São Paulo, sexta-feira, 20 de julho de 2007

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XICO SÁ

Sofazão Futebol Clube


O público de SP decepciona e ainda passa má imagem ao protagonizar brigas em que homem agarra homem


AMIGO TORCEDOR , amigo secador, o futebol de SP, a capital mais cosmopolita do Brasil, não consegue levar mais de 20 mil torcedores num clássico entre o tricolor do Morumbi, tricampeão do mundo, e o Corinthians, que dispensa qualificativos, o Corinthians é o Corinthians, a massa que fala por si, falava pelo menos, agora também está acomodada ao sofazão, firmeza, pois, com essa diretoria e com esse time, é melhor ficar em casa mesmo.
E repare, era um clássico polêmico, que triste. Os poucos que saíram de casa ainda se enroscaram numa briga idiota. Pô, essa coisa de homem agarrando homem, que espetáculo feio, suado, vixe, tô fora, obsceno, pára com isso, moçada, cadê as minas do bairro, suburbanos corações cada vez mais lindos... e vocês, que se dizem machões, agarrando homens!?
Noves fora uma Libertadores ou uma final de campeonato, os estádios de SP vivem às moscas, à solidão do cimento gelado, anteontem 5.072 heróis, numa cidade de mais de dez milhões, foram ver o time de Rogério Ceni, na dianteira da tabela, enfrentar o Fluminense. Melancólico. 5.000? Milagre em um futebol em que os jogadores ficam torcendo por uma transferência e os torcedores não fazem a menor idéia do time que vai entrar em campo no próximo domingo. Você faz idéia da escalação dos seus 11?
É uma piada em relação ao futebol de Ceará, Bahia, Pernambuco, Pará... Nem vou falar do Sport, sempre com mais de 20 mil em campo jogue o rubro-negro com quem jogar.
O Icasa, do meu amigo Adailton, ex-zagueiro do futiba caririense, onde também atuei com a 8 de armador dente-de-lente, quando ganha duas seguidas, dá mais gente em campo que os times paulistas, como é que pode?
Se fosse fazer a conta proporcional às populações, hoje SP teria o menor conglomerado ludopédico do mundo, do universo, isso é triste.
O Central de Caruaru, com o meu amigo Halley-bó na área, tem o dobro de um clássico no Morumba. Se tem convocação de Zumira, a rapariga-estrela da Terceirona, torcedora do Porto agrestino que arrasta a massa em riste, nem se fala!
Sim, amigo, nem entrarei no mérito do público catarinense, paranaense, carioca, mineiro e, principalmente, gaúcho, seria humilhante. O público porto-alegrense, além de ir aos estádios, canta o tempo todo aquele clássico "vou torcer pro Grêmio bebendo vinho", uma versão da música do roqueiro Wander Wildner, que vocês podem ver no Youtube. Nesse capítulo, repito, não há mesmo como a torcida do tricolor do Olímpico.
Esse arrastamento todo, amigo, só para dizer como tem sido triste ir a campo em São Paulo, onde talvez a única graça seja sair na porrada, coisa que não interessa a quem gosta mesmo de amar e devotar-se às mulheres de forma delicada, de quem gosta mesmo de não chegar em casa suado e cheirando a macho, se é que vocês me entendem, vocês que adoram brigar com homens, enroscar-se, meu Deus, sei não, prefiro nem dizer. Pô, o jogo é jogado e o lambari amoroso é pescado e gostoso, como se diz lá na taberna dos malucos ludopédicos de Taboão da Serra, que assam o melhor peixe dessa terra, de onde acabei de chegar, salve, salve!

xico.folha@uol.com.br


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