São Paulo, domingo, 20 de setembro de 2009

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PAULO VINICIUS COELHO

O candidato


O São Paulo pode agarrar a liderança como nos anos anteriores, mas, desta vez, o diferencial é Dagoberto


A HISTÓRIA recente do Brasileirão mostra que, depois de assumir a liderança, o São Paulo não a larga mais. Se vencer o Santo André hoje, o Tricolor dará mais um indício de que este final de ano pode ser igual aos anteriores.
Mas já há uma evidente diferença entre esta campanha e as três anteriores: Dagoberto.
Ser eleito o melhor em campo tem sido o esporte preferido do atacante são-paulino. Foi assim contra Vitória, Grêmio e, na semana passada, Avaí. Em vez de receber elogios por sua disciplina tática, como no Brasileirão-2008, as referências a seu futebol agora são pelos dribles, passes e gols. "Muita gente fala da diferença do meu futebol com Muricy [Ramalho] ou Ricardo Gomes. A verdade é que a diferença está em mim mesmo", diz Dagoberto.
A história do São Paulo é repleta de jogadores contratados a peso de ouro que passaram os primeiros dois, três anos no Morumbi como coadjuvantes, antes de assumir o papel de protagonista. Pedro Rocha, Raí e Careca são três desses exemplos. Não que Dagoberto tenha jogado mal nos últimos dois anos. As escalações campeãs brasileiras de 2007 e 2008 incluíam seu nome no ataque titular. Mas ele não concorria a prêmio nem como coadjuvante. Hoje, é protagonista.
Assim como era em 2004, ano em que o Atlético-PR disputou a taça cabeça a cabeça com o Santos.
Naquela época, aconteceram os jogos que fizeram o São Paulo lutar para contratá-lo. Uma goleada por 5 a 0 sobre o Corinthians, no Pacaembu, na qual marcou dois gols e provocou a demissão de Oswaldo de Oliveira, então treinador corintiano.
Um gol de placa, em 2003, contra o Bahia, quando apanhou a bola no campo de defesa e driblou toda a zaga antes de marcar. No São Paulo, por dois anos foi refém de seus lances de gênio. Ninguém aceitava o jogador tático. Tinham comprado o craque. No primeiro Brasileirão, em 29 jogos, marcou sete gols. No segundo ano, o mesmo número de partidas e um gol a menos. Quando arrebentou, nos 3 a 0 sobre o Inter que colocaram o São Paulo na liderança, em 2008, foi mais elogiado porque deu combate do que por ter marcado um golaço.
Refém, Dagoberto diz ter sido também da guerra jurídica que travou com o Atlético-PR. Ele não fala o nome de Mário Celso Petraglia. Diz que sofreu mais pela polêmica com o dirigente do que com a sequência de lesões, entre 2004 e 2005. "Foi pior, porque ele usou seu poder para me prejudicar e à minha família."
Dagoberto vive seu melhor momento no São Paulo aos 26 anos. No país do futebol de veteranos e adolescentes, ficou incomum um jogador atingir o ápice nessa idade. Robinho, Diego e Kaká brilharam por aqui quando tinham espinhas no rosto e seguiram para viver na Europa o período mais maduro da carreira. Nem sempre foi assim. Em Ribeirão Preto, onde Dagoberto joga hoje, há dois exemplos de atletas que só passaram a ser chamados de craque depois dos 25 anos: Sócrates e Raí.
O país também se desacostumou a ter jogadores de ataque eleitos como destaque do Brasileirão.
O último foi Tevez, em 2005. Brasileiro, foi Robinho, em 2004. Dagoberto ainda não chegou a esse ponto. Mas é grande candidato.

pvc@uol.com.br


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