Após abrir 2 a 0, país perde da Índia e terá que disputar a repescagem pelo 8º ano seguido

FERNANDO ITOKAZU
ENVIADO ESPECIAL A CHENNAI

Apenas o 479º do ranking de simples, o indiano Rohan Bopanna teve papel fundamental na vitória de seu país sobre o Brasil, em Chennai, pela repescagem do Grupo Mundial da Copa Davis.
Ele fez mais do que o terceiro e decisivo ponto, que determinou o triunfo por 3 a 2 da Índia e obriga o Brasil a passar pelo menos mais um ano fora da elite da competição, de onde saiu em 2003.
Nunca desde então, o Brasil havia chegado tão perto de retornar ao grupo que reúne os 16 melhores países.
Terminou o primeiro dia com 2 a 0 no placar. Era azarão na partida de duplas, mas franco favorito nas duas de simples de ontem. Acabou perdendo os três jogos.
Assim, pela primeira vez em 74 participações na Davis, a Índia conseguiu reverter a desvantagem de 0 a 2.
"Foi um trabalho de equipe, cada um fez um ponto", afirmou Bopanna. "Apenas fiz o meu trabalho", disse.
Sua parte no resultado não se resume somente à vitória conquistada ontem sobre Ricardo Mello, 75º do mundo, por 3 sets a 0 (6/3, 7/6 e 6/3).
Apesar de desperdiçar três match points e ser derrotado por 3 a 2 por Thomaz Bellucci na abertura do confronto na sexta, Bopanna segurou o brasileiro em quadra por quatro horas e 28 minutos.
O esforço foi sentido ontem, quando o número um do Brasil desistiu do jogo contra Somdev Devvarman -ele perdia por 1 set a 0 (7/6) e 4 a 0 na segunda parcial.
"Não estava me sentindo muito bem", afirmou Bellucci, 22. "Lógico que não estava 100%, mas entrei convicto de que poderia ganhar", falou.
Ele admitiu que passou a se sentir mal no tie-break. "Estava difícil de respirar. Ficou bem complicado."
Com o confronto empatado, Bopanna retornou à quadra e definiu o confronto.
"Tenho que tirar o chapéu para Rohan", afirmou o duplista Leander Paes. "Não tenho palavras para descrever o que ele fez hoje [ontem]. Jogou cinco sets de simples na sexta e venceu hoje."
Com a campanha de Bopanna no Aberto dos EUA (finalista em duplas), Paes chegou a cogitar a possibilidade de ele ser escalado para jogar duplas no confronto.
Mas o capitão da Índia, Shiv-Prakash Misra, descartou essa possibilidade e apostou na consistência de sua dupla habitual -o que deixaria Bopanna concentrado apenas em simples.
Paes e Mahesh Bhupathi, apesar de não jogarem mais juntos no circuito por desavenças pessoais, acumulam 23 vitórias seguidas na Davis.
Os brasileiros chegaram a comentar a possibilidade de Bopanna sentir a parte física por não estar tão acostumado a disputar simples.
Oito anos mais velho do que Bellucci e com uma barriga um pouco saliente, Bopanna não só aguentou as duas partidas como foi carregado nos ombros para uma volta olímpica pela quadra, erguendo a bandeira indiana após selar a vitória de seu país sobre o Brasil.


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