São Paulo, domingo, 20 de novembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PAN-AMERICANO

Expansão do transporte de massa não sai, e especialistas prevêem tráfego saturado durante os Jogos

Sem novo metrô, trânsito ameaça parar o Rio em 2007

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Os cariocas e os turistas terão também que superar com paciência um longo obstáculo durante a disputa do Pan: o trânsito do Rio.
Como a prefeitura e o governo do Estado não conseguiram expandir as redes de transporte de massa (metrô, trem e barca), conforme haviam prometido na vitória da cidade para sediar o evento em 2002, o Rio realizará os Jogos com o tráfego saturado.
Especialistas em engenharia de trânsito ouvidos pela Folha prevêem grandes engarrafamentos nas regiões envolvidas no Pan. As competições serão disputadas nas quatro zonas da cidade (sul, norte, oeste e da Leopoldina).
""O cenário é preocupante. Na atual situação, qualquer incremento de tráfego veicular do Rio contribui para degradar o sistema, imaginem dezenas de milhares de novos usuários, como ocorrerá no Pan. A paciência será fundamental", disse o professor Licínio da Silva Portugal, que integra o programa de engenharia de transporte da Coppe (Coordenação dos Programas de Pós-graduação de Engenharia) da UFRJ (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro).
"A frota atual do Rio, que é de cerca de 1,7 milhão, já pode parar a cidade. Pense, então, com mais 570 mil viagens, este será o número gerado pelo Pan na cidade?", disse Fernando Mac Dowell, também professor da UFRJ.
Mac Dowell simulou o trânsito da cidade no Pan. Nela, o trajeto de cerca de cinco quilômetros da Vila do Pan para a avenida Ayrton Senna, na hora de grande movimento de veículos pela manhã em 2007, cairá de 33 km/h para 25 km/h. "Se o evento for um sucesso de público, o trânsito do Rio ficará como nos dias de chuva, quando longos engarrafamentos se arrastam pela cidade", disse ele, que prevê um colapso no sistema viário da cidade em 2009.
A região da Barra da Tijuca, onde ficarão hospedados os cerca de 7.500 atletas e dirigentes, é apontada como a região mais crítica. Além da Vila, a área concentrará uma série de eventos no autódromo, Riocentro e Cidade do Rock.
A expansão dos sistemas de trem e metrô do Rio foi apontado pelos políticos e organizadores do evento com um dos principais "legados" do Pan para a cidade. Mas não sairá do papel.
O Transpan, metrô de superfície que ligaria a Barra aos dois aeroportos, era um dos trunfos do prefeito Cesar Maia (PFL) para ter apoio dos cariocas.
As linhas contariam com pontos de integração a ramais ferroviários do subúrbio e à linha 2 do metrô. A primeira estação seria na Barra. Em via elevada, quatro vagões passariam pela Vila do Pan e seguiriam paralelamente à Linha Amarela, até Jacarepaguá. De lá, o percurso seria subterrâneo até o estádio João Havelange.
Antes do Transpan, a prefeitura, em conjunto com o governo do Estado, tentou viabilizar a construção da linha 4 do metrô, vetada na Justiça por não respeitar a lei de responsabilidade fiscal.
"Como nada disto vai acontecer, é fundamental estudar esquemas alternativos", disse Portugal.


Texto Anterior: Futebol - Juca Kfouri: O jogo é hoje
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.