|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TOSTÃO
A experiência é relativa
No jogo mais importante do ano, o experiente Rogério teve uma infantil e decisiva falha, mas merece o perdão
OS LEITORES de alguns Estados, fora São Paulo, que leram a minha coluna de quarta-feira passada não devem ter entendido nada, já que foi republicada
uma antiga coluna. A Folha já informou o erro no espaço "Erramos".
Falhas acontecem com as grandes
empresas e com os melhores jogadores, como Rogério Ceni.
O Inter mereceu o título e pode
repetir nos próximos anos o sucesso nacional e internacional do São
Paulo. Para isso, vai precisar manter a qualidade, mesmo com a inevitável troca de alguns jogadores.
Isso não é fácil. O São Paulo, que
fez isso muito bem nos últimos
tempos, teve neste ano um time
pior do que o do ano passado. No
lugar do excepcional Amoroso, entrou o esforçado, solidário e limitado Leandro, supervalorizado por
Muricy e pela imprensa.
No jogo mais importante do ano,
o experiente Rogério teve uma infantil e decisiva falha. Por tudo de
extraordinário que já fez para o São
Paulo, ele merece mil perdões. O
experiente Clemer também falhou
feio no segundo gol.
Esses erros nos ensinam mais
uma vez que a experiência é relativa. Como escreveu Pedro Nava, a
experiência é como um farol virado
para trás. Na frente, continua tudo
escuro.
Talento e garra
Na estréia de Dunga na seleção
brasileira, gostei de ver o auxiliar
Jorginho assistindo ao jogo lá de cima, onde se vê melhor o conjunto.
Espero ainda que o Jorginho, ao assumir o cargo, tenha se afastado
imediatamente da atividade de empresário de atletas, que exercia ao
lado do ex-jogador Bebeto.
Dunga armou a equipe contra a
Noruega com dois volantes e um
meia de cada lado, bem abertos.
Era o eu que esperava, mas não
era o que queria.
Desde 1966, há 40 anos, quando a
Inglaterra ganhou a Copa, passando pelo Brasil no Mundial de 94, a
maioria das equipes joga dessa forma, como vimos no Mundial da
Alemanha, inclusive a seleção brasileira, com Ronaldinho e Kaká
atuando abertos, marcando no próprio campo para depois tentarem
chegar ao ataque.
Esse esquema tático é bom, com
vantagens e desvantagens, como
todos os outros. A principal vantagem é ter uma linha de quatro no
meio-campo protegendo os quatro
defensores. A principal desvantagem é não ter um armador pelo
meio, mais próximo dos dois
atacantes.
A principal função de um técnico
é ajudar os jogadores, principalmente os melhores, a jogarem tudo
o que sabem. Por isso, Ronaldinho
e Kaká deveriam atuar de uma maneira parecida com a que jogam nos
seus clubes.
Pelo jeito -espero que esteja enganado-, os dois vão substituir e
atuar como fizeram Elano e Daniel
Carvalho contra a Noruega e como
atuaram no Mundial. Se foram fracasso o time e os dois na Copa, por
que repetir essa formação?
O excepcional meia ofensivo Raí,
que se destacava por atuar próximo
e/ou dentro da área adversária, fracassou também na Copa-94 porque
jogou de meia-direita recuado,
marcando no campo do Brasil para
depois avançar. Parreira repetiu o
erro com Ronaldinho e Kaká.
Além de Rafael Sobis, Ronaldinho e Kaká, faltaram na última
convocação Ricardo Oliveira, Josué, Mineiro e Júlio César. Não dá
nem para comparar Ricardo Oliveira com Vágner Love e Josué
com Dudu Cearense.
Eu queria ver também a seleção,
com tantos craques, jogar como o
São Paulo e Inter. É o estilo organizado e guerreiro dos dois times que
fazem os atletas atuarem melhor e
correrem mais, e não o contrário. É
a união do talento com a garra.
tostao.folha@uol.com.br
Texto Anterior: Retaguarda: Sem seu xerife, Muricy elege cinco Próximo Texto: Leão ignora Kia e assume ser salvação Índice
|