São Paulo, segunda-feira, 20 de setembro de 2004

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PARAOLIMPÍADA

Mesmo "acomodado", Clodoaldo Francisco da Silva vence os 100 m livre e anota novo recorde mundial

Natação conquista 1º ouro para o Brasil

FERNANDO ITOKAZU
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

Mesmo "acomodado", o nadador Clodoaldo Francisco da Silva conquistou ontem o primeiro ouro para o Brasil na Paraolimpíada de Atenas nos 100 m livre.
Além do ouro, os brasileiros também conquistaram mais duas medalhas: prata, com Eduardo Amaral, e bronze, com Daniele Silva, ambos no judô.
Dono de quatro medalhas (três pratas e um bronze) em Sydney-2000, Clodoaldo, 25, sofreu falta de oxigênio no parto e teve paralisia cerebral, o que acabou afetando os movimentos da perna.
Ele disputa a categoria S4. Na natação, os atletas com limitações físico-motoras, são classificados de S1 até S10. Quanto maior o número da categoria, maior o comprometimento do atleta.
Recordista mundial dos 50 m e 100 m livre, o brasileiro melhorou seu tempo na eliminatória em quase três segundos -sua melhor marca era 1min22s05, e ele marcou 1min19s36. Na final, não conseguiu repetir a proeza, mas garantiu a medalha de ouro com 1min19s51, mais de cinco segundos à frente do segundo.
"Às vezes, você se sente muito bem. Mas, quando me vi na frente, dei uma acomodada", afirmou o nadador, que ainda disputa mais sete provas em Atenas -hoje nada os 50 m costas. "Foi muito bom, mas agora tenho que esquecer e projetar o futuro."
Além da natação, o Brasil também subiu ao pódio no judô ontem. Eduardo Paes Amaral (até 73 kg) foi medalha de prata, e Daniele Silva (até 57 kg), de bronze.
Amaral, 37, lutava o judô olímpico e há dois anos passou a fazer parte do movimento paraolímpico. O carioca, que possui um problema no nervo ótico, saiu de bye e estreou contra o ucraniano Sergiy Sydorenko, campeão mundial, e depois enfrentou o alemão Matthias Grieger -venceu as duas lutas por ippon.
A final, contra YunFeng Wang, foi rápida. Com apenas 11 segundos, o chinês definiu o combate.
"Foi um erro de estratégia. Ele dominou a manga", disse Amaral. "Faltou algum detalhe."
Pouco antes, Daniele Silva, que há pouco mais de um mês sofreu uma fratura na fíbula esquerda, garantiu o bronze ao vencer a chinesa Ping Lei Li, por ippon.
Na primeira luta, ela machucou o ombro direito e foi derrotada pela espanhola Marta Arce Payo.
A deficiência visual de Daniele, que deu uma "sambadinha" no tatame após garantir a medalha, é leve e conseqüência do estrabismo desde os dois anos, quando teve uma convulsão.
As chances de medalha são grandes para o Brasil hoje.
No atletismo, Roseane Santos, a Rosinha, amputada da perna esquerda, disputa o arremesso de peso, prova na qual é recordista mundial e na qual terá a companhia de Suely Guimarães.
Elas são de categorias diferentes (Rosinha é S58, e Suely, S56), mas disputam as mesmas medalhas.
O resultado será definido segundo um cálculo que compara a marca com o recorde mundial.
Adria Santos, que fez o melhor tempo nas eliminatórias, disputa os 100 m. E, no judô, Antônio Tenório (até 100 kg) tenta sua terceira medalha de ouro consecutivo.


O jornalista Fernando Itokazu viaja a convite do Comitê Paraolímpico Brasileiro

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