos, já que estamos todos na mesma pista guiando carros de F-1."
Campeão mundial e quem mais desembolsou dinheiro ( 230 mil), Kimi Raikkonen também acha difícil conseguir juntar todos os pilotos. "Não acho que seja o jeito certo. Precisamos achar outra solução", declarou o ferrarista.
Felipe Massa também afirmou concordar com as reivindicações dos colegas, apesar de ter deixado a GPDA no começo do ano. Mas é contra paralisação. "Greve não é o jeito certo de pensar, somos pilotos profissionais e temos compromissos com patrocinadores, equipes e temos de agir com profissionalismo", falou o ferrarista, que terminou o Mundial de 2007 em quarto, com 94 pontos, e teve de pagar 198 mil à FIA, cerca de R$ 492.580.
"O que fizeram é a mesma coisa que você chegar na auto-escola e ter que pagar mais por sua carteira de motorista porque ganha mais ou tem o carro mais bonito. Não é justo."


NA TV - Treino livre do GP da França
Sportv, ao vivo, às 9h



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