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FUTEBOL
Emerson Leão e família de Farah têm propriedades no interior paulista
Novo técnico da seleção é
sócio de presidente da FPF
DA REPORTAGEM LOCAL
E DO PAINEL FC
As ligações do novo técnico da
seleção brasileira, Emerson Leão,
com o presidente da Federação
Paulista de Futebol, Eduardo José
Farah, vão além da mútua admiração no campo esportivo.
Leão, na verdade, é sócio da família Farah em propriedades rurais no interior de São Paulo.
O próprio presidente da FPF
confirmou ontem que Eduardo
José Farah Filho mantém sociedade com o treinador.
"Não sei se a sociedade ainda
existe ou não. Ela começou há
muito tempo, mas não sei se continua até hoje. Meu filho não é
mais dirigente de futebol, e por isso não vejo problema em existir
esse negócio. O Leão realmente é
meu amigo, mas também tenho
amizade com outros treinadores", afirmou o presidente da FPF.
Apesar de negar que ele próprio
tenha fazendas no interior paulista em sociedade com Leão, a Folha apurou que o presidente da federação costuma falar abertamente a presidentes de clubes, a
assessores e a amigos sobre seus
negócios com o goleiro que conquistou o tricampeonato mundial
em 1970, na Copa do México.
Farah refutou a informação de
que tenha tido papel decisivo na
escolha de Leão como sucessor de
Wanderley Luxemburgo no comando da seleção brasileira.
"Sempre fui um defensor dele,
mas não fui consultado. Se eu tivesse indicado, aí que a CBF não o
escolheria como técnico. Mas
acho que o Leão merece, por ser
extremamente competente. Por
mim, ele já teria participado de
duas Copas, em 1990 e 1994."
Coincidência ou não, após o
anúncio de que Leão assumiria o
time nacional Farah passou a criticar a instalação das duas CPIs
que investigam o futebol.
O discurso atende aos interesses
do presidente da CBF, Ricardo
Teixeira, que vem trabalhando
nos bastidores para brecar as investigações em Brasília.
"Acho que as CPIs são ruins para o futebol. Mas, se for para existirem, que sejam feitas de forma
transparente. Na minha opinião,
as CPIs só servem para gastar o
dinheiro do povo", disse Farah.
A amizade do dirigente paulista
com o novo técnico da seleção começou em 1989, quando Leão dirigiu o Palmeiras.
Mas a relação só se tornou íntima em meados da década de 90,
quando o dirigente paulista foi
decisivo para a transferência de
Leão para o futebol japonês, onde
o ex-goleiro treinou o Shimizu S-Pulse e o Verdy Kawasaky.
Quando deixou o Brasil, Leão
deixou vago um apartamento seu
em São Paulo.
Uma filha de Farah, então recém-casada, foi morar na residência que era do treinador.
Em 1998, Leão novamente contou com o auxílio do Farah para
conseguir um emprego em um
clube da elite do futebol paulista.
Na época patrocinado pela Unicór, do empresário Renato Duprat Filho, o Santos precisava de
um treinador, e Farah indicou seu
amigo Leão.
Duprat atendeu ao apelo do
presidente da federação e contratou o técnico, que levou o Santos
ao título da Copa Conmebol, torneio sul-americano que Leão
também havia conquistado no
Atlético-MG, um ano antes.
No Guarani, no qual Eduardo
José Farah Filho teve cargo diretivo, Leão também teve passagem
como treinador.
Pessoas próximas a Farah e funcionários da FPF disseram que
Emerson Leão era visto com frequência na sede da entidade.
O dirigente disse que ficou surpreso com a nomeação de Leão.
Ele considerava a indicação do tetracampeão Carlos Alberto Parreira, técnico do Atlético-MG,
mais provável.
"Na atual situação, o menos arriscado seria acertar com Parreira, porque ele tem um excelente
currículo internacional. Mas considero a decisão por Leão acertada", disse o dirigente.
(ERICH BETING, FERNANDO MELLO e JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO)
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