São Paulo, sexta-feira, 20 de agosto de 2010

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promessa

Recordista mundial, Cielo fracassa nos 100 m livre e diz que isso não se repetirá

MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A IRVINE (EUA)

Cesar Cielo olhou para o placar e prometeu que nunca mais passaria por aquilo novamente. Seu nome estava na terceira colocação.
Um bronze no Pan Pacífico de natação, em Irvine (Califórnia), com gosto mais do que amargo para o brasileiro, campeão mundial e recordista dos 100 m livre, a prova mais nobre da natação.
"Ficar no andar mais baixo do pódio não é fácil, não. Quando você ganha, acaba esquecendo de seus erros. Eu estava no pódio, vi a bandeira ali do lado... Não quero outra coisa que não seja ver a bandeira brasileira no meio", declarou Cielo ontem, com os olhos marejados.
"Prometi que muita coisa boa vai sair dessa prova de hoje [ontem]. Essa situação não é o que quero para mim."
Desde o bronze na mesma prova nos Jogos de Pequim, em 2008, Cielo não perdia o ouro em um evento de primeira linha da natação.
O atleta paulista foi o mais rápido ontem nos primeiros 50 metros, mas deixou o ritmo cair no final e acabou superado pelo norte-americano Nathan Adrian (48s15), ouro, e pelo canadense Brent Hayden (48s19), prata. Cielo nadou os 100 m em 48s48.
"Sinceramente, não fugiu do esperado. Não venho me sentindo bem faz um tempo nos 100 m. Faltou um pouco de treino aeróbico. Voltei tanto esta temporada para os 50 m que esperava que os 100 m sairiam naturalmente."
Nas eliminatórias, Cielo marcou o 11º tempo. E deixou a piscina crente de que estaria fora da final. Só obteve a vaga graças a uma regra do Pan Pacífico que permite apenas dois nadadores por país na disputa pelo ouro.
Três norte-americanos e quatro australianos já haviam conquistado marcas mais rápidas do que a dele.
"Ele não tinha a mesma pressão que australianos e norte-americanos para conseguir a vaga pela manhã. Estava muito relaxado. Não estava preparado mentalmente e fisicamente", disse Brett Hawke, que orienta Cielo, 23, em Auburn (EUA).
Cielo acredita que nem deveria ter chegado à decisão.
"Meio que me deram a final de presente. Na verdade, eu nem merecia estar nela. Me deram uma segunda chance. Mas tem mais dois anos para a Olimpíada, tem Mundial no ano que vem, isso nunca mais vai acontecer nas minhas provas."
Anteontem, o brasileiro havia obtido a medalha de ouro nos 50 m borboleta, prova que não é disputada em Olimpíadas e não é sua especialidade, com o melhor tempo da temporada: 23s03.


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