da Reportagem Local

Para o São Paulo, o clássico de hoje à tarde no Pacaembu é encarado como o "jogo do desespero". Para a Lusa, o "desespero" são-paulino pode se transformar no seu maior aliado.
O São Paulo quer aproveitar a partida como um divisor de águas de sua campanha no Brasileiro-98. O time vem de um empate contra o Vasco, no sábado passado, no estádio do Morumbi, e precisa se recuperar. O resultado foi considerado ruim pelos são-paulinos, já que o time carioca conseguiu seu gol aos 46min da etapa final.
Ameaçado de não se classificar para os playoffs no campeonato nacional, o time dirigido por Nelsinho Batista também não vai bem na Copa Mercosul.
No torneio sul-americano, vem de derrota para o Colo Colo, do Chile, na última quinta-feira, e ocupa a quarta posição de seu grupo (os quatro integrantes têm seis pontos, mas o São Paulo é o que tem pior saldo de gols). Tem mais duas partidas a disputar, contra o Cruzeiro e o San Lorenzo, mas na rodada decisiva jogará fora de casa, em Buenos Aires.
Com o baixo desempenho no segundo semestre, até o presidente do clube, José Augusto Bastos Neto, transformou-se em crítico contundente da equipe.
"A situação está ruim. Em uma partida, o time joga mais ou menos, na outra, joga mal. Nunca consegue jogar bem", apontou o dirigente são-paulino.
"É uma realidade. Ele está certo. No segundo semestre, nós só fizemos um jogo bom, contra o Inter (vitória por 3 a 0)", concordou o técnico Nelsinho.
Entre os jogadores, o sentimento é o de quem está prestes a disputar uma decisão.
"No Brasileiro, a situação está ainda mais complicada. Essa partida é fundamental para nós", afirma o volante Sidney.
"Todos os jogos agora vão ser uma decisão para nós", completa o treinador.
Na atual condição, até o arqui-rival estadual Corinthians é citado como exemplo pela delegação são-paulina.
"A gente não consegue manter a mesma equipe em uma sequência de jogos. Veja o caso do Corinthians, que manteve a equipe durante um bom número de partidas. O resultado veio, é líder disparado", afirma o preparador físico Moracy Sant'Anna.
Esse desespero são-paulino é encarado com otimismo pelo adversário desta tarde.
"O São Paulo vem com tudo para cima de nós. Temos que ter tranquilidade para tirar proveito do nervosismo deles. Se não marcarem um gol logo, a torcida pode se voltar contra eles, e isso com certeza vai nos ajudar", diz o atacante Evair.
"Não há favorito para o jogo de hoje. Estamos em grande fase, mas o São Paulo é sempre um adversário complicado. Não podemos entrar em campo pensando que vai ser fácil", contorna Leandro, artilheiro do time com nove gols no Brasileiro-98.
Mas o atacante admite que o nervosismo são-paulino pode ser uma arma para a Lusa.
"É sempre mais difícil entrar em campo pressionado, com a necessidade de vencer. A gente pode tirar proveito disso."
Para o técnico Candinho, porém, o São Paulo, por estar em situação complicada, deve dificultar ainda mais a partida.
"Essa partida é fundamental para eles. Se nos derrotarem, voltarão a crescer no campeonato. Essa vontade extra dos jogadores pode fazer a diferença a favor do São Paulo." (FERNANDO MELLO e LUIZ CESAR PIMENTEL)



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