São Paulo, sexta, 20 de novembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SPARRING
Explicação "mágica'

EDUARDO OHATA
² "Ele amarelou." Essa foi a justificativa, cômoda, conveniente e simples -simplista até- que os oportunistas estão usando para explicar a derrota do brasileiro Ezequiel Paixão para o campeão Fabrice Tiozzo. É fácil culpar o pugilista e fingir que não houve mau planejamento, má preparação ou mesmo má-fé por parte de alguns.
Até torci pelo brasileiro, mas, como afirmei na coluna passada, as chances de ele retornar ao Brasil vestindo o cinturão eram quase nulas. O fato de ele nunca ter vencido um lutador da primeira linha dava a medida das suas chances. A inatividade selou o destino do brasileiro.
Mesmo assim, grande parte da imprensa abordou o desafio de maneira paternalista -um costume quando um brasileiro alcança destaque no esporte. Essa expectativa, não justificada, aumenta a pressão sobre o atleta, além de sua real capacidade.
A ilusão pode ter sido criada pela primeira posição de Paixão no ranking, o que não é difícil de ser conseguido se você tem as conexões certas (só para lembrar, "Maguila" Rodrigues chegou a segundo do mundo).
Se o que se deseja é que o Brasil volte a contar com campeões, é preciso parar de pensar nos lutadores como um investimento de baixo risco e retorno imediato. É preciso colocar os nacionais para brigar com adversários que os testem. Não é o caso de fazer uma "exibição" aqui nessa cidadezinha, depois naquela outra, para faturar alguns trocados. Nesses casos, quando se chega a uma disputa de título, a saída é aguentar a surra. Ou se jogar no chão, como já fez outro brasileiro, Giovanno Andrade, contra Johnny Tapia.
Também é preciso que as pessoas saibam distinguir patriotismo de patriotada, que não são sinônimos.
De resto, os lutadores poderiam lembrar que não é porque existe o estereótipo de que eles não exercitam o raciocínio que obrigatoriamente necessitam de alguém que pense por eles.

NOTAS

Latinos 1
A Confederação Brasileira está oferecendo os serviços de seu departamento jurídico aos irmãos Freitas -Acelino e Luís Cláudio-, para que resolvam os problemas legais com o empresário Arthur Pellulo. Segundo os brasileiros, eles desejam quebrar o contrato (que vence em março de 99) com o norte-americano porque este não agendava lutas para eles (e chegaram a adotar o mexicano Ricardo Maldonado como seu novo agenciador). O Conselho Mundial, após examinar o contrato, tomou partido de Pelullo e ameaça os Freitas com boicote, entre outras coisas, caso não honrem o contrato. A avaliação da entidade, porém, pode estar contaminada pelo fato de seu presidente, Jose Sulaiman, e Maldonado serem inimigos.

Latinos 2
O cubano Diobelis Hurtado substitui Miguel González, contundido, na disputa do título dos meio-médios-ligeiros do Conselho Mundial, no dia 28.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.