São Paulo, quinta-feira, 20 de julho de 2000


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FUTEBOL
Expulso contra o Paraguai, capitão da seleção abandona o grupo e é criticado por treinador e colegas de equipe
Cafu sai pelos fundos e piora ambiente

SÉRGIO RANGEL
ENVIADO ESPECIAL A FOZ DO IGUAÇU

Capitão da equipe, o lateral-direito Cafu, da Roma, deixou, ontem pela manhã, a seleção brasileira sem se despedir dos companheiros e deu início à primeira crise da "era Luxemburgo".
Um dos responsáveis pela derrota da equipe nacional para o Paraguai, por 2 a 1, anteontem à noite, em Assunção, pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2002, Cafu saiu às pressas do hotel em que a seleção está concentrada em Foz do Iguaçu (PR) logo no início da manhã de ontem.
Suspenso do jogo contra a Argentina, na próxima quarta-feira, em São Paulo, por causa da sua expulsão em Assunção, o jogador deixou o hotel pela portas dos fundos, por volta das 6h, após pedir o seu desligamento da equipe a Luxemburgo.
A atitude do lateral foi criticada pelo treinador e pelos jogadores.
""Não gostei da atitude dele. Se fosse o capitão da equipe, permaneceria no grupo até o jogo contra a Argentina. Os jogadores também disseram que não fariam o que ele fez", disse o treinador.
Irritado com a atitude de Cafu, cuja saída foi tida como fator desestabilizador da equipe em Assunção, Luxemburgo admitiu tirar a faixa de capitão do jogador.
""Nos próximos jogos, a seleção terá outro capitão, que ainda será escolhido. Depois, vamos pensar se ele permanecerá no cargo", disse o técnico da seleção.
Luxemburgo deu a entender que Cafu não está garantido na equipe titular após o final da sua suspensão.
No ano passado, o lateral-esquerdo Leonardo, do Milan, foi ""esquecido" por Luxemburgo após pedir a sua liberação da equipe pouco antes do início da Copa América.
Após o fracasso em Assunção, a seleção, que ainda não convenceu na competição, está em crise.
Foi a segunda derrota da equipe nacional na história das eliminatórias sul-americanas e a quarta da "era Luxemburgo", iniciada em agosto de 1998.
Com o resultado, o Brasil caiu para o quarto lugar e, dependendo dos resultados de ontem à noite, poderia deixar a zona de classificação nas eliminatórias.
Quatro seleções se classificam para a Copa-2002. A quinta colocada disputará uma vaga na repescagem com um representante da Oceania.
Após o fracasso em Assunção, o time comandado por Luxemburgo continua sem convencer nas eliminatórias sul-americanas.
Embora a campanha não seja tão ruim, o desempenho da seleção é pífio. A equipe soma apenas oito pontos após a quinta rodada -com duas vitórias, dois empates e uma derrota.
Além da campanha irregular do time, Luxemburgo ainda não conseguiu definir um grupo para a disputa da competição.
Segundo o treinador, ele foi informado da decisão de Cafu durante o vôo para Foz do Iguaçu, logo após o jogo.
""Não tinha como demovê-lo da decisão. Não vou manter um jogador insatisfeito dentro do grupo", disse Luxemburgo.
O lateral-esquerdo Roberto Carlos, do Real Madrid, um dos remanescentes da seleção vice-campeã do mundo em 1998, também criticou a decisão de Cafu.
""Ele preferiu ficar com a família dele em São Paulo. Mesmo assim, eu, que sou cabeça dura, preferia ficar aqui. Gosto de assumir os erros", afirmou Roberto Carlos, um dos favoritos para assumir o cargo de capitão.
Roberto Carlos declarou que Cafu deveria falar com os outros companheiros da seleção antes de deixar o hotel.
""Espero que ele volte e fique aqui com a gente".
Ontem à tarde, todos os jogadores foram liberados por Luxemburgo para dar explicações aos jornalistas sobre o vexame contra o Paraguai.
Depois do fiasco em Assunção, a comissão técnica e os jogadores se reuniram, ontem à tarde, por cerca de uma hora para conversar sobre o jogo.
""Depois de uma partida daquela, tive que jogar pesado", contou o técnico da seleção.


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