RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

O lateral-esquerdo Athirson, do Flamengo, será julgado hoje por 11 auditores do Tribunal de Justiça Desportiva da CBF, no Rio, acusado de ter atuado sob efeito do estimulante femproporex, considerado doping, em partida pela Copa do Brasil.
O jogador foi absolvido em primeira instância pela Comissão Disciplinar do TJD, com o argumento de que teria havido erro de manipulação no suplemento alimentar americano Myo-Gen, que supostamente tomava. Caso seja condenado nesta tarde, Athirson será suspenso de 120 a 360 dias. Esta decisão será definitiva.
Uma perícia de seis produtos supostamente usados por Athirson, realizada pelo Laboratório Central Noel Nutels na véspera do primeiro julgamento, constatou a presença de femproporex nas únicas cápsulas sem identificação de procedência, que estavam no frasco do Myo-Gen.
Os auditores consideraram esta prova "unilateral" -produzida pelo Flamengo-, embora o presidente da Comissão Disciplinar, Paulo Rodrigues, tenha dito que ela "não teria valor jurídico".
Athirson foi inocentado apesar de três amostras constatarem a presença de femproporex.
A farmacêutica da Vigilância Sanitária Helene Bernik -participante da perícia- garantiu, em entrevista à Folha, que as cápsulas não foram embaladas por profissionais nem passaram por farmácia de manipulação.
O Myo-Gen é vendido em pó e não contém femproporex, como apurou a Folha. Para facilitar o transporte em viagens, Athirson pedia a sua encapsulação em farmácias especializadas.
Após a denúncia de Bernik, a Vigilância Sanitária enviou ofício ao Flamengo solicitando o nome do responsável por ter posto o produto em cápsulas. O Flamengo não respondeu.
Nem a farmacêutica nem o jogador foram chamados para prestar novos depoimentos a respeito do caso. O Tribunal também não pediu a investigação para descobrir a origem das cápsulas e deve julgar hoje sem levar em conta novas provas.


Texto Anterior: Treinador ameniza briga entre jogadores
Próximo Texto: Panorâmica: Santos breca contratações para o semestre
Índice