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Espiões e assédio forjaram campeões
Diretoria são-paulina monta rede de
informação para ter elenco vencedor
No início da temporada,
empresários apresentam
entre 30 e 40 atletas ao São
Paulo, que busca dados
até sobre comportamento
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
No escritório do empresário
Juan Figer, Juvenal Juvêncio,
então diretor de Futebol do São
Paulo, viu um jogador passar
pela porta aberta. Não o reconheceu, mas perguntou ao empresário quem era o atleta. Tratava-se do atacante Leandro.
Juvêncio, que fora ao local falar sobre outro negócio, quis saber a situação do jogador. Já estava quase fechado com o Fluminense. O atual presidente do
clube ligou para o auxiliar-técnico Milton Cruz e para o treinador Muricy Ramalho, que fizeram elogios ao atacante.
Mais informações colhidas, e
Juvêncio e João Paulo de Jesus
Lopes, então diretor de planejamento, passaram a seduzir
Figer e Leandro. À noite, ele fechava com o São Paulo.
Ocorrida no início do ano, a
cena é um exemplo de como foi
montado o time campeão Brasileiro de 2006.
Juvêncio (agora presidente)
e Jesus Lopes (atual diretor de
Futebol) são responsáveis pela
palavra final. Acertam valores e
condições dos contratos.
Mas, para tomar as decisões,
contam com uma rede de informantes. O principal é o auxiliar-técnico Milton Cruz, que
indica, busca dados e até faz o
primeiro contato com atletas.
Mas ainda há quatro ex-jogadores ligados ao São Paulo que
também são ouvidos. Estão espalhados pelo Brasil, e seus nomes são mantidos em sigilo.
Jogadores do próprio time e
outros membros da comissão
técnica, inclusive o técnico Muricy Ramalho, completam a lista de detetives. Só são analisados DVDs com jogos inteiros-
nada de melhores momentos.
"Procuramos informações
técnicas, físicas e de comportamento sobre os jogadores. Para
isso, o processo muda em cada
caso", diz Jesus Lopes.
Alguns atletas já foram vetados por não seguirem a conduta
esperada pelos dirigentes. Ou
seja, quem conta com noitadas,
bebidas e encrencas no currículo tem pouca chance.
Dos que passaram no teste,
boa parte chegou ao clube por
meio de empresários.
No início da temporada, os
dirigentes contabilizam entre
30 a 40 ofertas. A maioria delas
não interessa. Mas há outros
que fecham, como Ilsinho, André Dias, Miranda e Danilo.
O meia só joga no time por
indicação de seu agente, Gilmar
Rinaldi, ex-goleiro do clube.
Os outros três foram oferecidos à diretoria são-paulina
quando tinham transferências
quase fechadas com outros clubes. Todos foram observados
em jogos da Série A, e acertaram com o time do Morumbi
quando seus compromissos anteriores expiraram.
Por isso, clubes como Atlético-PR e Goiás já acusaram o
São Paulo de aliciar atletas. Os
são-paulinos admitem que colhem informações antes de
procurar os clubes.
"Mas só vamos atrás de atletas sem contrato ou com seis
meses para o fim", defende-se
Jesus Lopes.
Foi o caso do volante Josué.
Por dois anos o São Paulo quis
contar com ele, mas o Goiás pedia alto. A meses do final do seu
acordo goiano, o time paulista
assinou pré-contrato.
O Atlético-PR irritou-se ao
perder Aloísio, que gerou até
briga jurídica, vencida até agora
pelos são-paulinos.
Em todos os casos, há uma
preocupação com o sigilo.
Mineiro foi contratado na
surdina. Com medo do vazamento da notícia, Jesus Lopes
marcou encontro com o volante na casa de sua irmã. "Deve
ter um porteiro, pipoqueiro ou
um fantasma que sempre conta
as coisas que acontecem no
Morumbi", brinca.
Na moita, o São Paulo conquistou o Brasileiro-06, quarto
título da equipe em dois anos.
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