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FUTEBOL
Sentar ou não na janelinha
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Por não ter prestígio para
sentar na janelinha, Alexandre Gama foi desrespeitado pelo
Romário e pelo inábil presidente
do Fluminense, David Fischel,
que "educadamente" impôs a escalação do jogador.
Por causa de condutas prepotentes como essa, muitos leitores
ficam indignados quando elogiamos o Romário. Não se deve misturar as coisas. O ex-genial craque Romário tem de ser reconhecido como um dos maiores jogadores da história do futebol mundial. Nada mais do que isso.
Em qualquer atividade, os astros são especiais por suas obras.
O sucesso costuma também empobrecer o ser humano. A criatura engole o criador.
Alexandre Gama, com a sua
inexperiência, vontade de não
prejudicar o Fluminense e garantir o antigo emprego de funcionário do clube, o que é compreensível para um jovem, aceitou a imposição. Depois se arrependeu,
chorou e disse que nunca mais
aceitará essa pressão. Foi uma lição para o técnico. Isso vale mais
do que mil palavras, como diz o
sábio ditado.
Todos nós já fizemos concessões
em nossas vidas que não deveríamos ter feito. Os que têm caráter
sofrem e aprendem. Os que não
têm continuam engolindo sapos e
se aproveitam disso. Fazem qualquer coisa por um bom emprego,
dinheiro ou prestígio.
Neste momento, a dúvida para
o Alexandre Gama não é se vai ou
não escalar o Romário. Deveria
ser um ou outro. Se não for assim,
o técnico vai começar mal a sua
carreira e dificilmente sentará
um dia na janelinha.
Sentar ou não na janelinha. Eis
a questão!
Lambança e violência
Muito pior do que os treinadores conservadores, previsíveis e
que nunca mudam a maneira de
jogar das suas equipes são os inventores, confusos e delirantes,
que trocam o esquema tático e jogadores a cada partida e que se
acham mais importantes do que o
espetáculo, mais decisivos do que
os atletas.
Mário Sérgio sabia que o São
Paulo era melhor e arriscou, o
que seria correto, mas não do jeito que fez, ao colocar de zagueiros
dois fraquíssimos volantes, principalmente Emerson, sem nenhuma noção da posição. Além disso,
o técnico pôs o jovem Thiago Junio para marcar individualmente
o Grafite.
A marcação individual funciona, desde que seja também por setor e num jogador que atue numa
faixa determinada de campo. Raramente dá certo contra um atacante veloz e que se movimenta
por todos os lados. Ao sair da
área, o zagueiro deixa grandes espaços na defesa.
Após a chegada do novo técnico
e a vitória por 3 a 2 contra o Guarani, os torcedores do Atlético-MG se iludiram, como é freqüente, que o time era outro. Isso e
mais a pressão no estádio Independência dariam a vitória. Com
os gols logo sofridos, alguns violentos torcedores se desesperaram
e prejudicaram ainda mais o time
com os objetos atirados em campo. Isso já aconteceu outras vezes
no Independência.
As deficiências do Atlético-MG
não tiram o brilho do São Paulo,
que já pode até sonhar com o título. O time é outro com Leão. Mas
falta mais um bom atacante. Grafite não vai resolver sozinho. Ele
não é um perna-de-pau nem um
craque.
Único e espetacular
Hoje, Milan e Barcelona fazem
um grande clássico pela Copa dos
Campeões. Por atuar em casa, ter
um número maior de jogadores
excepcionais e por ser forte em todos os setores, o Milan tem mais
chances de vencer.
Não sei qual esquema tático seria melhor hoje para o Barcelona,
mas o time deveria jogar no ataque, como sempre faz, com uma
linha de três atacantes (Ronaldinho Gaúcho é um deles) e mais
dois armadores talentosos que
avançam (Xavi e Deco). O futebol
precisa de equipes diferentes, que
saiam da mesmice.
Espero ainda que o Ronaldinho
Gaúcho jogue o seu futebol espetacular, imprevisível, único e eficiente, como tentou fazer contra a
Colômbia em Maceió e não conseguiu.
Conivência
Os clubes do Rio de Janeiro precisam se unir e ter a coragem, que
nunca tiveram, para tentar colocar na federação estadual um
presidente competente e sem nenhuma vinculação com o anterior. Os dirigentes foram sempre
omissos e coniventes com a atual
situação.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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