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PARAOLIMPÍADA
Mesmo "acomodado", Clodoaldo Francisco da Silva vence os 100 m livre e anota novo recorde mundial
Natação conquista 1º ouro para o Brasil
FERNANDO ITOKAZU
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS
Mesmo "acomodado", o nadador Clodoaldo Francisco da Silva
conquistou ontem o primeiro ouro para o Brasil na Paraolimpíada
de Atenas nos 100 m livre.
Além do ouro, os brasileiros
também conquistaram mais duas
medalhas: prata, com Eduardo
Amaral, e bronze, com Daniele
Silva, ambos no judô.
Dono de quatro medalhas (três
pratas e um bronze) em Sydney-2000, Clodoaldo, 25, sofreu falta
de oxigênio no parto e teve paralisia cerebral, o que acabou afetando os movimentos da perna.
Ele disputa a categoria S4. Na
natação, os atletas com limitações
físico-motoras, são classificados
de S1 até S10. Quanto maior o número da categoria, maior o comprometimento do atleta.
Recordista mundial dos 50 m e
100 m livre, o brasileiro melhorou
seu tempo na eliminatória em
quase três segundos -sua melhor marca era 1min22s05, e ele
marcou 1min19s36. Na final, não
conseguiu repetir a proeza, mas
garantiu a medalha de ouro com
1min19s51, mais de cinco segundos à frente do segundo.
"Às vezes, você se sente muito
bem. Mas, quando me vi na frente, dei uma acomodada", afirmou
o nadador, que ainda disputa
mais sete provas em Atenas -hoje nada os 50 m costas. "Foi muito
bom, mas agora tenho que esquecer e projetar o futuro."
Além da natação, o Brasil também subiu ao pódio no judô ontem. Eduardo Paes Amaral (até 73
kg) foi medalha de prata, e Daniele Silva (até 57 kg), de bronze.
Amaral, 37, lutava o judô olímpico e há dois anos passou a fazer
parte do movimento paraolímpico. O carioca, que possui um problema no nervo ótico, saiu de bye
e estreou contra o ucraniano Sergiy Sydorenko, campeão mundial, e depois enfrentou o alemão
Matthias Grieger -venceu as
duas lutas por ippon.
A final, contra YunFeng Wang,
foi rápida. Com apenas 11 segundos, o chinês definiu o combate.
"Foi um erro de estratégia. Ele
dominou a manga", disse Amaral. "Faltou algum detalhe."
Pouco antes, Daniele Silva, que
há pouco mais de um mês sofreu
uma fratura na fíbula esquerda,
garantiu o bronze ao vencer a chinesa Ping Lei Li, por ippon.
Na primeira luta, ela machucou
o ombro direito e foi derrotada
pela espanhola Marta Arce Payo.
A deficiência visual de Daniele,
que deu uma "sambadinha" no
tatame após garantir a medalha, é
leve e conseqüência do estrabismo desde os dois anos, quando
teve uma convulsão.
As chances de medalha são
grandes para o Brasil hoje.
No atletismo, Roseane Santos, a
Rosinha, amputada da perna esquerda, disputa o arremesso de
peso, prova na qual é recordista
mundial e na qual terá a companhia de Suely Guimarães.
Elas são de categorias diferentes
(Rosinha é S58, e Suely, S56), mas
disputam as mesmas medalhas.
O resultado será definido segundo um cálculo que compara a
marca com o recorde mundial.
Adria Santos, que fez o melhor
tempo nas eliminatórias, disputa
os 100 m. E, no judô, Antônio Tenório (até 100 kg) tenta sua terceira medalha de ouro consecutivo.
O jornalista Fernando Itokazu viaja a
convite do Comitê Paraolímpico
Brasileiro
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