São Paulo, sábado, 20 de junho de 2009

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MOTOR

Mais louco é quem me diz...


Líder da rebelião das equipes, Ferrari finge que não tem contrato assinado com FIA e FOM por mais três Mundiais

FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

TEMOS, MUITOS de nós, memória fraca. Problema talvez agravado nos últimos anos com a avalanche de informações que nos atinge todo dia, das mais vitais às mais inúteis, da queda do avião às baboseiras do reality show.
Mosley virou piada no ano passado ao ter sua imagem de chicotinho, cueca de couro e uniforme militar distribuída mundo afora via internet. Desde então, não é levado muito a sério pelo chamado "grande público", pelos leigos, por quem não segue de perto a F-1. Um erro grave -o fato de ter cometido uma loucura não atesta que ninguém seja louco.
Erro que é potencializado pela tal falta de memória quando, em meio à gritaria das equipes, ninguém atenta para um item recorrente nas declarações de Mosley, presente inclusive no comunicado divulgado ontem pela FIA, em Silverstone. A Ferrari é a única escuderia citada nominalmente quando a entidade fala na "ilegalidade" da ameaça de cisão.
Por que a Ferrari?
A boa notícia é que a tecnologia que soterra nossas memórias muitas vezes as socorrem. Como agora.
Basta bater um Google rápido, procurar num arquivo digital...
Pesquisei no banco de dados da Folha. Está lá, datado de 20 de janeiro de 2005: "Em uma manobra surpreendente, a Ferrari "assegurou" ontem a sobrevivência da F-1 até 2012. A escuderia foi a primeira a assinar a extensão do Pacto de Concórdia, que rege a categoria e que expirava no fim de 2007. O pacto amarra os times, Bernie Ecclestone e a FIA e especifica as diretrizes e a divisão de lucros (...)" Sim. A Ferrari tem compromisso assinado com a FIA e com a FOM até 2012. Um contrato. Papel, preto no branco, rubricas, assinaturas, direitos e deveres. Mas insiste em agir como se nada disso existisse.
Um contrato como o Pacto da Concórdia, imagino, não deve ser algo fácil de desamarrar. Mais: é infantil imaginar que, em oito meses, possa-se criar um campeonato mundial de qualquer modalidade.
Por isso, a tranquilidade de Mosley. Que nada tem a ver com loucura. Loucos, se há, são os outros.

DO LADO DE LÁ
No auge da guerra Fisa x Foca, no início dos 80, Mosley, então do lado das equipes, ameaçou o velho golpe da categoria paralela. Anos depois, admitiu a um amigo: "Era blefe.
Não tínhamos a menor condição de fazer aquilo". Ele sabe com quem e com o que está lidando. Em tempo: esta coluna não toma partido no atual conflito, só observa que, apesar das propaladas boas intenções, os times estão sendo incoerentes.

DO LADO DE CÁ
O Conselho Mundial da FIA se reúne na próxima quarta, em Paris. Entre os membros, Mosley, Ecclestone e Montezemolo. Há quem acredite que a solução sairá daí.

fabio.seixas@grupofolha.com.br


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