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SPARRING
Explicação "mágica'
EDUARDO OHATA
²
"Ele amarelou." Essa foi a justificativa, cômoda, conveniente
e simples -simplista até- que
os oportunistas estão usando
para explicar a derrota do brasileiro Ezequiel Paixão para o
campeão Fabrice Tiozzo. É fácil
culpar o pugilista e fingir que
não houve mau planejamento,
má preparação ou mesmo má-fé
por parte de alguns.
Até torci pelo brasileiro, mas,
como afirmei na coluna passada, as chances de ele retornar ao
Brasil vestindo o cinturão eram
quase nulas. O fato de ele nunca
ter vencido um lutador da primeira linha dava a medida das
suas chances. A inatividade selou o destino do brasileiro.
Mesmo assim, grande parte da
imprensa abordou o desafio de
maneira paternalista -um costume quando um brasileiro alcança destaque no esporte. Essa
expectativa, não justificada, aumenta a pressão sobre o atleta,
além de sua real capacidade.
A ilusão pode ter sido criada
pela primeira posição de Paixão
no ranking, o que não é difícil de
ser conseguido se você tem as conexões certas (só para lembrar,
"Maguila" Rodrigues chegou a
segundo do mundo).
Se o que se deseja é que o Brasil
volte a contar com campeões, é
preciso parar de pensar nos lutadores como um investimento
de baixo risco e retorno imediato. É preciso colocar os nacionais para brigar com adversários que os testem. Não é o caso
de fazer uma "exibição" aqui
nessa cidadezinha, depois naquela outra, para faturar alguns
trocados. Nesses casos, quando
se chega a uma disputa de título,
a saída é aguentar a surra. Ou se
jogar no chão, como já fez outro
brasileiro, Giovanno Andrade,
contra Johnny Tapia.
Também é preciso que as pessoas saibam distinguir patriotismo de patriotada, que não
são sinônimos.
De resto, os lutadores poderiam lembrar que não é porque
existe o estereótipo de que eles
não exercitam o raciocínio que
obrigatoriamente necessitam de
alguém que pense por eles.
NOTAS
Latinos 1
A Confederação Brasileira está oferecendo os serviços de seu
departamento jurídico aos irmãos Freitas -Acelino e Luís
Cláudio-, para que resolvam
os problemas legais com o empresário Arthur Pellulo. Segundo os brasileiros, eles desejam
quebrar o contrato (que vence
em março de 99) com o norte-americano porque este não
agendava lutas para eles (e chegaram a adotar o mexicano Ricardo Maldonado como seu
novo agenciador). O Conselho
Mundial, após examinar o contrato, tomou partido de Pelullo
e ameaça os Freitas com boicote, entre outras coisas, caso não
honrem o contrato. A avaliação
da entidade, porém, pode estar
contaminada pelo fato de seu
presidente, Jose Sulaiman, e
Maldonado serem inimigos.
Latinos 2
O cubano Diobelis Hurtado
substitui Miguel González,
contundido, na disputa do título dos meio-médios-ligeiros do
Conselho Mundial, no dia 28.
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