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FUTEBOL
Com transação de atacante, clube gaúcho fez caixa para montar time
Rival no gramado, Nilmar sustenta elenco do Inter
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma das estrelas do Corinthians na decisão, o atacante Nilmar tem grande participação na
montagem do time rival do Internacional. Foi graças ao dinheiro
arrecadado com a negociação do
jogador, em 2004, que o clube
gaúcho pôde armar a equipe que
disputa o título do Brasileiro.
No balanço do ano passado, o
Inter registrou receita de R$ 63,3
milhões. Mais do que o dobro dos
R$ 29,7 milhões do ano anterior.
A renda foi alavancada pelas
transferências de atletas, cujo total chegou a R$ 35,4 milhões-sete vezes mais do que em 2003.
Desse valor, R$ 20,1 milhões (
5,75 milhões -cotação da data da
transação) foram relativos à negociação de Nilmar com o Lyon
(FRA), em agosto de 2004. Gerou
superávit de R$ 15,4 milhões.
"[A venda] proporcionou que
se mantivesse o time base do ano
passado, acrescentando valores",
disse o vice-presidente de futebol
do Internacional, Vitório Piffero.
"A cada ano o Internacional
vem se sustentando desta maneira. Revela jogadores e tem que
vender ao menos um."
A folha salarial aumentou um
pouco em relação ao ano passado.
No momento, gira em torno de
R$ 1 milhão, sem contabilizar os
encargos sociais. O investimento
do clube no futebol já tinha subido de 2003 para 2004.
Apesar de registrado no balanço
do ano passado, dois terços do pagamento pelo atacante foram recebidos em 2005, em duas parcelas. Depois do Estadual, quando o
dinheiro todo já tinha entrado,
aumentaram os gastos do Inter.
"Tivemos caixa para a temporada", explicou o vice-presidente de
finanças, Mário Sergio Martins.
Neste ano, foram contratados 10
dos 31 jogadores que compõem o
elenco do clube, segundo levantamento no site do time gaúcho.
Dentre eles, jogadores vitais para a campanha colorada: Tinga,
Jorge Wagner, Gustavo, Iarley e
Mossoró. Dois são titulares absolutos e três entram com regularidade na equipe.
Para se ter uma idéia da importância dos reforços, eles marcaram 27 dos 71 gols colorados no
Brasileiro. Ou seja, são responsáveis por 38% dos tentos do time.
Para os dirigentes gaúchos, é
normal o fato de Nilmar, hoje adversário, ter financiado o time.
"Faz parte do futebol. Depois da
globalização de tudo, chegou a do
futebol", disse Martins.
O próprio atacante recorda com
carinho seu passado no clube, onde tem amigos com quem conversa até hoje. Entre eles, estão os atacantes Fernandão e Rafael Sobis,
que devem jogar hoje.
"É a primeira vez que vou jogar
contra o Inter. Fiquei quatro anos
lá e formei uma família", contou
Nilmar. "Mas já fiz amizades no
Corinthians e é pelo Corinthians
que irei lutar, pois vou fazer uma
família aqui também."
Tanto que o atacante promete
festejar gols contra o ex-time. E
minimiza a promessa dos colorados de hostilizá-los.
"É natural o torcedor ficar chateado com quem deixa o clube,
mas o importante é que saí pela
porta da frente."
O futuro de Nilmar ainda interessa ao Internacional, que tem o
direito a 20% sobre negociações
do atleta nos próximos quatro
anos. Para ficar com o jogador em
definitivo, o Corinthians, que o
contratou por empréstimo até o
meio de 2006, terá de pagar 10
milhões (R$ 25 milhões pela cotação atual).
Mas, para não ficar dependente
de revelações, o clube gaúcho tenta diversificar receitas. Os espaços
do Beira-Rio foram aproveitados
comercialmente. E há o projeto de
sócios à distância.
Ambos têm rendido dividendos
e devem crescer no futuro. Mas,
no duelo de hoje, foi com Nilmar
que o Inter garantiu seu time.
Colaborou Kleber Tomaz,
da Reportagem Local
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