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PAN-AMERICANO
Expansão do transporte de massa não sai, e especialistas prevêem tráfego saturado durante os Jogos
Sem novo metrô, trânsito ameaça parar o Rio em 2007
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Os cariocas e os turistas terão
também que superar com paciência um longo obstáculo durante a
disputa do Pan: o trânsito do Rio.
Como a prefeitura e o governo
do Estado não conseguiram expandir as redes de transporte de
massa (metrô, trem e barca), conforme haviam prometido na vitória da cidade para sediar o evento
em 2002, o Rio realizará os Jogos
com o tráfego saturado.
Especialistas em engenharia de
trânsito ouvidos pela Folha prevêem grandes engarrafamentos
nas regiões envolvidas no Pan. As
competições serão disputadas nas
quatro zonas da cidade (sul, norte, oeste e da Leopoldina).
""O cenário é preocupante. Na
atual situação, qualquer incremento de tráfego veicular do Rio
contribui para degradar o sistema, imaginem dezenas de milhares de novos usuários, como ocorrerá no Pan. A paciência será fundamental", disse o professor Licínio da Silva Portugal, que integra
o programa de engenharia de
transporte da Coppe (Coordenação dos Programas de Pós-graduação de Engenharia) da UFRJ
(Universidade Federal do Estado
do Rio de Janeiro).
"A frota atual do Rio, que é de
cerca de 1,7 milhão, já pode parar
a cidade. Pense, então, com mais
570 mil viagens, este será o número gerado pelo Pan na cidade?",
disse Fernando Mac Dowell, também professor da UFRJ.
Mac Dowell simulou o trânsito
da cidade no Pan. Nela, o trajeto
de cerca de cinco quilômetros da
Vila do Pan para a avenida Ayrton
Senna, na hora de grande movimento de veículos pela manhã em
2007, cairá de 33 km/h para 25
km/h. "Se o evento for um sucesso de público, o trânsito do Rio ficará como nos dias de chuva,
quando longos engarrafamentos
se arrastam pela cidade", disse ele,
que prevê um colapso no sistema
viário da cidade em 2009.
A região da Barra da Tijuca, onde ficarão hospedados os cerca de
7.500 atletas e dirigentes, é apontada como a região mais crítica.
Além da Vila, a área concentrará
uma série de eventos no autódromo, Riocentro e Cidade do Rock.
A expansão dos sistemas de
trem e metrô do Rio foi apontado
pelos políticos e organizadores do
evento com um dos principais
"legados" do Pan para a cidade.
Mas não sairá do papel.
O Transpan, metrô de superfície que ligaria a Barra aos dois aeroportos, era um dos trunfos do
prefeito Cesar Maia (PFL) para ter
apoio dos cariocas.
As linhas contariam com pontos de integração a ramais ferroviários do subúrbio e à linha 2 do
metrô. A primeira estação seria na
Barra. Em via elevada, quatro vagões passariam pela Vila do Pan e
seguiriam paralelamente à Linha
Amarela, até Jacarepaguá. De lá, o
percurso seria subterrâneo até o
estádio João Havelange.
Antes do Transpan, a prefeitura,
em conjunto com o governo do
Estado, tentou viabilizar a construção da linha 4 do metrô, vetada
na Justiça por não respeitar a lei
de responsabilidade fiscal.
"Como nada disto vai acontecer, é fundamental estudar esquemas alternativos", disse Portugal.
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