São Paulo, domingo, 20 de novembro de 2005

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FUTEBOL

Com transação de atacante, clube gaúcho fez caixa para montar time

Rival no gramado, Nilmar sustenta elenco do Inter

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma das estrelas do Corinthians na decisão, o atacante Nilmar tem grande participação na montagem do time rival do Internacional. Foi graças ao dinheiro arrecadado com a negociação do jogador, em 2004, que o clube gaúcho pôde armar a equipe que disputa o título do Brasileiro.
No balanço do ano passado, o Inter registrou receita de R$ 63,3 milhões. Mais do que o dobro dos R$ 29,7 milhões do ano anterior.
A renda foi alavancada pelas transferências de atletas, cujo total chegou a R$ 35,4 milhões-sete vezes mais do que em 2003. Desse valor, R$ 20,1 milhões ( 5,75 milhões -cotação da data da transação) foram relativos à negociação de Nilmar com o Lyon (FRA), em agosto de 2004. Gerou superávit de R$ 15,4 milhões.
"[A venda] proporcionou que se mantivesse o time base do ano passado, acrescentando valores", disse o vice-presidente de futebol do Internacional, Vitório Piffero.
"A cada ano o Internacional vem se sustentando desta maneira. Revela jogadores e tem que vender ao menos um."
A folha salarial aumentou um pouco em relação ao ano passado. No momento, gira em torno de R$ 1 milhão, sem contabilizar os encargos sociais. O investimento do clube no futebol já tinha subido de 2003 para 2004.
Apesar de registrado no balanço do ano passado, dois terços do pagamento pelo atacante foram recebidos em 2005, em duas parcelas. Depois do Estadual, quando o dinheiro todo já tinha entrado, aumentaram os gastos do Inter.
"Tivemos caixa para a temporada", explicou o vice-presidente de finanças, Mário Sergio Martins.
Neste ano, foram contratados 10 dos 31 jogadores que compõem o elenco do clube, segundo levantamento no site do time gaúcho.
Dentre eles, jogadores vitais para a campanha colorada: Tinga, Jorge Wagner, Gustavo, Iarley e Mossoró. Dois são titulares absolutos e três entram com regularidade na equipe.
Para se ter uma idéia da importância dos reforços, eles marcaram 27 dos 71 gols colorados no Brasileiro. Ou seja, são responsáveis por 38% dos tentos do time.
Para os dirigentes gaúchos, é normal o fato de Nilmar, hoje adversário, ter financiado o time. "Faz parte do futebol. Depois da globalização de tudo, chegou a do futebol", disse Martins.
O próprio atacante recorda com carinho seu passado no clube, onde tem amigos com quem conversa até hoje. Entre eles, estão os atacantes Fernandão e Rafael Sobis, que devem jogar hoje.
"É a primeira vez que vou jogar contra o Inter. Fiquei quatro anos lá e formei uma família", contou Nilmar. "Mas já fiz amizades no Corinthians e é pelo Corinthians que irei lutar, pois vou fazer uma família aqui também."
Tanto que o atacante promete festejar gols contra o ex-time. E minimiza a promessa dos colorados de hostilizá-los.
"É natural o torcedor ficar chateado com quem deixa o clube, mas o importante é que saí pela porta da frente."
O futuro de Nilmar ainda interessa ao Internacional, que tem o direito a 20% sobre negociações do atleta nos próximos quatro anos. Para ficar com o jogador em definitivo, o Corinthians, que o contratou por empréstimo até o meio de 2006, terá de pagar 10 milhões (R$ 25 milhões pela cotação atual).
Mas, para não ficar dependente de revelações, o clube gaúcho tenta diversificar receitas. Os espaços do Beira-Rio foram aproveitados comercialmente. E há o projeto de sócios à distância.
Ambos têm rendido dividendos e devem crescer no futuro. Mas, no duelo de hoje, foi com Nilmar que o Inter garantiu seu time.


Colaborou Kleber Tomaz, da Reportagem Local

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